Alguns nos Estados Unidos estão de acordo. “Os países ricos desenvolveram suas economias à expensa de países pobres ao redor do mundo, que agora estão enfrentando, de maneira desproporcionada, o impacto climático dessas decisões dos industrializados por altas emissões”, escreveram a deputada federal Yevette Clarke e o professor Michael Shank no Newsweek.
Na Conferência sobre Clima da ONU em Copenhague em 2009, os países ricos se comprometeram que para 2020 outorgariam pelo menos 100 bilhões de dólares aos países menos ricos para apoiar seus esforços de adaptação e mitigação dos efeitos da mudança climática, mas fracassaram em cumprir com seu compromisso. Essa cifra de 100 bilhões em si é considerada muito abaixo do necessário. No ano passado, o ministro do Meio Ambiente da África do Sul sugeriu que os países ricos deveriam outorgar 750 bilhões anuais antes de 2030.
COP27 no Egito: encontro precisa debater ações reais e radicais contra crise climática
Enquanto os países preparam a próxima cúpula global da ONU sobre clima, programada para novembro, no Egito, analistas do Sul global duvidam que os países desenvolvidos começaram a fazer os investimentos necessários para ajudar a pagar pelas perdas e prejuízos da mudança climática e ajudar os países a desenvolver alternativas aos combustíveis fósseis.
O professor Saleem Huq, do Centro Internacional sobre Mudança Climática e Desenvolvimento em Dhaka, Bangladesh, participou em cada uma das cúpulas da ONU sobre mudança climática e concluiu que “são feitas promessas, decisões são tomadas, mas não são cumpridas”.
Tom Athanasiou, codiretor do Climate Equity Reference Project, diz que a contribuição individual de um país ao esforço sob os Acordos de Paris para limitar a aquecimento global a 1,5 graus Celsius para 2030, deveria ser medido tanto pelas emissões históricas desse país como também sua capacidade de agir.
O projeto de Athanasiou calcula que os Estados Unidos devem assumir responsabilidade por 30% do esforço global para reduzir o aquecimento global sob as metas do Acordo de Paris. “Isso será difícil, já estamos em 1,2 graus”, comentou em entrevista ao La Jornada. A parte que corresponde à União Europeia, afirma, é de 22%, China, 12%, América Latina, seria 6%. Ao México, por si só, corresponde aportar 1,5% do total de esforço global.
Mas tudo isso não será fácil. Para 2030, os Estados Unidos necessitam reduzir emissões em quase 200%o abaixo do nível que alcançou em 2005 (em efeito, necessita alcançar um déficit de emissões) e contribuir centenas de bilhões de dólares a cada ano para os esforços de mitigação e adaptação global.
Quanto? A empresa financeira Morgan Stanley calcula que se requer 50 trilhões entre agora e 2050 para conseguir emissões próximas de zero e que, desse total, os Estados Unidos devem aportar 15 trilhões ao esforço internacional para mitigar os efeitos da mudança climática e promover a transição para energia renovável em países mais pobres. Washington não está nem perto dessa meta.
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O México, segundo os cálculos do Climate Equity Reference Project, necessita reduzir suas emissões anuais de CO² projetadas para 2030 em aproximadamente 40% – algo obviamente muito difícil de conseguir. A maioria dos países – incluindo o México – não estão dedicando nada perto do necessário para mitigar os impactos da mudança climática e promover a transição para renováveis.
Especialistas como Huq, entre outros, dizem que a mudança necessária é impulsionada por ora por movimento locais, e que talvez a próxima cúpula mundial sobre mudança climática – conhecida como COP27 – ofereça um foro para que estes movimentos fortaleçam seus esforços para que os governos cumpram com suas responsabilidades planetárias.
Jim Cason, especial para o La Jornada.
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