Absolutamente adorável e tão bom quanto o livro: filme na Netflix é um dos momentos mais belos da história do cinema – Zonatti Apps

Absolutamente adorável e tão bom quanto o livro: filme na Netflix é um dos momentos mais belos da história do cinema

Emergindo como figura proeminente no cenário do mumblecore, Greta Gerwig capturou a atenção da audiência com sua atuação memorável em “Para Roma, Com Amor”, de Woody Allen, seguida por uma performance sincera em “Frances Ha”, um projeto em colaboração com seu parceiro criativo e esposo, Noah Baumbach. Esses papéis não apenas cimentaram sua posição na indústria cinematográfica, mas também pavimentaram o caminho para explorar sua visão diretiva, evidente em filmes notáveis como “Nights and Weekends” e o aclamado “Lady Bird”. Com uma carreira agora em ascensão e uma perspectiva artística mais refinada, Greta abraçou a chance de trazer à vida uma adaptação nova e vibrante de “Adoráveis Mulheres”, infundindo frescor em um conto atemporal com sensibilidade contemporânea.

“Adoráveis Mulheres” bebe na fonte do clássico literário de Louisa May Alcott, uma história que, apesar de suas múltiplas interpretações cinematográficas — incluindo a notável versão de 1994 com Winona Ryder —, encontra em Gerwig uma narrativa singular. O filme, que garantiu a Greta aplausos críticos e um Oscar de melhor figurino, tece a vida das irmãs March com uma delicadeza que honra a essência do original. Ambientado no turbilhão da Guerra Civil com o patriarca ausente, o enredo se desenrola ao redor da matriarca Marmee (Laura Dern) e suas quatro filhas, cada uma encarnando um espírito distinto e uma abordagem única da vida, do amor e da arte.

O charmoso e afluente vizinho Laurie (Timothée Chalamet) torna-se figura central na dinâmica das irmãs, especialmente com Jo (Saoirse Ronan), a escritora determinada e cética em relação aos convencionais laços matrimoniais. Contrapondo-se a ela, temos as várias nuances das aspirações românticas de Meg (Emma Watson), os sonhos artísticos de Amy (Florence Pugh) na aristocracia europeia e a pureza envolvente de Beth (Eliza Scanlen), uma musicista com um coração que ressoa além das teclas do piano que ela toca.

“Adoráveis Mulheres” é mais do que uma mera recontagem; é uma exploração astuta de jovens mulheres navegando pelos mares tumultuados do amadurecimento, cada uma abrigando sonhos fervorosos e enfrentando realidades intransigentes. A presença de Meryl Streep, adotando o papel da tia March, adiciona uma camada de complexidade aristocrática, enriquecendo a tapeçaria emocional que o filme tece.

O triunfo visual do filme manifesta-se esplendidamente através do figurino, uma criação da talentosa Jacqueline Durran. A paleta de cores não só complementa os tons da narrativa, mas também serve como uma extensão da individualidade das personagens: desde o vermelho ardente de Jo, simbolizando sua natureza indomável, ao verde suave de Meg, refletindo uma certa ingenuidade. A escolha meticulosa de cores para Amy e Beth completa essa rica visualização, proporcionando um espetáculo que é tanto um deleite para os olhos quanto uma representação simbólica de suas jornadas pessoais.

A decisão de Greta Gerwig de filmar em 35mm, inspirada por uma sugestão de Steven Spielberg, infunde uma qualidade atemporal à cinematografia. Cada cena brilha com a autenticidade das iluminações naturais, um tributo ao desejo da diretora de recriar a época com a fidelidade de um pintor renascentista. “Adoráveis Mulheres” consolida-se, assim, não apenas como uma homenagem ao clássico, mas como uma obra que, apesar de sua recente chegada, abraça o espectador com o conforto e a familiaridade de um velho amigo.

Em sua totalidade, “Adoráveis Mulheres” é uma celebração cinematográfica que captura a essência da jornada humana através do amor, da perda, da arte e do amadurecimento. Sob a direção sensível de Greta Gerwig, o filme não é apenas uma reconstrução de um tempo passado, mas um espelho das aspirações contemporâneas, reverberando com sinceridade e vigor em suas duas horas e quinze minutos.


Filme: Adoráveis Mulheres
Direção: Greta Gerwig
Ano: 2019
Gênero: Romance / Drama
Nota: 10/10

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