Um novo protocolo para melhorar flacidez e rugas em peles maduras foi criado por médicos brasileiros e apresentado no IMCAS World Congress 2024, o principal congresso de dermatologia e estética do mundo, realizado neste ano entre os dias 1º e 3 de fevereiro, em Paris.
A técnica consiste em aplicar um bioestimulador de colágeno e um tipo de ácido hialurônico bem fino, conhecido como skinbooster, nas áreas do rosto e corpo que estejam com a pele flácida e com linhas finas em uma mesma sessão.
“Essa nova prática surgiu a partir da necessidade das mulheres que estão no climatério ou já passaram pela menopausa e enfrentam a diminuição de hormônios como estrógeno, antiprogesterona e testosterona. Essa queda hormonal provoca uma flacidez mais acentuada e um maior ressecamento da pele”, explica a dermatologista Maria Paula Del Nero, membro da SBCD (Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica) e uma das autoras do estudo apresentado no IMCAS.
“Muitas pacientes aparecem no consultório reclamando que estão com a sensação de que a pele derreteu de uma hora para outra”, observa a médica.
O cirurgião plástico Fábio Saito, membro titular da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), diretor de educação médica da Galderma e também um dos autores do estudo, diz que os produtos utilizados já são usados há bastante tempo por médicos para o rejuvenescimento da pele, mas que a novidade neste novo protocolo é que a segurança e a eficácia deles foram comprovadas quando aplicados em uma mesma sessão.
“Nós associamos o Sculptra, que é um bioestimulador de colágeno de ácido poli-L-lático, ao Restylane Skinboosters, que é um ácido hialurônico muito leve e que não promove volume. O protocolo foi batizado de Firm & Refresh pela capacidade que esses ativos têm de dar firmeza e revigorar a pele”, afirma o médico.
Como os produtos agem na pele
Saito explica que o bioestimulador de colágeno, ao ser aplicado nos tecidos, gera uma inflamação subclínica que vai estimular a produção de colágeno na região.
Já o skinbooster é super-hidrofílico e atrai água para o tecido, ação que vai distender e ativar os fibroblastos, que são as células responsáveis pela síntese dessa proteína. Além de diminuir rugas, melhora o viço e a qualidade da pele.
“Os dois produtos agem de maneiras diferentes e complementares”, observa o cirurgião plástico.
A dermatologista Maria Paula Del Nero ressalta que em algumas áreas do rosto, como nas laterais da face, as duas substâncias podem ser aplicadas. Mas em regiões muito delicadas, como na pele ao redor dos olhos e dos lábios, só é indicado aplicar o skinbooster.
“Não injetamos bioestimulador de colágeno ao redor dos olhos nem dos lábios, pois são locais que têm a pele muito fina e que movimentamos com expressões faciais o tempo todo. Há risco de formação de nódulos por acúmulo de produto. O ácido hialurônico skinbooster é mais apropriado para essas regiões, com melhores resultados”, afirma.
Além do rosto, o protocolo com a associação dos dois produtos pode ser aplicado no pescoço, no colo, nas mãos, no abdome, nos braços e nas coxas.
Uma única sessão é capaz de gerar bons resultados, mas, dependendo do grau de flacidez do paciente, o médico pode indicar mais do que uma aplicação com ao menos um mês de intervalo, diz Del Nero.
Resultados e contraindicações
O cirurgião plástico Fábio Saito diz que o skinbooster tem o efeito imediato do ácido hialurônico, então o paciente já sai do consultório com as rugas mais suavizadas logo após o procedimento. O resultado dura até 15 meses.
O bioestimulador, por sua vez, precisa de um tempo maior para estimular o colágeno. Os resultados começam a aparecer entre 30 dias e três meses e duram até dois anos.
O tratamento é contraindicado para pessoas que têm alergia aos componentes, que tenham infecções locais e doenças autoimunes, como lúpus e vasculite —nesses casos, é preciso que a condição esteja controlada e que o médico responsável libere a paciente para fazer o procedimento.
Quando a flacidez é provocada por excesso de pele, como pode ocorrer em pessoas que emagreceram muito após cirurgia bariátrica, pode ser necessária um cirurgia plástica para remover o tecido. “O bioestimulador de colágeno pode ser aplicado antes e depois da cirurgia para obter melhores resultados, mas não é capaz de reduzir a pele em excesso”, ressalta Saito.
O protocolo exige a aplicação de ao menos um frasco de bioestimulador de colágeno, que custa em média R$ 3.000, e uma seringa de skinbooster, que sai por volta de R$ 1.000, tendo um valor estimado a partir de R$ 4.000. A quantidade de unidades de cada produto depende da necessidade da paciente e deve ser avaliada pelo médico.
Como parte da iniciativa Todas, a Folha presenteia mulheres com dois meses de assinatura digital grátis