A Prefeitura de Felício dos Santos, a 320 km de Belo Horizonte, decretou, nesta quinta (26), a suspensão de aulas e desinfecção de escolas municipais após a morte de três crianças com sintomas de dor de garganta, vômito e febre. Outras com sintomas semelhantes também foram internadas.
Até agora, seis municípios suspenderam as atividades escolares. Felício dos Santos, porém, fica em região diferente das demais cidades em que escolas foram fechadas.
Enquanto os municípios de São João del Rei, onde ocorreram as mortes, Tiradentes, Santa Cruz de Minas, Ritápolis e Conceição da Barra de Minas ficam no Campo das Vertentes, a nova cidade a suspender as aulas é localizada no Vale do Jequitinhonha.
A distância entre São João del Rei e Felipe dos Santos é de 540 km. A reportagem entrou em contato com a prefeitura da cidade para informações sobre o número de casos, mas não teve resposta até a publicação da reportagem.
Em vídeo divulgado para a população, o médico da UBS (Unidade Básica de Saúde) da cidade, Adryan dos Santos, afirma que crianças estão sendo atendidas com sintomas.
O médico acredita que os casos são de escarlatina. “Não precisa de alarde nem desespero. É uma doença relativamente tranquila de ser tratada, desde que o tratamento ocorra na fase inicial. [É preciso] não deixar agravar demais para trazer à unidade”, disse, na publicação.
O tratamento é feito com antibióticos, e a transmissão ocorre via contato com a saliva de quem já está contaminado.
Também pelas redes sociais, a secretária municipal de Educação, Eloísa Rocha, afirmou que os casos da infecção estão aumentando na cidade, o que levou a determinação da prefeitura pela suspensão das aulas na quinta (26) e sexta (27). A expectativa de retorno é na segunda (30).
Nota divulgada pela prefeitura no final da tarde afirma que não há internações na cidade por conta da bactéria e que todos os pacientes atendidos foram orientados e estão sendo acompanhados em suas residências.
A prefeitura diz ainda que a suspensão das aulas ocorreu seguindo orientação das autoridades de saúde locais e da Superintendência Regional de Saúde de Diamantina, à qual pertence o município.
Mortes
Apesar de testes iniciais feitos pelas prefeituras, a confirmação sobre qual tipo de bactéria atinge as crianças das cinco cidades só ocorre após pronunciamento da Funed (Fundação Ezequiel Dias), que pertence ao estado e é referência para exames deste tipo em MG.
As mortes em São João del Rei ocorreram em 24 de setembro, 8 e 23 de outubro.
Na declaração de óbito da primeira vítima, um menino de 10 anos, a bactéria Streptococcus pyogenes foi apontada pelo médico como causa da infecção –na ocasião, contudo, não houve coleta de material para confirmação em laboratório.
Outra bactéria do mesmo gênero, chamada Streptococcus sp. alfa-hemolítico, foi apontada como causa do adoecimento de outra criança na cidade. Uma menina de 9 anos foi internada com febre e lesões no pé, mas já recebeu alta.
Na quinta (26), duas permaneciam hospitalizadas. Nesta sexta (27), uma foi transferida para hospital em Belo Horizonte após piora no estado de saúde, segundo informou a Prefeitura de São João del Rei.
A instituição em que a criança está internada na capital não fornece informações sobre os pacientes.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado de Saúde com perguntas sobre o surgimento da bactéria em outra região do estado, mas não teve resposta. Em posicionamento recente, a secretaria afirmou que permanece acompanhando os casos.
“A SES-MG reitera que, neste momento, não há critérios que comprovem surto ou risco à saúde da população de São João Del Rei, bem como nenhuma evidência epidemiológica que justifique a alteração na rotina das atividades da população, como paralisação nas escolas”, afirmou a secretaria, em nota.
A SES-MG disse em nota, nesta sexta (27), que uma equipe do Cievs-MG (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde) vai a São João del Rei para trabalho de campo.
“As amostras relativas aos casos ocorridos no município seguem em análise para complemento das investigações epidemiológicas, tanto no laboratório referência do estado, quanto no município”, afirma a pasta.
Segundo a secretaria, neste momento não há critérios que comprovem surto ou risco à saúde da população, bem como nenhuma evidência epidemiológica que justifique a alteração na rotina das atividades da população. A secretaria afirma ainda não recomendar o fechamento de escolas.
A pasta diz ter sido notificada “sobre o surto de escarlatina em Felício dos Santos”, e que está acompanhando e orientando o município, por meio da Superintendência Regional de Saúde de Diamantina.
“A definição de surto é a situação em que há aumento acima do esperado na ocorrência de casos de evento ou doença em uma área ou entre um grupo específico de pessoas, em determinado período”, explica a secretaria.