Esta semana, a RTP2 celebra o Dia Mundial da Dança com a estreia da segunda temporada de “Danças na Cidade”, quatro curtos segmentos de dança filmados para televisão e adaptados a locais do património arquitetónico de Lisboa.
Na ficção, começa a série sueca “Finança Cega” um thriller inspirado em acontecimentos reais ocorridos no setor financeiro.
Três documentários recordam memórias e personalidades do século XX português. “A Torre de João Abel Manta: o Imaginador”, recorda a vida e obra do mais relevante produtor de imagens no período revolucionário após o 25 de abril de 1974. “Editor Contra” mostra a vida de Fernando Ribeiro de Mello, uma controversa personalidade, fundador das Edições Afrodite, que publicou uma vasta coleção de livros proibidos e censurados pelo Estado Novo. Por fim, “Dos Livros para a Enxada” descreve o que foi o “Serviço Cívico Estudantil”, criado na primavera de 1975, e o “Plano Trabalho e Cultura”, impulsionado pelo etnomusicólogo Michel Giacometti;
Entre as séries factuais, “Chernobyl”, revela a história complexa e chocante por trás do pior acidente nuclear da história, quando passam 38 anos sobre o desastre; “100 Dias na Torre Eiffel” acompanha o quotidiano do mais famoso monumento francês; e “O Irão Visto do Céu” revela as maravilhas de um país que deu origem à civilização persa.
Nas noites de cinema é exibido o filme “Nha Fala – A Minha Voz”, comédia musical do realizador guineense Flora Gomes, que conta a história de Vita uma jovem africana que ousa superar uma maldição da família; estreia “107 Mães”, do cineasta eslovaco Peter Kerekes, que retrata a difícil vida das mães numa penitenciária feminina no sul da Ucrânia; e recupera-se “A Herdade”, do cineasta português Tiago Guedes, a saga de uma família proprietária de um dos maiores latifúndios da Europa dos anos 40.
Na área da música, a RTP2 apresenta a ópera “Nerone” com encenação de Olivier Tambosi; e o concerto “Sinfonia Nº3 Heroica de Beethoven” realizado no Centro Cultural de Belém, com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, o acordeonista João Barradas, e a direção do maestro Pedro Neves.
Danças na Cidade (estreia da 2ª temporada)
RTP2, segunda, 29 de abril, 10h30, 12h55, 15h55, 20h25
Bailado
Conjunto de 4 obras curtas de dança para televisão que, em jeito de homenagem, vai buscar o nome ao emblemático festival de dança contemporânea da cidade de Lisboa que ocorreu nos anos 90 do século passado. Os coreógrafos André Cabral, Clara Andermatt, Vasco Wellenkamp e Margarida Belo Costa transformam o seu universo coreográfico adaptando-o a locais não convencionais, no património arquitetónico da cidade de Lisboa.
A Torre de João Abel Manta: o Imaginador (estreia)
RTP2, segunda, 29 de abril, 20h35
Documentário
Pelo seu contributo artístico, como cartoonista, ilustrador e “pintor” da Democracia, opositor ao regime do Estado Novo, João Abel Manta (n.1928) merece estar entre as notáveis figuras nacionais. Na primeira pessoa contamos a sua história e a do país, através dos seus cartoons e da sua obra, homenageando este arquiteto e artista notável.
Finança Cega (estreia da série)
RTP2, segunda, 29 de abril, 22h00
Série
Um thriller financeiro inspirado em acontecimentos reais, baseado no livro “Fartblinda” de Carolina Neurath, ambientado no bairro financeiro de Estocolmo.
Bea Farkas, uma jovem jornalista de economia, tem um caso secreto com o diretor de um banco, Peder Rooth. Bea sabe que isso não é profissional, o seu trabalho é investigar pessoas como ele, mas ela está apaixonada. Ambos vêm de famílias da classe trabalhadora e ambos subiram na escala socioeconómica. Ela é solteira, ele é casado com uma mulher de classe alta.
Um dia, Bea recebe a tarefa de fazer uma peça sobre o relatório trimestral do banco. Na entrevista, ambos desempenham bem os seus papéis. Tendo o cuidado de não lhe dar qualquer tratamento especial devido à sua relação, Bea faz perguntas difíceis sobre como foi possível ao banco registar perdas de crédito extremamente baixas, apesar de ser o banco especializado mais rentável da Escandinávia. Peder fica incomodado com as perguntas e tenta incentivar Bea a acompanhar a forma como o resto dos media está a cobrir a notícia. As suas críticas vão contra a corrente e as pessoas podem começar a perguntar se ela tem algo pessoal contra ele. Ou por que razão está a ser tão meticulosa.
As suas vidas pessoais e profissionais ficam presas numa complexa teia de segredos e enganos e Bea vê toda a situação como uma prova de que o seu relacionamento é insustentável. Não se pode misturar negócios com prazer.
Então algo acontece que muda tudo. Bea recebe uma denúncia anónima de que está no caminho certo em relação às perdas de crédito. O banco está envolvido em atividades questionáveis e o seu diretor está a esconder grandes problemas. Num mundo onde o estatuto é tudo e ninguém é inocente, a reportagem pode colocar muitas pessoas em risco.
Nha Fala – A Minha Voz (2002)
RTP2, segunda, 29 de abril, 23h40
Filme
Antes de partir para a Europa para continuar os estudos, Vita (Fatou N’Diaye), uma jovem africana, promete à mãe jamais cantar pois uma maldição ancestral, passada de geração em geração, ameaça de morte qualquer mulher que se atreva a cantar na família. Em Paris, Vita conhece Pierre (Jean-Christophe Dollé), um jovem e talentoso músico por quem se apaixona. Radiante de felicidade, Vita liberta-se e acaba por cantar. Surpreendido com o seu talento, Pierre convence-a a gravar um álbum. O disco torna-se um sucesso imediato. Mas Vita, horrorizada pelo peso da maldição e temendo que a mãe descubra que faltou à promessa, resolve voltar a casa, a África… para morrer. Com a ajuda de Pierre e Yano (Ângelo Torres), Vita encena a sua morte e ressurreição para provar à família e aos amigos que tudo é possível quando se tem a coragem de ousar.
“Nha Fala” significa a minha voz, o meu destino, a minha vida, o meu caminho. Quatro palavras que Flora Gomes (“Os Olhos Azuis de Yonta”, “Pau de Sangue”, “República di Mininus”) reúne para mostrar que no século XXI, às vezes, a esperança ainda se transforma em incerteza para muitos jovens africanos. Um filme que fala dos problemas com que são confrontados e que mostra como a música e o canto serão sempre símbolos de liberdade.
100 Dias na Torre Eiffel (estreia)
RTP2, terça, 30 de abril, 20h35
Série documental
O quotidiano do mais famoso monumento francês. Série documental de 3 episódios. Pela primeira vez, a Torre Eiffel abre as portas para revelar o quotidiano do monumento. Caixas, ascensoristas, mecânicos, cozinheiros, vendedores, carpinteiros, eletricistas, responsáveis pela manutenção e segurança e até montanhistas… uma grande e diversificada família de 620 profissionais trabalham diariamente na Torre Eiffel. Através dos seus olhos e da sua paixão, descobrimos como cuidam e mantêm viva a magia do mais famoso monumento francês.
Editor Contra (estreia)
RTP2, terça, 30 de abril, 22h50
Documentário
Antes do 25 de Abril de 74, as “Edições Afrodite” de Fernando Ribeiro de Mello (1941-1992) publicam uma vasta coleção de livros proibidos, apreendidos e destruídos pela Censura do Estado Novo. Depois da revolução, como continuar a “Editar contra”?
A partir do livro homónimo de Pedro Piedade Marques, o documentário de Luís Alvarães relembra a vida de Fernando Ribeiro de Mello, uma das mais controversas personalidades do século XX português, fundador das Edições Afrodite, a partir da qual, antes do 25 de Abril de 1974 publicou uma vasta coleção de livros proibidos e censurados pelo Estado Novo. Através de testemunhos e encenações o documentário evoca a ousadia e as aventuras de um editor que fez da irreverência o seu traço mais digno, antes e após a revolução, possibilitando uma aproximação às particularidades mais intrépidas do mundo da literatura portuguesa do século XX.
Dos Livros para a Enxada
RTP2, quarta, 1 de maio, 23h10
Documentário
Documentário da jornalista Sofia Leite que descreve o Serviço Cívico Estudantil e o Plano Trabalho e Cultura, impulsionado pelo etnomusicólogo Michel Giacometti.
No ano de 1974, poucos meses depois do 25 de abril, cerca de 28.000 jovens pretendem candidatar-se à universidade. São o dobro do ano anterior. Em plena conjuntura revolucionária, torna-se imperativo solucionar a dificuldade do Ensino Superior em receber tão elevado número de estudantes. Ao fim de arrastada gestação, é criado, na primavera de 1975 o Serviço Cívico Estudantil. Não durará mais de dois anos. Os “cívicos”, como são chamados, vão participar em atividades tão diversas como campanhas de alfabetização, educação sanitária, dinamização cultural e desportiva, pesquisa e recolha etnográfica, ou mesmo a construção de infraestruturas.
O documentário incide em especial sobre uma das ações do Serviço Cívico Estudantil, o Plano Trabalho e Cultura, impulsionado pelo etnomusicólogo Michel Giacometti (1929-1990). Mais de uma centena de estudantes, distribuídos por 32 brigadas, partem para o Portugal mais profundo e remoto, ao encontro do povo, na busca das tradições e valências da sua cultura ancestral. Recolhem um considerável espólio que dá origem a um museu e a várias publicações académicas. Promovendo o reencontro, mais de 40 anos depois, de alguns dos brigadistas e dos moradores das aldeias que na altura os acolheram, e recorrendo a imagens de arquivo, algumas inéditas, a fotografias e gravações dos Estudantes, a testemunhos diretos dos participantes e dirigentes do Serviço Cívico e de habitantes das aldeias com quem conviveram, e ainda a depoimentos de investigadores, o documentário da jornalista Sofia Leite relembra os confrontos e as vivências que decorreram desta experiência, inovadora em Portugal, decorrida em pleno Processo Revolucionário.
Chernobyl (estreia)
RTP2, quinta, 2 de maio, 22h50
Série documental
O pior acidente nuclear da história da humanidade. Série documental de 4 episódios.
O desastre de Chernobyl, a 26 de Abril de 1986, é considerado o pior acidente nuclear da história da humanidade, tanto em termos de vítimas como de custos. Mas a verdadeira história é ainda mais complexa, mais humana e mais chocante do que alguma vez poderíamos imaginar. Começa em 1970, numa área de floresta e pântano no norte da Ucrânia, muito perto de uma pequena aldeia que os ucranianos chamam de Chornobyl, em russo: Chernobyl. Aí uma utopia tornou-se realidade: a maior central nuclear do mundo ao lado de uma cidade modelo do comunismo soviético, Prypjat, eram a personificação das conquistas do Novo Humano.
As pessoas que se mudaram para Pripyat foram escolhidas pelas suas competências, determinação e vontade de acreditar no futuro. Todos começariam como trabalhadores da construção civil e mais tarde tornar-se-iam lojistas, enfermeiros, polícias, canalizadores, o que fosse necessário para manter a cidade em funcionamento. Eles viveram um sonho que hoje a maioria de nós dificilmente consegue imaginar.
O sonho foi destruído a 26 de abril de 1986 e é este fim trágico que a maioria recorda sobre Chernobyl e Pripyat.
A série documental de 4 episódios revela a história verdadeira, através de imagens atuais da zona de exclusão nuclear, material de arquivo da era soviética e histórias de pessoas que viveram aquela utopia e sobreviveram ao desastre, incluindo o engenheiro nuclear Nikolai Steinberg, que esteve envolvido na construção de Chernobyl e dedicou a vida à procura das verdadeiras razões do desastre; Maria Protsenko, arquiteta-chefe da cidade de Prypjat; Oleksiy Breus e Boris Stolyarchuk, trabalhadores da central elétrica que sobreviveram ao colapso do reator.
Através dos seus testemunhos, mergulhamos na Era Atómica do Império Soviético, inicialmente moldada pela crença na tecnologia e no progresso, e que rapidamente se viu envolvida em mentiras, segredo e manipulação. Declarações de especialistas internacionais, juntamente com animações detalhadas, fornecem factos e números que ajudam a compreender a dimensão dos acontecimentos: desde a construção da central nuclear, no início da década de 1970, passando pelo colapso da União Soviética, em 1991, até aos arautos da atual tragédia ucraniana/russa.
O Irão Visto do Céu
RTP2, sexta, 3 de maio, 20h35
Série documental
As maravilhas de um país que deu origem à civilização persa. Série documental de 2 episódios.
O Irão visto de um ponto de vista único: do céu. Com acesso exclusivo a locais importantes e autorizações excecionais para filmagens terrestres e aéreas, a série documental de 2 episódios mostra pela primeira vez as maravilhas naturais e culturais do Irão, um país que deu origem a toda uma civilização: a persa.
Nos últimos anos, o país abriu-se ao mundo, mas permanece um mistério. A série revela os esplendores do Irão e leva-nos ao coração da sua população, entre sequências aéreas e retratos íntimos. O Irão exibe os extremos geográficos e climáticos de um continente inteiro. As férteis terras altas abrigam as maiores e mais importantes cidades e locais culturais da história persa. Entre paisagens eternas e novas geografias moldadas pelo homem, percorremos o campo e as cidades, para descobrir uma população que personifica tanto o Irão tradicional como um país em constante evolução. Alternando entre retratos de mulheres, homens e tradições, em lugares tão diversos como regiões áridas, aldeias de montanha ou sítios históricos, como Isfahan, Tabriz ou Teerão, a série mostra um caleidoscópio do Irão de hoje.
107 Mães (2021) – estreia
RTP2, sexta, 3 de maio, 22h50
Filme
Filme do cineasta eslovaco Peter Kerekes que retrata a difícil vida das mães numa penitenciária feminina no sul da Ucrânia.
Lesya cometeu um crime passional e foi condenada a sete anos de prisão. Numa das penitenciárias femininas de Odessa, acaba de dar à luz o seu primeiro filho e entra num mundo habitado apenas por mulheres: presidiárias, enfermeiras e guardas, mulheres de todas as idades, esposas e viúvas, filhas, irmãs, mulheres grávidas e também mulheres com filhos. Se não fosse pela cor do uniforme, por vezes seria difícil perceber quem é quem.
No Centro Correcional de Odessa nº74, as crianças nascidas na prisão podem permanecer sob os cuidados das mães encarceradas, mas apenas até aos três anos de idade. O cineasta Peter Kerekes passou vários anos no matriarcado incomum de uma prisão habitada por presidiárias, guardas e crianças. Através de entrevistas e dramatizações marcantes em que as mulheres interpretam versões de si mesmas, surge uma colaboração surpreendente, retratando a dura realidade do crime e da punição. Dentro das paredes da prisão, as esperanças e tristezas de cada dia expõem o custo humano da lei do país.
Arrigo Boito: Nerone (estreia)
RTP2, sábado, 4 de maio, 22h00
Ópera
Ópera em 4 actos, com encenação de Olivier Tambosi.
Os libretos de Arrigo Boito (1842-1918), incluindo os de Otello e Falstaff de Giuseppe Verdi (1813-1901), são algumas das realizações mais notáveis da história da ópera e a sua própria ópera completa Mefistofele está presente nos palcos mundiais. Arrigo Boito começou a trabalhar na ópera “Nerone” em 1862, mas, lutando para a completar, acabou por a deixar inacabada durante várias décadas. Tornou-se o trabalho da sua vida, mas foi somente após a sua morte que o maestro Arturo Toscanini (1867-1957) criou uma versão performativa. A estreia mundial foi realizada no teatro alla Scala de Milão em 1924.
A Herdade (2016)
RTP2, na noite de sábado para domingo, 5 de maio, 0h35
Filme
Filme do cineasta português Tiago Guedes (“Restos do Vento”, “Diálogos Depois do Fim”, “Tristeza e Alegria na Vida das Girafas”), a saga de uma família proprietária de um dos maiores latifúndios da Europa dos anos 40.
A saga de uma família proprietária de um dos maiores latifúndios da Europa, na margem sul do rio Tejo, convida-nos a mergulhar profundamente nos segredos da sua Herdade, fazendo o retrato da vida histórica, política, social e financeira de Portugal, dos anos 40, atravessando a Revolução do 25 de Abril até aos dias de hoje.
Sinfonia Nº3 Heroica de Beethoven (estreia)
RTP2, domingo, 5 de maio, 23h05
Concerto
Centro Cultural de Belém. Orquestra Metropolitana de Lisboa.
A música desperta impressões de lugares próximos e distantes, de tempos passados e futuros. Porém, venha de onde vier, é um fenómeno presente, próprio do momento em que acontece. Os compositores sabem isso bem. Este programa junta duas obras que, à distância de dois séculos, dialogam explicitamente com o mundo que as rodeia. A Heroica de Beethoven retratava em 1804 a luta do indivíduo por uma causa maior, fruto de uma idealização profundamente romântica. Já em 2019, Pedro Lima percorreu os horizontes da sua geração, tremidos pela crise climática, pela distopia digital e pela ameaça de um fim iminente. Pelo meio, Luís Tinoco estreia mais um concerto para solista e orquestra. Depois da trompa, do saxofone, do clarinete e do violoncelo, é chegada a vez do acordeão.