Redes sociais têm que divulgar como funcionam seus algoritmos, diz relator do PL das Fake News – Zonatti Apps

Redes sociais têm que divulgar como funcionam seus algoritmos, diz relator do PL das Fake News


Deputado Orlando Silva participou de audiência no STF sobre Marco Civil da Internet; mecanismo restringe debate ao filtrar conteúdo, diz. Ministros querem responsabilização de plataformas. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) defendeu nesta terça-feira (28) que as redes sociais detalhem o funcionamento de algoritmos que recomendam conteúdos aos usuários.
Silva é relator do projeto de lei das Fake News, que tramita na Câmara. O texto já passou pelo Senado, mas teve urgência rejeitada no ano passado pelos deputados.
O deputado participou nesta manhã de uma audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o Marco Civil da Internet.
“O debate que fazemos sobre algoritmo de recomendação, que está no núcleo da atividade econômica e que incide sob a dinâmica social, precisa ser de conhecimento público”, afirmou o deputado.
O parlamentar destacou que “não é razoável conviver num ambiente em que o algoritmo seleciona quem pode ouvir ou não, quem pode particular do debate público ou não”.
“Se formam as chamadas ‘bolhas’. Por isso tenho absoluta convicção de que é um desafio do congresso nacional que garanta transparência na operação das plataformas digitais, que devemos nos inspirar em conquistas civilizatórias”, ressaltou o deputado.
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Responsabilização das redes
Na abertura do seminário, ministros do STF e do governo defenderam a atualização do Marco Civil com o objetivo de estipular regras para a atuação das plataformas em relação a conteúdos que atentam contra a democracia e a dignidade dos usuários.
O ministro Alexandre de Moraes chamou o atual modelo de ineficiente e falido.
“Não é possível que só por serem instrumento e depositárias de informação, elas (redes sociais) não sejam responsáveis”, afirmou. “Temos que aprofundar essa discussão. Há necessidade da melhoria da autorregulação”, declarou.
O ministros Luís Roberto Barroso destacou em sua fala como as redes servem de instrumento para a desinformação, os discursos de ódio, os assassinatos de reputação e as teorias de conspiração.
“A liberdade de expressão é um direito fundamental precioso, essencial para democracia, para a busca da verdade possível em uma sociedade aberta e plural. Porém, desinformação, mentira deliberada, discurso de ódio, ataque à democracia e incitação à prática de crime violam os três fundamentos que justificam a proteção da liberdade de expressão”, afirmou.
O advogado-geral da União, Jorge Messias, destacou a urgência da discussão sobre a responsabilização das plataformas.
“Inegável é a necessidade de se impor mais responsabilidade e se exigir proatividade da plataforma digitais na inibição de ilícitos a partir de parâmetros claros como a manifesta prática de crimes”, afirmou o ministro.
Plataformas
As plataformas negaram omissão no combate à desinformação nas redes sociais.
Rodrigo Ruf Martins, gerente jurídico do Facebook, citou parceria com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições e a colaboração na identificação de vândalos durante os ataques de 8 de janeiro.
“Essa colaboração demonstra o auxílio que a empresa deu às investigações, e que não há anonimato na internet. Os agentes foram identificados e estão sendo processados”, afirmou. “Não houve omissão da empresa no combate ao conteúdo violador durante as eleições e também no 8 de janeiro”, disse.
Guilherme Cardoso Sanchez, advogado da Google Brasil, negou que a empresa aguarde decisões judiciais para remover conteúdos das plataformas.
Segundo ele, aumentar a responsabilidade civil das plataformas “não é a chave para uma internet segura”.
Responsabilizar as plataformas como se elas próprias fossem as autoras dos conteúdos que elas hospedam levaria a um dever genérico de monitoramento de todo conteúdo produzido pelas pessoas, desnaturando completamente o plural da internet”, afirmou.

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