A cidade de São Paulo registrou 43,1 mil novos casos de dengue em uma semana, de acordo com dados do boletim da SMS (Secretaria Municipal de Saúde) publicado nesta segunda-feira (3).
O dado é obtido através da comparação de casos de dengue registrados entre a semana epidemiológica 20 (entre 12 de maio e 18 de maio) e a semana 21 (entre 19 e 25 de maio). Os números registrados pela SMS consideram ainda casos represados de semanas anteriores.
Desde o início do ano, São Paulo registrou 412.778 casos e 194 mortes confirmadas pela doença, de acordo com dados provisórios até o dia 29 de maio. Entre as duas semanas anteriores, a cidade havia registrado 42,3 mil novos casos.
Para Alexandre Naime Barbosa, infectologista e professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu, os registros ainda apontam para uma distância do platô (estabilidade de casos antes da queda) mencionada à Folha pelo responsável pela Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde), órgão ligado à SMS, Luiz Artur Caldeira.
“Em comparação com a segunda quinzena de abril e as subsequentes e o período de maio, houve um aumento significante, porque o aumento superou a ordem de 30 a 40%”, diz o médico.
Variações de até 10% podem ser consideradas “dentro da margem de erro”, mas acima disso, considera-se que houve um aumento significante, afirma Barbosa.
Os números, no entanto, podem começar a cair de maneira notável nas próximas semanas, com o auxílio do tempo mais frio dentre os fatores. Temperaturas mais altas são determinantes para a sobrevivência e a procriação do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue.
“A queda será bastante acentuada por isso e também devido a um esgotamento das pessoas suscetíveis. O anticorpo imediatamente após ter dengue na fase aguda é o anticorpo da classe igM, que protege um pouco contra outros sorotipos nos primeiros seis meses após a infecção”, diz o infectologista.
A incidência de dengue na capital paulista chega a 3.438,2 por 100 mil habitantes, número onze vezes maior que o considerado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para designar uma epidemia (300 casos por 100 mil habitantes). Na capital, todos os bairros estão em epidemia de dengue.
Os distritos com menores incidências de dengue são Jardim Paulista (583,7), Moema (719,5), Saúde (805,7), República (718,6) e Vila Mariana (896,5).
Do outro lado, entre as maiores incidências estão Jaguara (12.698,3), São Miguel (12.103,5), Perus (7.058,1), Vila Jacuí (7.340,0), Guaianases (7.502,6).
Os casos da cidade de São Paulo ultrapassam o número de casos em todo o ano de 2015, recorde até então da doença. Na época, a capital encerrou o ano com 103.186 casos.
Para especialistas, a explosão de casos no Brasil tem relação com crescimento desordenado das cidades e a precariedade de serviços e de infraestrutura básica, como saneamento e limpeza urbana. O Brasil registrava 5,4 milhões de casos prováveis até a sexta-feira (31) e 3.254 mortes por dengue.