Na hora de escolher um contraceptivo, a mulher deve levar em consideração os efeitos colaterais do medicamento ou do dispositivo, além das contraindicações de uso. Cada corpo é único e antes de optar por um método, deve-se passar por um médico especialista e avaliar todos os prós e contras.
Pílulas, preservativos, dispositivos intrauterinos (DIU), implantes, anel vaginal e adesivos são alguns dos métodos contraceptivos disponíveis no mercado. Para escolher, muitas mulheres costumam pedir indicações a amigas ou familiares, o que é errado.
“Não adianta conversar com a amiga e perguntar qual é melhor método para ela, porque vocês são diferentes. Tem que ter essa conversa bem aberta e sincera com o seu médico, para jogar o lado bom e ruim na mesa”, explica a ginecologista Aparecida Ikegiri em entrevista ao podcast Modo de Viver.
Segundo a especialista, os contraceptivos têm contraindicações que precisam ser levados em conta. Os medicamentos com estrogênio, como a pílula anticoncepcional, não podem ser usados por pessoas que têm enxaqueca, por exemplo. O método também não é recomendado para quem tem histórico de trombose, hipertensão e câncer de mama.
Por causa dos efeitos colaterais, o DIU (dispositivo intrauterino) — que é inserido no útero e tem duração de cinco a dez anos — não é indicado para mulheres que têm endometriose, adenomiose, miomas e que fazem uso de medicações anticoagulantes. Os dispositivos também são contraindicados para pacientes que fizeram cirurgia bariátrica e que têm tendência à anemia.
Para Aparecida Ikegiri, quando for escolher um contraceptivo, é preciso avaliar ainda em qual fase de vida a mulher está. Deve-se pensar, por exemplo, na taxa de falha do método, porque uma adolescente ou jovem adulta quer ter certeza que está protegida, mas uma pessoa que já pensa em engravidar pode optar por um método com uma eficácia menor.
“Às vezes a paciente tem 33 anos e quer colocar um DIU, mas pensa em engravidar. Será que não é hora de soltar o controle?”, diz.
Para quem não quer ter filhos em nenhum momento da vida, há os métodos permanentes, como vasectomia para homens e laqueadura para mulheres. Em 2023, o SUS (Sistema Único de Saúde) liberou esses procedimentos para pessoas maiores de 21 anos.
“A vasectomia é um procedimento muito simples, mas os homens saem correndo”, diz. Segundo ela, esse público associa o procedimento a perda da virilidade, mas é uma forma de tirar da mulher a responsabilidade de proteção.
Qual o método preferido das jovens?
Ao contrário do que se possa pensar, as jovens continuam optando pelo preservativo ou pela pílula quando decidem usar um método contraceptivo. No entanto, cada vez mais pessoas estão entendendo os benefícios dos contraceptivos reversíveis de longa duração, como um DIU ou implantes hormonais no braço.
Os métodos anticoncepcionais usados por mulheres em idade reprodutiva diferem substancialmente por estado civil, idade e região, conforme um estudo publicado em 2022 na revista científica The Lancet.
De acordo com a pesquisa, em todo o mundo diminuiu o uso de métodos tradicionais menos eficazes, como o do calendário, enquanto aumentou o uso de preservativos, pílulas, implantes, esterilização feminina e outros meios.
Especificamente, os preservativos e a pílula foram os métodos contraceptivos mais comuns entre adolescentes de 15 a 19 anos, enquanto os métodos de longa duração, conhecidos pela sigla LARC, foram mais comuns entre mulheres de 20 a 49 anos, segundo o estudo.
As mulheres têm optado mais pelo uso do DIU como método de prevenção à gravidez indesejada. Na cidade de São Paulo, a inserção do dispositivo de cobre aumentou de 7.731 em 2019 para 11.299 em 2023, de acordo com dados do DataSUS.
O dispositivo, que tem formato da letra T, está entre os métodos mais confiáveis para evitar gestações não planejadas. Estudos apontam que as taxas de proteção são superiores a 99%.