O tratamento contra o câncer de mama varia de acordo com o tipo e estágio do tumor. Algumas opções disponíveis são quimioterapia, cirurgia, radioterapia e hormonioterapia.
Uma paciente pode fazer, por exemplo, cirurgia para remoção parcial ou completa da mama, combinado com quimioterapia, para destruir células cancerígenas, e hormonioterapia, para bloquear a produção de hormônios que estimulam o crescimento do tumor.
Ainda há muitas dúvidas em relação aos tratamentos disponíveis, por isso, a Folha procurou especialistas para entender os principais métodos utilizados para enfrentar a doença.
Cirurgia
A cirurgia para o tumor mamário pode ser total (mastectomia) ou parcial (conservadora), ou seja, a paciente pode retirar toda a mama ou somente a parte em que esteja o tumor.
Chefe do serviço de mastologia do Hospital São Vicente de Paulo, no Rio de Janeiro, Juliana Kamache explica que a cirurgia é realizada em todas as pacientes com tumores não metastáticos (quando o câncer ainda não saiu da mama e se espalhou para outras partes do corpo, como pulmões e fígado).
O que vai definir um procedimento total ou parcial é o tamanho do tumor. Se estiver maior e em várias partes da mama e axila, será necessária uma cirurgia mais radical, por exemplo.
Além disso, segundo a médica, quando o câncer é mais agressivo e o tumor está muito grande, a paciente passa por sessões de quimioterapia antes da cirurgia. Caso ela não responda ao tratamento, pode ser indicada radioterapia.
“Nesses casos, o objetivo é diminuir o tumor para que a gente consiga operar. São raros os casos em que o tratamento pré-cirurgia não é eficaz”, diz.
No caso de tumores metastáticos (quando já se espalhou para outros órgãos do corpo), é preciso avaliar o quadro de saúde de forma individual para que seja encontrado o melhor tratamento, que pode incluir cirurgia, em alguns casos, mas geralmente é combatido também de outras formas.
Radioterapia
A radioterapia é um tratamento oncológico que utiliza radiação ionizante para destruir células tumorais. Em geral, são divididas em duas modalidades principais:
- Radioterapia externa (teleterapia): quando a radiação é direcionada à área afetada —no caso, a mama— por meio de um equipamento que gera um feixe de radiação
- Braquiterapia: neste método, uma fonte radioativa é colocada em contato ou próxima ao tumor, para irradiar também uma área mais localizada
Segundo o radio-oncologista Gustavo Nader, do Hospital Sírio-Libânes, a radioterapia é indicada principalmente após a cirurgia, de forma complementar ao tratamento. Também pode ajudar no alívio de sintomas em casos de câncer metastático.
“Nos casos metastáticos, a radioterapia faz um papel paliativo para controle dos sintomas, como dor e sangramento, ou para eliminar focos da doença”, afirma.
O médico detalha ainda que os efeitos colaterais da radioterapia podem incluir sensibilidade na área tratada, que pode ficar avermelhada e, em alguns casos, pode ocorrer descamação. Também pode ocorrer coceira na região irradiada e algum grau de desconforto e dor na mama.
De modo geral, os efeitos colaterais da radioterapia são mais leves e localizados em comparação com os da quimioterapia, e a maioria das mulheres não precisa fazer grandes alterações na rotina durante o tratamento.
Quimioterapia
A quimioterapia é um tratamento que utiliza medicamentos para destruir células cancerígenas. Podem ser administrados antes ou após a cirurgia, a depender do caso, de forma oral ou endovenosa (na veia).
“A quimioterapia e a radioterapia são duas formas absolutamente distintas de tratamento”, afirma o oncologista clínico Artur Katz, do Hospital Sírio-Libanês.
Enquanto a radioterapia trata somente a área que é dirigida, sem oferecer uma cobertura global, a quimioterapia procura perseguir e destruir células cancerígenas em todo o corpo.
O tratamento é indicado para cânceres mais agressivos e que têm potencial de se espalharem para outras partes do corpo e da própria mama.
Com relação aos efeitos colaterais, as pacientes podem enfrentar fadiga (grande cansaço, desânimo), queda de cabelo (alopecia), infertilidade, enjoo, vômito, lesões da boca, dores musculares e diarreia.
Hormonioterapia
A hormonioterapia é um tipo de tratamento usado exclusivamente em mulheres com tumores hormonais, ou seja, quando o estrogênio e progesterona estimulam o crescimento do câncer. Assim, os medicamentos bloqueiam a produção desses hormônios.
“Esse tratamento envolve medicamentos orais, injeções intramusculares e, em alguns casos, procedimentos como a ablação ovariana, ou seja, a interrupção temporária ou definitiva do funcionamento dos ovários”, explica Artur Katz.
Os efeitos colaterais da hormonioterapia podem incluir dores nas articulações, ganho ou perda de peso, fadiga, perda de libido e osteoporose (ossos mais finos e porosos, o que pode causar fraturas).
Terapia-alvo e imunoterapia
Existem pacientes diagnosticadas com um tipo de tumor chamado de carcinoma HER2 positivo. No câncer de mama, a terapia-alvo costuma atuar contra esse câncer.
A proteína HER2 promove o crescimento das células mamárias. No câncer, essa proteína é encontrada em excesso em células cancerígenas, o que estimula o crescimento da doença.
Já a imunoterapia trabalha para que o próprio sistema imunológico da paciente ataque o tumor. É utilizado em subtipos específicos de câncer de mama, especialmente em tumores chamados triplo-negativos, que não expressam receptores de estrogênio, progesterona ou da proteína HER2.
O que o SUS oferece?
Segundo o Ministério da Saúde, para o tratamento de câncer de mama, o SUS (Sistema Único de Saúde) oferece todos os tipos de cirurgia, como mastectomias, cirurgias conservadoras e reconstrução mamária, além de radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e tratamento com anticorpos (imunoterapia).
No SUS, a mulher diagnosticada com câncer de mama deve receber o primeiro tratamento no prazo de até 60 dias a partir do dia em que for firmado o diagnóstico.
Esta reportagem faz parte de projeto desenvolvido com apoio do Hospital Sírio-Libanês