A exactidão do rastreio do cancro da próstata através do antigénio específico da próstata (PSA) pode ser melhorada se forem tidos em conta os fatores genéticos que causam alterações nos níveis de PSA que não estão associados ao cancro, de acordo com um estudo multicêntrico conduzido pela UCSF (Universidade da Califórnia de San Francisco) e pela Universidade de Stanford nos Estados Unidos.
O estudo, que abrangeu mais de 95.000 homens sem cancro da próstata diagnosticado, identificou mais de 80 novas variantes associadas ao PSA. Os investigadores utilizaram estes novos dados para criar uma pontuação poligénica do genoma para o PSA, medindo a predisposição genética de um indivíduo com base em variações genéticas.
A pontuação poligénica captou a predisposição genética de cada indivíduo para níveis elevados de PSA, afirma Rebecca Graff, ScD, professora assistente da UCSF no Departamento de Epidemiologia e Bioestatística e uma das autoras principais do estudo. A pontuação poligénica foi fortemente associada aos níveis de PSA em coortes (grupo de pessoas, usado em estudos ou em investigação, que possuem características em comum) de validação e não foi associada ao cancro da próstata, confirmando que reflete uma variação benigna do PSA.
Os níveis de PSA representam o principal bio marcador de diagnóstico do cancro da próstata. Este teste é amplamente utilizado, mas não está atualmente implementado como parte de um programa de rastreio formal, conforme afirmou Linda Kachuri, PhD, MPH, uma antiga bolseira de pós-doutoramento no Departamento de Epidemiologia e Bioestatística da UCSF e principal autora do estudo. E acrescentou que, devido à sua fraca sensibilidade e especificidade, os testes de PSA podem muitas vezes levar à deteção de doenças latentes ou, em alguns casos, à não deteção de tumores agressivos.
Para examinar se a pontuação poligénica poderia melhorar a deteção de doenças clinicamente significativas e reduzir o sobre diagnóstico, os investigadores aplicaram o fator de correção da pontuação poligénica a uma coorte da Kaiser Permanente e estimaram os efeitos deste ajustamento nos limiares de PSA utilizados para a indicação para biópsia.
A aplicação de uma correção aos níveis de PSA melhorou a precisão das decisões de encaminhamento para biópsia. Cerca de 30% dos homens poderiam ter evitado a biópsia, embora os níveis de PSA ajustados tivessem deixado passar cerca de 9% das biópsias positivas. A maioria destes últimos cancros eram doenças de baixo grau que não necessitavam de tratamento, mas ainda há espaço para melhorar a pontuação poligénica.
Ficou demonstrado que a correção genética dos níveis de PSA tem o potencial de reduzir as biópsias desnecessárias e de melhorar a capacidade de detetar tumores com um perfil mais agressivo, comentou Kachuri, esperando que os resultados representem um passo em frente no desenvolvimento de diretrizes de rastreio informativas e na redução da área cinzenta de diagnóstico no rastreio do PSA.
Embora o estudo fosse muito grande, quase 90% dos participantes eram de ascendência predominantemente europeia. De acordo com Kachuri, isto representa uma limitação fundamental, porque a composição do estudo não reflete totalmente a população de doentes afetada pelo cancro da próstata pelo que será necessário realizar mais estudos abrangendo outras populações.
ALERT Life Sciences Computing, S.A.