Criados como animais infantis antropomórficos, os robôs ganhavam vida e basicamente perseguiam o segurança noturno do lugar – ou seja, você! Com o sucesso do primeiro jogo e sua transformação em série, Cawthon criou uma mitologia macabra, em que crianças assassinadas pelo dono da pizaaria tinham seus corpos colocados nas máquinas, posteriormente animadas por suas almas amaldiçoadas.
A trama bobinha colou, em especial pelo design das figuras imensas, construídas como um urso, um coelho, uma galinha e uma raposa. O visual fofo constrastava com a violência absurda do jogo, explorada em um clima agudo de suspense como nos melhores exemplares de “Resident Evil”, somado a sustos rápidos que faziam os jogadores saltarem nas poltronas. Mais de uma dúzia de continuações seguiram o rastro de “Five Nights at Freddy’s”, consolidando o fenômeno.
Quando gameplays e cosplays ajudaram a popularizar ainda mais o jogo na internet, e ele expandiu sua mitologia em livros e revistas em quadrinhos, Hollywood já estava de olho, com uma adaptação colocada em desenvolvimento em 2015. De lá para cá, um punhado de roteiristas e diretores tentaram traduzir o clima anárquico do game para a narrativa cinematográfica, mas sempre esbarravam na presença constante de Cawthon, que terminou assinando o roteiro e a produção do filme.
Aqui vale ressaltar uma regra que vale apara a vida: videogames (ou livros, ou histórias em quadrinhos) não são cinema, e seu conceito precisa ser adaptado para outra mídia de forma coerente. No caso de “Five Nights at Freddy’s”, coerência passou longe. A diretora Emma Tammi demonstra total inépcia para encontrar o tom certo, e seu trabalho termina como um suspense sem suspense, com cenas de terror que não assustam, em uma tentativa de ser divertido que, bom, nunca é.
A trama segue Mike Schmidt (Josh Hutcherson), que vive sozinho com a irmã mais nova, Abby (Piper Rubio), e topa o emprego de segurança noturno na antiga pizzaria Freddy Fazbear para garantir um teto sobre sua cabeça. O lugar está abandonado desde os anos 1980, e logo uma policial esperta (Elizabeth Lail) surge para convenientemente lhe contar toda a história do lugar, sobre crianças desaparecidas e o dono que nunca foi acusado de nada.