Sensação de tontura e falsa impressão de que o ambiente se movimenta ao seu redor — esses são os sintomas característicos da vertigem.
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O problema é causado, na maioria das vezes, por danos no labirinto, parte interna do ouvido associada à audição e ao equilíbrio, ou no nervo vestibular, bem como por alterações do sistema nervoso, explica a otorrinolaringologista Roberta Pilla, membro da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial).
“São exemplos a vertigem paroxística posicional, a doença de Ménière, a neuronite vestibular, disfunções do labirinto por alterações metabólicas (diabetes, dislipidemia), medicamentos, doenças cervicais e cardiovasculares. Outras causas podem incluir enxaqueca, isquemias vasculares (principalmente no sistema vertebrobasilar — tronco encefálico), tumores cerebrais e região ângulo pontocerebelar, como o schwannoma do nervo vestibular.”
O otorrinolaringologista Bruno Borges, também da ABORL-CCF, diz que, apesar do consumo de cafeína ser comumente associado a tontura e vertigem, dificilmente é a causa do problema. Pode, ainda, haver a recomendação de diminuição da ingestão do produto quando há o diagnóstico, pois o labirinto já se encontra “sensível“, e o excesso da substância potencializa a tontura.
Mais comum a partir dos 40 anos, o problema deve ser tratado a partir de sua causa, orienta Borges. No entanto, as redes sociais tentam achar alternativas que, em vez de trazer benefícios, podem ser danosas aos pacientes.
No TikTok, circulam vídeos que mostram a inserção de uma bexiga no nariz, que é preenchida com ar dentro do órgão, apresentando o método como um tratamento para o problema.
Borges alerta para o fato de que não existe nenhuma comprovação científica sobre a efetividade da técnica. “Não há relação fisiológica nem proximidade com o labirinto. Há risco de fratura do septo nasal, sangramentos importantes de vasos sanguíneos calibrosos e até de fístula liquórica [vazamento do líquido que envolve o cérebro] e meningite.”
Roberta complementa que a suposta alternativa, conhecida como liberação craniofacial na quiropraxia, não tem indicação médica real para tratamento de tontura nem vertigem e é absolutamente contraindicada para tal.
A vertigem
Embora possam ser confundidas, tontura, vertigem e labirintite não são a mesma coisa. Borges descreve as diferenças:
• a vertigem é a falsa sensação de que as coisas se movimentam ao nosso redor, sendo gerada pelo labirinto. Normalmente, vem associada a queixa de zumbido e alterações auditivas;
• a tontura é relacionada à sensação de desequilíbrio e também pode ser descrita como uma sensação de estar flutuando, de fraqueza e até mesmo de desmaio. A tontura pode ter origem neurológica, cardíaca e até mesmo emocional;
• o termo labirintite é usado popularmente, mas de maneira errada, para descrever as doenças do labirinto. A labirintite verdadeira é uma infecção por uma bactéria no labirinto que causa inflamação e é rara, representando menos de 0,5% dos casos de vertigem. Essa é uma doença grave, que pode evoluir para perda de audição irreversível, e necessita de tratamento de urgência.
O diagnóstico de vertigem é feito a partir do histórico clínico do paciente e de exames complementares para sua confirmação.
Entre os que podem ser solicitados, estão a vectoeletronistagmografia, o video head impulse test, a eletrococleografia, testes vestibulares e neurológicos, como a avaliação de nistagmo, a manobra Dix-Hallpike, testes posicionais, testes de pares cranianos e testes de pressão sanguínea ortostática.
Os tratamentos para vertigem podem incluir manobras de reposição, reabilitação vestibular e controle com medicações. Uma boa qualidade de sono, de alimentação e atividade física regrada auxiliam na diminuição dos sintomas, recomendam os especialistas.