Como a Marvel passou de exemplo de sucesso a marca em crise – Zonatti Apps

Como a Marvel passou de exemplo de sucesso a marca em crise

Sem uma âncora, a Marvel passou a experimentar outros atores e personagens, ainda sem sucesso. Oscar Isaac encabeçou a série “Cavaleiro da Lua” em uma trama que funcionaria bem melhor com a metragem de um longa. “Mulher-Hulk”, que acertou em cheio como comédia em metalinguagem, mostrou-se desconexa desse universo, funcionando com regras próprias. Chadwick Boseman, o Pantera Negra, que parecia o herdeiro natural para a liderança, morreu tragicamente em 2020.

“As Marvels”, que estreia mundialmente no cinema essa semana, carrega nos ombros o peso de determinar uma direção para o futuro do estúdio. Não que este não esteja traçado, mas a resposta do público pode acelerar planos, pode enterrar outros. É uma responsabilidade injusta, já que a única coisa que importa para a plateia é se o filme trará duas horas de entretenimento pop. A diretora Nia DaCosta, que fez o ótimo terror “A Lenda de Candyman”, traz as credenciais que podem conduzir essa mudança. Amanhã, nesta coluna, escrevo minhas impressões.

Ryan Reynolds (ou um dublê, vai saber…) enfrenta Hugh Jackman nas filmagens de ‘Deadpool 3’ Imagem: Reprodução

É muito cedo, por óbvio, alardear a “morte” da Marvel, ou mesmo o fim da era dos super-heróis na cultura pop. O conceito dos personagens poderosos dos gibis encontra-se emaranhado no zeitgeist, com os jovens problemáticos da série “Gen V” testando os limites do gênero, e animações como “Invencível” explorando novas possibilidades. Isso sem falar da revolução consolidada por “Homem-Aranha Através do Aranhaverso”, outro dos grandes sucessos do ano traduzido em um espetáculo sensorial inesquecível.

A própria Marvel está em alerta vermelho e anda promovendo mudanças em sua mentalidade de produção. A principal é uma repaginada nas séries da Disney+, que serão encaradas não como filmes esticados, e sim como – veja só – produções para a TV. O que significa a confecção de episódios piloto (que podem testar o tom dos produtos), roteiros fechados antes de as câmeras rodarem e a condução de um showrunner, figura essencial nos bastidores televisivos que a Marvel achou por bem abrir mão.

Essa mudança ficou evidente quando a produção de “Daredevil: Born Again”, que recupera o herói cego Demolidor, protagonista de três temporadas na Netflix, foi pausada e reiniciada do zero. A manutenção de Ryan Reynolds como Deadpool também mostrou a disposição do estúdio em explorar personagens mais intensos, que possam protagonizar projetos não recomendados para a criançada.

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