Em “Footloose”, de 1984, que está na Netflix, Ren (Kevin Bacon) acaba de se mudar de Chicago para a pequena Bomont, uma cidadezinha cristã ultraconservadora. O choque cultural o faz se sentir um peixe fora d’água logo no começo. Mas a adolescência é o momento perfeito da vida para quebrar regras e mudar paradigmas. A filha do reverendo Shaw Moore (John Lithgow), Ariel (Lori Singer), é uma jovem rebelde e sem controle que chama atenção de Ren.
Desde que um acidente de carro deixou alguns adolescentes mortos, entre eles o filho do reverendo, o conselho da cidade proibiu o rock ‘n’ roll e a dança. Eles acreditam que as duas coisas são pecaminosas e provocaram a tragédia. As rigorosas restrições, no entanto, estão prestes a tirar os jovens de Bomont da linha, especialmente com a chegada de Ren, que é inteligente e tem um espírito questionador.
Ariel foge às regras das mocinhas de filmes e esse talvez seja o grande trunfo do enredo. Ela é uma garota inconsequente, sem consideração pelas próprias amigas, que faz sexo com vários caras sem se preocupar com sua reputação e está constantemente mentindo para seu pai (e ele provavelmente merece isso por ser tão opressor). Ariel não é uma garota boazinha e passa longe de uma “manic pixie dream girl”.
Se você ainda não conhece essa expressão, ela descreve um padrão de protagonistas femininas que se popularizou em comédias românticas. São personagens planas e regulares, uma mulher perfeita, belíssima e adorável, que está sempre de bom humor e que aparece para salvar o protagonista triste e solitário, que enfrenta um período difícil de sua vida. As manic pixie dream girl chegam como um raio de sol em meio à tempestade, mas nunca sabemos sobre seu passado, sua família, sobre as dificuldades enfrentadas em seus trabalhos ou sentimentos profundos que elas enfrentam, afinal, não é a luta delas que interessa. Elas vêm para ensinar homens a aproveitarem suas vidas e preenchê-las de aventura. Além, claro, do papel cuidador.
Em “Footloose”, Ariel já havia começado a revolução antes mesmo da chegada de Ren. Então, quando ele chega de fora trazendo seu charme urbano para a sem-graça Bomont, a cidade dá uma sacodida necessária. Ele é um pouco arrogante e se sente superior aos outros adolescentes. Naturalmente, isso faz com que a recepção não seja das mais agradáveis. Para tentar trazer um pouco de diversão para seus amigos, Ren decide que precisa realizar um baile, mas terá de lugar contra o conservadorismo e as pessoas que comandam a cidade para salvá-los do tédio e da opressão.
Escrito por Dean Pitchford e dirigido por Herbert Ross, o longa-metragem teve duas indicações na categoria de melhor canção original, por “Footloose”, de Kenny Loggins e Dean Pitchford, e “Let’s Hear it for the Boy”, de Tom Snow e Dean Pitchford. O enredo ainda foi inspirado na história da cidade de Elmore, em Oklahoma, que teve a música proibida por 82 anos. A restrição havia sido estabelecida em 1898, com objetivo de manter a cidade sem farras, mas em 1980, uma turma de ensino médio lutou para conseguir ter um baile de formatura.
Filme: Footloose
Diretor: Herbert Ross
Ano: 1984
Gênero: Drama/Romance/Musical
Nota: 7/10