No início deste ano, várias universidades na Alemanha implementaram o fechamento preventivo de suas bibliotecas e realizaram inspeções cautelares em milhares de livros.
A medida se deu após a uma descoberta surpreendente relacionada à composição de algumas cores utilizadas na produção de livros no século 19.
Cuidado com a cor verde!
Milhares de livros antigos envenenados podem representar perigo – Imagem: REBECCA HALE, NATIONAL GEOGRAPHIC/Reprodução
Em dezembro de 2023, a Sociedade Alemã de Bibliotecas emitiu uma declaração preocupante, afirmando que foram detectados ‘componentes de pigmentos potencialmente prejudiciais à saúde’ em várias coleções históricas, incluindo até mesmo arsênio, um elemento químico altamente tóxico.
Estes compostos foram identificados principalmente em pigmentos de cores fortes, sendo o verde ‘Schweinfurter’ ou ‘Paris’ considerado o mais perigoso.
Arsênio: um veneno disfarçado de cor
A produção de certas cores no século 19 utilizava o acetoarsenito de cobre, uma combinação de acetato de cobre e trióxido de arsênico, em sua formulação.
Devido a isso, muitos livros desta época contêm resíduos dessas substâncias químicas tóxicas, o que os torna uma fonte potencial de risco à saúde.
Pesquisadores afirmam que a exposição contínua aos livros contaminados pode causar sintomas como dor de cabeça, inchaço, cólica e até risco de desenvolvimento de câncer.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, níveis elevados de arsênio no organismo estão relacionados a doenças cardíacas e cancerígenas.
O problema não é só na Alemanha
O uso destes pigmentos tóxicos não se restringiu à Alemanha. No século XIX, muitas indústrias ao redor do mundo utilizaram produtos químicos na produção de tintas, causando diversos casos de intoxicação.
Artesãos e trabalhadores da indústria têxtil, por exemplo, foram vítimas frequentes.
Nos Estados Unidos, a iniciativa chamada Poison Book Project procura identificar e catalogar livros contaminados, já tendo encontrado, até fevereiro deste ano, 253 livros tóxicos.
Preocupação atual
Embora o perigo já seja conhecido há algum tempo, a preocupação aumentou principalmente a partir de 2023, quando a questão começou a ganhar maior visibilidade na mídia europeia.
Segundo especialistas, pelo volume de pigmentos tóxicos já produzidos no passado, é provável que ainda existam muitos objetos contaminados sendo utilizados sem que as pessoas sequer suspeitem do perigo.
As universidades alemãs, por precaução, seguirão com as inspeções em suas bibliotecas e tomarão as medidas necessárias para garantir a segurança de seus estudantes e funcionários.