No Rio, há um problema de frequência, capilaridade e de pouca integração entre os diferentes transportes. Diferentemente de São Paulo, que tem uma malha mais estruturada, mas que mesmo assim é insuficiente. Se o poder público não oferece boas alternativas, surge o transporte clandestino ou alternativo, seja com vans ou com motos.
Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes
A categoria no Rio foi introduzida por migrantes nordestinos —onde o transporte por moto é bastante comum, lembra Krishna Ramaciote, presidente do Sindicato dos Mototaxistas do Rio
Quando estreamos em cidades do Nordeste, onde já tem essa cultura de transporte por moto, a adesão é muito rápida. Em contrapartida, cidades da região Sul, onde não têm esse costume, as pessoas começaram a usar o serviço aos poucos.
Luis Gamper, diretor de duas rodas da 99
A estreia foi seguida de proibição, que perdurou em SP. Em janeiro de 2023, Uber e 99 tentaram introduzir seus serviços de transporte por moto na cidade de São Paulo e no Rio. Em ambos os casos, houve proibição. No entanto, no Rio foi iniciado um processo de tentativa de regulamentação de mototáxis —até por já ser comum em algumas áreas da cidade— enquanto que, em São Paulo, o veto se mantém até hoje por uma questão de saúde pública, segundo a prefeitura.
O decreto 62.144/23 suspende temporariamente o serviço de mototáxi e de transporte de passageiros por moto via aplicativo, em razão da preocupação envolvendo a segurança e a saúde da população de São Paulo no viário urbano e o impacto no sistema publico de saúde. Reduzir acidentes e evitar óbitos é prioridade dessa gestão (…). A Faixa Azul vem demonstrando que, ao criar uma delimitação de espaço para as motocicletas, os números de sinistros e a gravidade diminuem
Nota da Prefeitura de São Paulo
A questão de saúde pública pesou em São Paulo para barrar a moto por app. Para Edgar Silva (Gringo), presidente da Amabr (Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil), a categoria de transporte por moto ou mototáxi poderia lotar ainda mais hospitais na cidade. Só em 2023, foram 365 mortes de motociclistas —praticamente, uma por dia do ano—, segundo a CET (Companhia de Engenharia e Tráfego).