Recentemente, fui escalar rochas em um parque tranquilo no sul de Wyoming chamado Vedauwoo. O deserto estava tranquilo de manhã cedo, uma brisa movendo suavemente as árvores.
Mas esse silêncio não durou muito.
Por cerca de uma hora, rosnei, rugi, xinguei e lamentei subindo uma fenda larga que parecia determinada a me expulsar. Em um momento, descobri um novo som entre grunhidos, gritos e soluços.
Ofegante no topo, enquanto curiosos caminhantes observavam, me perguntei se minhas convulsões vocais eram remotamente úteis. Todos nós já ouvimos aqueles caras —e geralmente são caras— na academia que explodem em som toda vez que levantam um haltere. Esses ruídos fazem algo para melhorar o desempenho? Ou está tudo em nossas cabeças?
OS BENEFÍCIOS FISIOLÓGICOS
Não surpreendentemente, a pesquisa sobre gritos atléticos é um pouco escassa. Alguns estudos pequenos sugeriram que melhora a força, a potência de golpe e o uso de oxigênio, mas os pesquisadores não têm certeza exata de como isso funciona. A maioria dos benefícios tem menos a ver com o som real e mais com a maneira como respiramos imediatamente antes, diz Mary J. Sandage, professora de fala e linguagem na Auburn University, que estuda atividade física extrema e fala.
Segundo Sandage, estudos mostram que algumas pessoas que tiveram suas laringes removidas, e portanto não podem mais prender ar nos pulmões, têm dificuldade em levantar objetos pesados. Isso sugere que parte de nossa força pode vir de algo chamado manobra de Valsalva, na qual você coloca pressão nos pulmões, mas fecha a garganta. (Pense no ato de empurrar durante um movimento intestinal.)
“Fazemos isso para produzir força. Temos que prender o ar assim para levantar, para empurrar”, diz Sandage.
Criar pressão interna em seu núcleo dessa maneira pode reforçar sua coluna e permitir que você produza um pouco mais de potência. O grunhido, então, é como uma válvula de escape para essa pressão. Sandage afirma que os benefícios do grunhido provavelmente se aplicam apenas a explosões curtas de esforço, como levantar um peso ou bater em uma bola de tênis.
OS BENEFÍCIOS PSICOLÓGICOS
Há, é claro, outra explicação para por que grunhir pode ser útil: poderia ser principalmente mental.
“Eu meio que vejo isso também como uma forma de focar a atenção”, diz Sarah Ullrich-French, psicóloga esportiva na Washington State University. “Como uma liberação emocional e canalização.”
Gritar não é a única maneira de fazer isso. Alguns preferem respiração consciente, diz ela, enquanto outros podem focar os olhos em um ponto fixo —mas a ideia é encontrar uma zona mental onde o desempenho pareça mais fácil. Ela também afirma que técnicas de foco podem fazer você se sentir mais conectado com seu corpo e aumentar os benefícios mentais do exercício.
Nas artes marciais japonesas, por exemplo, os atletas usam tanto a meditação quanto vogais curtas e gritadas chamadas kiais para focar sua energia. Fazer barulho também pode ajudá-lo a estabelecer um ritmo, já que geralmente grunhimos no auge do esforço, diz Scott Sinnett, psicólogo cognitivo da University of Hawaii, Manoa, que estudou a vocalização em esportes competitivos.
Sandage concordou que os benefícios eram tanto psicológicos quanto fisiológicos. E diferentes tipos de ruídos podem servir a propósitos diferentes.
Em Wyoming, por exemplo, a conversa interna e os sons que eu fazia enquanto pendurado na corda provavelmente eram mais psicológicos. Os gritos e os rosnados ao puxar uma agarração podem ter reforçado meu núcleo e me ajudado a acessar um pouco mais de potência. A sequência de palavrões depois de falhar, no entanto, provavelmente foi um desperdício de ar.
AS QUESTÕES SOCIAIS
Independentemente de fazer barulho melhorar seu desempenho, definitivamente afeta as pessoas ao seu redor. Um bom grunhido pode até mudar como seu oponente de tênis avalia seu saque ao mascarar o som da batida.
“Se você não pode ouvir o som da bola e o efeito que ela tem, o peso dela, isso afetará você”, diz Marjorie Blackwood, tricampeã de tênis canadense que passou os últimos 40 anos treinando e trabalhando no esporte.
Sinnett acrescenta que, para um jogador novato, pode ser apenas distração ter alguém rosnando para você.
Embora esses mesmos grunhidos e gemidos na academia possam igualmente distrair seu vizinho, você não deve se impedir da próxima vez que quiser extrair aquele último resquício de poder, diz Sandage. Ela apontou que há um estigma em torno de pessoas, especialmente mulheres, fazendo barulhos altos durante o treino e encoraja as pessoas a usarem quaisquer ferramentas que tenham à disposição.
Mas se você realmente não gosta, Sinnett diz que uma exalação forte e rápida poderia ser tão eficaz quanto um grunhido. Ele mesmo é um grunhidor crônico, embora esteja tentando reduzir no campo de tênis.
“As pessoas mencionaram que podem ouvir”, afirma. “Eu meio que penso, ‘Ah cara, não quero ser o grunhidor lá fora’.”
Blackwood diz que está tudo bem fazer um pouco de barulho, mas não precisa enlouquecer —seja na quadra, na academia ou em uma tranquila floresta nacional. “Pequenos ruídos”, afirma.