O governo do Rio de Janeiro criou nesta terça-feira (15) um centro de emergência para acompanhar os transplantes no estado, após o caso dos exames com falsos negativos para HIV no Rio de Janeiro, realizados pelo laboratório PCS Lab Saleme, sob investigação da Polícia Civil.
O erro nos exames fez com que seis pacientes recebessem transplantes de órgãos infectados com o vírus.
A cúpula da secretaria estadual de Saúde tem, a partir desta semana, reuniões diárias marcadas para tomar decisões sobre o caso e estabelecer novos protocolos de transplante no estado.
O centro de emergência já foi instalado em crises anteriores na saúde do estado, como na pandemia de Covid-19 e na epidemia de dengue.
“A sindicância segue com absoluto rigor. Estamos trabalhando para que essa situação jamais se repita”, afirmou a secretária estadual de Saúde, Cláudia Mello.
Nesta semana, a Vigilância Sanitária fluminense começou a fazer inspeções nas unidades hospitalares que realizam captação de órgãos, a fim de revisar as normas de segurança.
O estado designou o hospital universitário Pedro Ernesto como referência para o atendimento aos pacientes que receberam os órgãos infectados. A unidade de saúde, localizada em Vila Isabel, na zona norte do Rio, é administrada pela Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
Os pacientes estão recebendo medicamentos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), segundo a secretaria.
No Hemorio, instituto de hematologia do Rio, técnicos estão reavaliando todas as amostras de sangue armazenadas de 288 doadores no período entre dezembro de 2023 e setembro de 2024, enquanto o laboratório esteve em atividade.
Nesta terça, a técnica em patologia clínica Jacqueline Iris Bacellar de Assis, 36, se entregou em uma delegacia. Ela é acusada de ter assinado laudos no laboratório PCS Lab Saleme.
Jacqueline afirma que nunca realizou testes no PCS Lab, que começou a trabalhar no local como supervisora administrativa em outubro de 2023 e que seu nome estaria sendo usado como “laranja”.
O PCS Lab diz que “ela informou ao laboratório diploma de biomédica e carteira profissional com habilitação em patologia clínica” e que a funcionária “assinou diversos laudos de exames nos últimos meses”.
Preso, o ginecologista Walter Vieira, um dos sócios do laboratório PCS Saleme, afirmou em depoimento nesta segunda que o transplante de órgãos infectados com HIV para seis pacientes no Rio de Janeiro foi causado por preparação incorreta do exame para detectar a doença e erro na hora de registrar o resultado do teste.
Segundo o advogado Afonso Destri, que faz a defesa do médico, Vieira disse à Polícia Civil que os erros foram cometidos por três funcionários da clínica. Dois deles foram presos. Além de Jacqueline, também está detido Ivanilson Fernandes dos Santos. O técnico de laboratório Cleber de Oliveira Santos segue foragido.