Após a vacina contra a dengue voltar a ser aplicada em laboratórios e farmácias, em julho, a rede privada de São Paulo continua com estoque limitado da Qdenga, que está indisponível ou restrita à segunda dose em diversos estabelecimentos.
Nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde), a vacina está disponível para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Já em clínicas e farmácias particulares, o imunizante fabricado pelo laboratório Takeda é oferecido a pessoas entre 4 e 60 anos, conforme aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A Qdenga é administrada em duas doses, com 90 dias de intervalo entre elas, e não é necessário apresentar pedido médico para tomá-la. A aplicação não é recomendada para grávidas, lactantes, imunodeprimidos, pessoas com febre ou doença aguda e alérgicos às substâncias da vacina. O preço médio da vacina é de R$ 460 por dose.
As principais redes de laboratórios médicos no estado de São Paulo possuem estoques reduzidos. O Alta Diagnósticos, por exemplo, está aplicando somente a segunda dose, assim como a clínica de imunização do Hospital Israelita Albert Einstein, que relatou aumento na procura pela vacina nas últimas semanas.
Outros laboratórios, como Fleury e Lavoisier, possuem a vacina disponível, mas não em todas as unidades. O Delboni oferece o imunizante apenas nas regiões oeste e norte da cidade.
Em outros locais, como A+, Hermes Pardini e Salomão Zoppi, a Qdenga está fora de estoque.
Nas drogarias da cidade, a situação é semelhante. O grupo RD Saúde, responsável pela Drogasil e pela Raia, afirmou que “há estoque para garantir a segunda dose da vacina para todos que tomaram a primeira. Para a primeira dose, há poucas vacinas disponíveis”. O grupo também declarou que o aumento do estoque depende do envio pelo laboratório fabricante.
A Takeda já havia informado que a prioridade de abastecimento da vacina seria para o setor público, para que o Ministério da Saúde pudesse distribuir aos estados, em meio à epidemia da doença no Brasil.
“A Takeda atualmente mantém um estoque de segurança para atender à demanda da população não elegível à vacina pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além de garantir a segunda dose para quem já iniciou a imunização na rede particular”, informou o laboratório em nota.
“No entanto, o número de doses disponibilizadas ao setor privado permanece limitado, devido à prioridade dada ao atendimento do SUS.”
A gestão das doses disponíveis no sistema privado, o laboratório reforçou, é de responsabilidade das clínicas e farmácias e que assegura o fornecimento necessário para completar o esquema vacinal.
A Takeda também informou que garantiu a entrega de 6,6 milhões de doses ao Ministério da Saúde neste ano e já assumiu o compromisso de fornecer mais 9 milhões de doses para 2025. “As remessas são realizadas em etapas, seguindo o cronograma estabelecido, e a distribuição para estados e municípios é responsabilidade do Ministério da Saúde”, afirmou em nota.
A pasta informou que mais de 5,6 milhões de doses foram enviadas aos estados, com 2,7 milhões já aplicadas, segundo registros da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS).
No início de novembro, a cidade de São Paulo recebeu um novo lote de vacinas contra a dengue, e a aplicação da primeira dose da Qdenga foi retomada nas UBSs para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Desde o início da campanha, em abril, 186 mil jovens dessa faixa etária receberam a primeira dose. Atualmente, 79.357 jovens que receberam a D1 estão aptos a receber a D2.
A vacinação, no entanto, não é a principal estratégia do Ministério da Saúde contra a dengue, que, segundo especialistas, deve aumentar nos próximos meses. “A maneira mais eficaz de controlar a doença é por meio da eliminação dos criadouros do mosquito Aedes aegypti, sendo essencial o engajamento da população”, informou a pasta.
Com esse propósito, foi lançada a campanha “Tem 10 Minutinhos? A Hora de Prevenir é Agora”, que orienta os moradores sobre como eliminar focos do mosquito em suas residências —cerca de 75% dos criadouros estão nos domicílios.
Até a terça-feira passada (19), o Brasil havia registrado 6.571.802 casos prováveis de dengue e 5.840 mortes, segundo o Painel de Monitoramento do Governo Federal. Em São Paulo, foram contabilizados 2.144.358 casos prováveis e 1.920 óbitos.