Para muitas pessoas, a luta dos Estados Unidos contra o nazismo começou após o ataque do exército japonês contra a base militar de Pearl Harbor, no Havaí, em 1941. A investida foi o que culminou na entrada do país norte-americano na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) para enfrentar a escalada fascista liderada por Adolf Hitler (1889-1945), na Alemanha, e por Benito Mussolini (1883-1945), na Itália.
Um acontecimento pouco conhecido da história dos Estados Unidos, no entanto, mostra que a luta estadunidense para impedir a ascensão nazista começou alguns anos antes, na década de 1930, em seu próprio território. É baseado nestes eventos reais que o diretor David O. Russell (Trapaça) criou a história de Amsterdam, filme estrelado por Christian Bale que estreia nos cinemas do Brasil nesta quinta-feira (6).
Desde o início, Russell pontua que Amsterdam se trata de um filme cuja “maior parte” da trama realmente aconteceu. Entre situações cômicas e absurdas, a narrativa retrata a tentativa de um golpe de Estado bancado por alguns empresários norte-americanos ligados ao fascismo para derrubar o então presidente dos EUA Franklin D Roosevelt (1882-1945) e colocar em seu lugar o general Smedley Butler (1881-1940), ligado à extrema-direita.
No meio dessa conspiração se encontra o trio de amigos formado por Burt (Bale), Harold (John David Washington) e Valerie (Margot Robbie). Após se conhecerem durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os três se juntam para curtir uma vida boêmia em Amsterdã, na Holanda. Eles vivem durante anos praticamente como se estivessem em um retiro da vida real, mas o “sonho” acaba quando Burt precisa retornar aos Estados Unidos para ficar com a família e Valerie simplesmente desaparece sem deixar rastros.
Já nos anos 1930, Burt se tornou um médico de Nova York especializado em criar remédios experimentais e próteses para veteranos de guerra, enquanto Harold formou-se advogado e ajuda o amigo a se livrar de problemas. O caminho dos dois vai de encontro com a trama nazista quando Liz Meekins (Taylor Swift), filha de um antigo comandante da dupla durante a guerra, morre misteriosamente. Confiante de que o pai fora assassinado, a jovem tinha pedido a ajuda dos dois para realizar uma autópsia e descobrir o que realmente aconteceu.
Amsterdam tem um elenco de peso
Divulgação/20th Century Studios
Os problemas dos dois se agravam quando Burt e Harold presenciam o assassinato de Liz e se veem como os principais suspeitos das autoridades. Agora fugitivos, eles dependem de um inesperado reencontro com Valerie em Nova York para ganhar forças para provar sua inocência e, de quebra, interromper a ascensão nazista que ameaçava os EUA anos antes de o país entrar no conflito armado.
São tantas situações bizarras em Amsterdam que até a falta de apreço pela trama como um todo torna a experiência de assistir ao filme divertida. Com um trio de excelente protagonistas, o elenco secundário também não fica para trás. De Rami Malek como o excêntrico irmão ricaço de Valerie a um general patriota que não suporta golpistas vivido por Robert De Niro, os personagens retratados no longa se sobressaem como o ponto mais positivo.
Até mesmo Mike Myers e Michael Shannon, cujos papéis menores representam agentes secretos infiltrados para tentar derrubar a ascensão nazista, estão confortáveis em sua dinâmica. O mesmo não se pode dizer de Anya Taylor-Joy, que apesar do talento já comprovado, surge apenas como um reflexo da odiosa Gina Grey que interpretou nas últimas temporadas de Peaky Blinders (2013-2022).
Apesar do marketing de Amsterdam –sabidamente– se inspirar principalmente no elenco de peso, o humor e a narrativa de Russell ainda são capazes de conquistar. Com Bale mais uma vez provando ser um dos grandes atores de sua geração, não será nenhuma surpresa ver o longa disputando algumas estatuetas na temporada de premiações de 2023.
Amsterdam
Trailer oficial legendado