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2022 foi permeado por avanços na saúde

Foi o ano em que uma terapia foi capaz de curar pacientes com hemofilia B e a ciência deu grandes passos no cuidado aos pacientes com câncer e HIV

Stefhanie Piovezan
São Pulo, SP

O ano de 2022 foi permeado por avanços na área da saúde, como o desenvolvimento de medicamentos para evitar hospitalizações e mortes por Covid-19; os resultados positivos do remédio contra o vírus sincicial respiratório e das vacinas contra dengue e chikungunya; e o maior no entendimento das causas da esquizofrenia.

Na área da demência, um novo exame de sangue agora pode auxiliar no diagnóstico do Alzheimer e instituições brasileiras estão testando formas de prevenir a doença. Foram apresentados os primeiros resultados de um medicamento com potencial para desacelerar o declínio cognitivo e de uma terapia que consiste na injeção de um gene protetor no cérebro dos pacientes.

Pesquisadores também descobriram que a inteligência artificial pode ajudar no diagnóstico da doença de Parkinson; começaram a testar sangue criado em laboratório; utilizaram realidade virtual para separar gêmeos siameses; e conseguiram tratar um feto injetando uma enzima essencial por meio de seu cordão umbilical.

Foi ainda o ano em que uma terapia foi capaz de curar pacientes com hemofilia B e a ciência deu grandes passos no cuidado aos pacientes com câncer e HIV, além de permitir novos tipos de transplante.

Câncer

Na área da oncologia, 2022 começou com a notícia do uso de um teste de DNA para rastreamento do HPV, vírus responsável por provocar câncer do colo do útero, em mulheres em Indaiatuba (a 98 km de São Paulo).

Pouco depois, em fevereiro, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o primeiro registro da terapia gênica com células CAR-T, que considera as características moleculares de cada tipo de câncer para desenhar uma resposta específica contra a doença. As células T, que atuam na defesa do organismo, são retiradas do sangue e alteradas geneticamente para atacar o câncer. O material é multiplicado em laboratório e reinserido no paciente.


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A terapia foi anunciada em junho como o foco de um programa de tratamento lançado no estado de São Paulo. A expectativa é de que a iniciativa, com centros de atendimento na capital e em Ribeirão Preto, atenda 300 pacientes por ano.

O ano também foi marcado por avanços em pesquisas relacionadas a diferentes tipos de tumor. Nos Estados Unidos, pesquisadores conseguiram domar o câncer de pâncreas em uma mulher cuja doença estava muito avançada e reportaram a remissão do câncer de reto em 18 pacientes que tomaram o mesmo medicamento.

Na Inglaterra, cientistas anunciaram ter descoberto como a poluição do ar leva ao câncer. A equipe do Francis Crick Institute, em Londres, mostrou que, em vez de causar danos, a poluição do ar estava despertando células velhas danificadas.

Também na Inglaterra, um tratamento que usa uma forma enfraquecida do vírus da herpes -herpes simplex- para infectar e destruir células nocivas se mostrou bastante promissor nos primeiros testes em humanos. O câncer de um paciente desapareceu, enquanto outros viram seus tumores encolherem.


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Outro tratamento experimental com resultado positivo foi o realizado com Alyssa, de 13 anos, diagnosticada com leucemia linfoide aguda do tipo T. Ela passou por uma terapia celular inovadora, que usa células imunes geneticamente modificadas de um doador voluntário saudável, e houve remissão do câncer.

Em Israel, uma nova radioterapia apresentou resultados promissores tanto no objetivo principal -eliminar tumores- quanto em preservar células saudáveis, algo que as radioterapias convencionais nem sempre conseguem fazer. O tratamento, disponível para grupos de estudos, pretende colaborar para a remissão do câncer de boca, língua, pâncreas e mama.

E, encerrando o ano, as empresas farmacêuticas Moderna e Merck anunciaram que se preparam para lançar o primeiro teste de fase três de uma vacina de RNA mensageiro contra o câncer depois que um estudo sugeriu que ela poderia ser usada para tratar pacientes com melanoma.

HIV

Em fevereiro, pesquisadores dos Estados Unidos, Canadá e Austrália mostraram que o uso de uma droga indicada para tratamento contra câncer obteve sucesso em expulsar o vírus HIV dormente de células de pacientes vivendo com o patógeno.


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No mesmo mês, foi anunciada a terceira pessoa no mundo curada do HIV. A paciente, que também tinha leucemia, foi submetida a um novo método de transplante envolvendo sangue do cordão umbilical de um doador parcialmente compatível.

Algum tempo depois, em julho, foi anunciado o quarto caso de cura. O paciente foi um homem que vivia com HIV desde a década de 1980. Ele passou por um transplante de medula óssea para tratar uma leucemia, e o doador era naturalmente resistente ao vírus.

Já em termos de atendimento, em novembro, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas lançou o marco zero das instalações do Centro de Reabilitação Sérgio Tardelli. A unidade será destinada para pessoas que vivem com HIV e contará com fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e psicólogos.


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Transplantes

O ano foi marcado por transplantes inéditos. Em um deles, um homem de 57 anos recebeu o coração de um porco geneticamente modificado. O paciente morreu dois meses após o procedimento, mas os pesquisadores seguem otimistas sobre o êxito dessa cirurgia no futuro.


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Em outro caso, um paciente com câncer terminal passou por um transplante duplo de pulmões. “Minha vida foi de zero a 100…”, disse o homem seis meses após a cirurgia.

Outro procedimento pioneiro foi o transplante de coração e timo realizado em um bebê nos Estados Unidos. O timo é uma glândula que ajuda no desenvolvimento de células T, que têm papel essencial no sistema imunológico. Os médicos acreditam que o transplante combinado vai ajudar a evitar a rejeição do órgão.

Na Espanha, um bebê de 13 meses também entrou para a história da medicina após passar pelo primeiro transplante de intestino do mundo de um doador em assistolia (ausência de batimentos cardíacos).

Também neste ano, foi realizado pela primeira vez o implante de uma orelha humana criada a partir de células da paciente com uma impressora 3D.

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