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Em Fantasmas do Abismo (Ghosts of the Abyss), James Cameron investiga os escombros do Titanic por completo junto a uma equipe de cientistas, cineastas e historiadores.
Os mistérios do Titanic, o tão conhecido transatlântico deveras titânico que se encontra deteriorado nas profundezas do Oceano Atlântico Norte desde os catastróficos acontecimentos do dia 15 de abril de 1912, continuam a chamar a atenção da humanidade. Não satisfeitos com inúmeras produções hollywoodianas, documentários e até museus com peças originais do navio, que reconstroem o naufrágio, algumas pessoas de alto poder aquisitivo, além de pesquisadores e cineastas se arriscam em expedições submarinas para se deparar com os destroços da histórica embarcação.
Entre essas arriscadas expedições até os restos do Titanic, se destacam as que foram realizadas pelo cineasta James Cameron, em 2001, que, aproveitando o estrondoso sucesso do seu longa-metragem de 1997 – estrelado por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet -, resolveu contar para o mundo os mistérios e um pouco mais da história do transatlântico em Fantasmas do Abismo, documentário lançado em 2003, disponível na Netflix que voltou a fazer barulho devido aos tristes recentes acontecimentos envolvendo o submersível Titan, da OceanGate, que implodiu com 5 passageiros nas proximidades do navio. Na produção de Cameron, um entusiasta nato quando o tema Titanic vem a tona, é possível se deparar com o esmero narrativo do diretor ao valorizar o trabalho científico, prezando pelos detalhes da expedição.
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Em 90 minutos de projeção (a versão original de cinema contava com somente 1h de filme), Fantasmas conta com um rico registro, além de arranjar tempo para algumas liberdades artísticas do seu realizador para reproduzir eventos reais. A produção chegou a ser desnecessariamente distribuída pela Walt Disney em 3D, forçando a transformação de um documentário de caráter científico em um mero produto comercial.
O documentário chega a ser didático, mas não a ponto de se tornar um aglomerado de informações, nem mesmo a confundir os expectadores com termos científicos em demasia. Em Fantasmas do Abismo, somos guiados por Cameron e o saudoso ator Bill Paxton, intérprete do personagem Brock Lovett, em Titanic (1997). O acompanhamento do trabalho de pesquisadores, como os Doutores John Broadwater e Lori Johnston também é bem detalhada, assim como as filmagens captadas pelos submersíveis que vagavam pelos destroços do navio.
Além dos registros, de fato, magníficos e montados para o documentário de maneira exímia, Fantasmas no Abismo também encontra a oportunidade de retratar acontecimentos reais antes e durante a viagem só transatlântico, em 1912. Com ajuda de efeitos digitais, ostentando, inclusive, de um CGI a altura que não se distancia da realidade, o filme reproduz momentos vividos por figuras históricas, como o arquiteto do Titanic Thomas Andrews (interpretado por Don Lynch), a inafundável socialite Molly Brown (Judy Prestininzi), o Capitão Edward Smith (John Donovan), entre outras figuras “fantasmas” que vivenciaram ou sucumbiram a tragédia.
Fascinante, claustrofóbico, de fácil entendimento e dinâmico, Fantasmas do Abismo foi uma produção arriscada, realizada tanto em nome da ciência quanto da sétima arte. É importante termos o conhecimento de obras como o documentário de James Cameron, que já contam com um prato cheio de informações e registros do Titanic, e compartilharmos com a posterioridade a existência do filme para que as arriscadas viagens aos destroços do famoso transatlântico nas profundezas do oceano sejam evitadas. O que se tinha de ver do que sobrou do navio já foi registrado e revelado para o mundo. O mais sábio a se fazer, em relação ao Titanic, é deixar os fantasmas do abismo procurarem a luz para, em fim, descansarem em paz.