A seleção brasileira masculina de futebol disputará a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023 depois de bater o México por 1 a 0, na última quarta-feira, 1º, em um duro duelo pela semifinal, em Viña del Mar. O adversário da decisão será o anfitrião Chile, o mesmo da última conquista brasileira. No Pan de Indianápolis-1987, o Brasil subiu ao topo do pódio depois de bater a equipe chilena por 2 a 0, com gols de Washington (dupla de Assis no “casal 20” do Fluminense), e Evair, então no Guarani, que anos depois se tornaria ídolo do Palmeiras.
Aquela equipe repleta de jovens, dirigida por Carlos Alberto Silva, ainda contava com outros atletas que fariam história no futebol nacional, como Taffarel, Ricardo Rocha e Valdo. Em sua edição de 31 de dezembro de 1987, PLACAR narrou a “medalha chorada”, em reportagem escrita por Marcelo Duarte.
Os anos eram outros e o futebol no Pan-Americano contava com mais prestígio do que nos dias atuais. Ainda assim, também era sabido que o título não acrescentaria tanto ao futebol brasileiro, que já vivia um jejum de 17 anos sem a Copa do Mundo, mas teve peso importante para o treinador Carlos Alberto Silva. “Se este título não acrescenta muita coisa ao currículo brasileiro, pelo menos pode dar mais tranquilidade ao treinador que venceu três das quatro competições internacionais que disputou”, pontuou a matéria.
Além do 2 a 0 sobre o Chile na decisão, a campanha contou com uma batalha anteriormente. Na semifinal, assim como neste ano, o adversário foi o México e a vitória por 1 a 0 saiu de um jogo “como caratê”, segundo apontou Marcelo Duarte.
“Para chegar à final, o Brasil enfrentou uma verdadeira batalha na terça-feira anterior, contra o México, que apresentava oito veteranos da última Copa do Mundo. É que a FIFA permite que as seleções da África ou da Concacaf, consideradas mais fracas, usem qualquer jogador no Pan ou nas Olimpíadas. Em campo, brasileiros e mexicanos jogaram com tanta violência que pareciam estar lutando por uma medalha de caratê ou algo parecido. O caldeirão explodiu no final do primeiro tempo, quando o capitão do México, Quirarte, chutou de propósito a bola contra o banco de reservas do Brasil. Começou então um bate-boca que se alastrou até o estreito corredor que dá acesso aos vestiários. Aí os jogadores se transformaram em verdadeiros gladiadores”, escreveu a reportagem sobre o início de uma briga generalizada.
A decisão pelo ouro também contou com esse tom “chorado”, pontuado pela reportagem. Mesmo com nomes que mais tarde virariam históricos, a seleção não conseguiu marcar no tempo normal e a final precisou ser definida nas prorrogações. Foi assim que Washington, substituto de João Paulo, marcou o primeiro. A conquista foi cravada pelos pés de Evair, matando qualquer chance de reação chilena.