Muito se fala sobre a capacidade da inteligência artificial, com um viés de que dificilmente ela superará habilidades humanas. Em um artigo recente, o IGN Brasil mencionou, por exemplo, que os sistemas de IA estão longe de escrever como um humano.
Por outro lado, à medida que os robôs evoluem, indícios mostram que eles já conseguiram atingir um nível que reproduz uma habilidade crucial da inteligência humana: a generalização compositiva.
Estamos falando da capacidade de aprender o significado das palavras e, depois, aplicá-las a outros conceitos por associação.
Essa é uma capacidade importante do cérebro humano. É a partir dela que conseguimos abstrair ideias e reconhecer objetos por sua forma, mesmo que estejam diferentes, apresentem outras cores ou sejam feitos de outros materiais.
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Uma descoberta surpreendente
Os cientistas cognitivos Jerry Fodor e Zenon Pylyshyn divulgaram, no passado, que as redes neurais artificiais seriam capazes de fazer essas conexões.
Desde os anos 1980, não havia sido registrado um avanço tão importante nessa área quanto agora, com o incremento da inteligência artificial.
Pesquisadores da Universidade de Nova Iorque e Pompeu Fabra, na Espanha, estão focados há alguns anos em desenvolver técnicas para aprimorar essa capacidade.
Um estudo publicado recentemente na revista científica Nature mostra que sistemas como o ChatGPT, lançado pela OpenAI no final de 2022, são capazes de fazer generalizações compositivas a partir do chamado “Meta-aprendizado para composicionalidade”.
Testes práticos
Os testes feitos pelos cientistas mostraram que a Inteligência Artificial não só é capaz de se igualar à capacidade humana, mas também de superá-la no que se refere à cognição.
O processo de testagem baseou-se na prática, e não no aprendizado. Basicamente, o sistema recebia uma palavra e atendia à solicitação de aplicá-la em outro contexto.
Um exemplo disso é a palavra “falar”, que pode ser associada a diferentes situações, como falar muito, falar pouco, falar baixo ou alto. Com a evolução, os sistemas conseguiram desenvolver, ainda, contextos como “falar abobrinha”, “falar besteira”, “falar asneira” e outros.
A elaboração ocorreu tanto no sentido literal quanto no figurativo, o que amplia significativamente o alcance da linguagem dessas ferramentas.
A confirmação dessa capacidade de associação surge como um atrativo significativo, principalmente para a área de programação.
Os sistemas poderão entender e responder a uma grande variedade de comandos, até mesmo os mais complexos.