Entre determinados públicos, como pacientes e empreendedores principalmente, a Cannabis é reconhecida como recurso terapêutico importante e matéria-prima com alta potencialidade industrial. Nos principais países, como EUA e Canadá, a planta virou commodity, assim como a soja e a laranja. Trata-se de uma matéria-prima com capacidade para movimentar na economia formal US$ 166 bilhões, até 2025, de acordo com a consultoria internacional Euromonitor.
Muitos, no entanto, não tem ideia das mais de 25 mil aplicações industriais – que vão da construção à tecelagem. A desinformação esbarra no preconceito de quem ainda possui como única referência a maconha, droga que entra ilegalmente no país. Com a intenção de esclarecer e quebrar paradigmas, em Brasília, a Câmara dos Deputados abrigou mostra sobre o tema, essa semana.
O assunto era cânhamo, um tipo de Cannabis com quantidade tão baixa de THC (Tetrahidrocannabidiol, substância psicoativa), que não serve como entorpecente, mas serve muito bem para a indústria e para a medicina. Com o título “Cânhamo: uma revolução agrícola não psicoativa”, a exposição reuniu muitos produtos derivadas da planta, entre eles, tijolos, roupas e azeites.
Ter escolhido a Câmara dos Deputados para o evento foi um marco importante, guardada as devidas proporções, como levar para a ONU (Organização das Nações Unidas) um evento de Cannabis, no ano passado. Esses acontecimentos deixam o recado claro de que a planta faz parte de um mercado saudável e formal que veio para trazer mais empregos, mais dinheiro e desenvolvimento para o país.
A mostra já passou pela Câmara Legislativa e pela Universidade de Brasília, além de eventos específicos do setor, como a Cannabis Thinking, que fomenta o mercado de inovação. Organizada pelo instituto InformaCann, a exposição teve apoio de parlamentares da casa, como a deputada federal Carol Dartora (PT/RS), Sâmia Bomfim (Psol/SP) e Luciano Ducci (PSB/PR), que foi o relator do PL 399-2015, sobre a regulação e cultivo do cânhamo para fim medicinal e industrial. Muitos deputados fizeram questão de comparecer, como Kim Kataguiri (União Brasil – SP).
Como era esperado, nem todos receberam bem o evento. Marcos Pollon (PL-MS), por exemplo, deixou registrado no Instagram seu descontentamento, mas distorceu os fatos, chamando a exposição de “estande de promoção de maconha”. “Olha que absurdo”, diz ele no vídeo. “E tem gente presa com a destruição da democracia do país”.. No caso de Pollon, não se trata de falta de conhecimento, mas de preconceito, pois o deputado certamente sabe que o cânhamo é uma planta regularizada em 50 países, que incentivam o mercado legal do cultivo, que não tem nada a ver com maconha. Cânhamo não é maconha, mas nova economia chegando por aqui mas esperando regularização para crescer no Brasil.
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