Em artigo publicado na Revista Science, pesquisadores do Laboratório Nacional de Los Alamos, Estados Unidos, descrevem modelo observacional que pela primeira corrobora com a teoria da existência de fissão nuclear em estrelas. Pode parecer óbvio, mas a ciência ainda não havia conseguido comprovar a existência de processos dessa divisão nuclear no universo.
A fissão nuclear é um processo de divisão de um núcleo atômico muito pesado em núcleos menores. Ele pode ser desencadeado, por exemplo, por um bombardeio direto ao núcleo, como ocorreu nos primeiros modelos da bomba atômica.
O núcleo bombardeado se divide em dois, ou mais, núcleos menores.Fonte: Getty Images
Mas se tratando de grandes astros celestes, a observação e o teste em laboratório de tais fenômenos não é possível. Assim, fica a encargo de modelos computacionais e observacionais a construção das respostas para tais questões.
O que se sabia é que elementos pesados, como Urânio e Ferro, eram formados durante grandes colisões de estrelas de nêutrons, onde os elementos se fundem e há uma rápida captação de partículas livres, fenômeno conhecido como processo R.
Os elementos superpesados, podendo superar os mais massivos da tabela periódica, também são encontrados em processos contínuos de fusão em estrelas supernovas. Mas como explicar a presença de elementos leves?
A fissão nuclear no cosmos
Até o momento, só haviam indícios da criação de elementos superpesados através do processo de fusão em explosões de alta energia.Fonte: Getty Images
Com direção de Ian Roederer, da Universidade Estadual da Carolina do Norte, pesquisadores do Laboratório de Los Alamos, desenvolveram modelos de fissão nuclear capazes de prever e direcionar dados observacionais que respondem a essa presença.
Os pesquisadores encontraram uma correlação direta entre o aumento de metais superpesados e sinais de metais leves, como prata, gadolínio, ródio, entre outros. A fissão nuclear poderia produzir tanto elementos pesados, quanto os mais leves.
Para o grupo de cientistas, há indícios claros que a fissão consegue produzir elementos pesados ao dividir núcleos elementares que podem superar o mais denso dos elementos conhecidos da tabela periódica. Além disso, com o processo natural de decaimento os outros elementos seriam paulatinamente criados, o que explicaria a presença de metais leves nesses sistemas.
Essa é a primeira vez, desde os anos 1950, que pesquisadores conseguem assinaturas claras de dados que indiquem a presença do processo de fissão nuclear no cosmo.
Com a suspensão de estudos sobre armas nucleares, os dados sobre os efeitos da fissão nuclear são escassos.Fonte: Getty Images
Mas a total solução da questão ainda paira no ar e dependerá do avanço da tecnologia e de análises observacionais para ser completamente esclarecida, pois não é possível recriar tamanha energia em experimentos laboratoriais.
Outro ponto é que, o desenvolvimento e teste com energias capazes de gerar armas está suspenso. Sendo assim, o monitoramento e estudo do céu é a única forma de compreender esse fenômeno.
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