O início da imunização com a vacina contra dengue da farmacêutica Takeda, a Qdenga, incorporada ao SUS (Sistema Único de Saúde) está prevista para fevereiro. O Ministério da Saúde deve priorizar uma parcela não definida da população entre 6 a 16 anos, como recomenda a OMS (Organização Mundial da Saúde), mas isso ainda precisa ser aprovado na CIT (Comissão Intergestores Tripartite).
Segundo o laboratório, a previsão é que sejam entregues 5.082 milhões de doses entre fevereiro e novembro deste ano.
Porém, quem não quiser aguardar ou não está dentro da faixa etária para receber a vacina da dengue via SUS pode recorrer às clínicas privadas. Elas aplicam a vacina em pessoas entre 4 e 60 anos, normalmente com prescrição médica. Em média, uma dose varia entre R$ 400 e R$ 490 nas clínicas pesquisadas pela reportagem. O esquema vacinal é composto de duas doses.
Pode receber o imunizante tanto quem já teve dengue e quanto quem nunca foi infectado. No entanto, gestantes, lactantes e pessoas com alergia a algum dos componentes presentes no imunizante, quem tem o sistema imunológico comprometido ou alguma condição imunossupressora não podem ser vacinadas com a Qdenga.
Segundo José Geraldo Leite Ribeiro, epidemiologista do Grupo Fleury, a procura pela vacina Qdenga começou a crescer quando o PNI (Programa Nacional de Imunizações) anunciou que a incorporaria.
O médico afirma que ainda não há um levantamento exato por faixa etária das pessoas que têm buscado pelo imunizante, mas pelo que tem acompanhado nas clínicas da rede, em diferentes estados do país, a procura maior está na faixa entre 25 e 40 anos. “Os pais também têm procurado para as crianças”, diz Ribeiro.
Em média, no Grupo Fleury, o valor de cada dose da vacina Qdenga varia entre R$ 400 e R$ 490 de acordo com a região. Entre uma dose e outra, é necessário aguardar um intervalo de três meses.
O epidemiologista explica que é necessária uma prescrição médica para ser vacinado no Fleury. “A legislação brasileira recomenda que os serviços privados apliquem vacinas que não estão no calendário do PNI e de sua faixa etária a partir de recomendação médica. Muitas vezes você não tem a prescrição, mas a nossa orientação é que a sala de vacina confirme se foi o médico que recomendou. Nós, por exemplo, temos um questionário que a pessoa preenche antes de receber a Qdenga, pois há algumas restrições.”
Ele explica que nas unidades do Grupo Fleury de São Paulo, por exemplo, há uma entrevista médica. “O próprio médico da unidade pode verificar essas questões de contraindicação, mas procuramos trabalhar sempre com a indicação médica.”
Embora os grupos mais vulneráveis aos casos graves e mortes por dengue sejam crianças pequenas e idosos, segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a Qdenga é indicada para quem tem mais de quatro anos e para adultos com até 60 anos —não há estudos para avaliar a eficácia e a segurança da vacina fora dessa faixa etária.
A infectologista e consultora de vacinas da Dasa, Maria Isabel de Moraes Pinto, afirma que pessoas de diferentes idades têm procurado a Qdenga nas clínicas da rede, mas principalmente adultos. “Alguns deles trazem seus filhos e toda a família se imuniza.”
De acordo com a médica Maria Isabel, da Dasa, as vacinas estão disponíveis em todos os laboratórios da rede, como Alta Diagnósticos e Delboni, em São Paulo; Sérgio Franco, Lâmina e Bronstein, no Rio de Janeiro. No Nordeste no Leme Image e Cerpe Prime; no Centro-Oeste no Exame e Atalaia.
Contudo a rede não divulgou valores, sugerindo que seja feita consulta no site ABCVAC, entidade do setor.
Na Clinivac, o custo é de R$ 440 por dose da Qdenga. Porém, neste mês, é possível obter 10% de desconto no agendamento da vacina pelo site, no qual é gerado um código durante o processo. Por telefone, é necessário solicitar o desconto; presencialmente, basta informar que deseja o desconto informado no Instagram e no site da Clinivac.
Entre as clínicas consultadas pela Folha, a vacina Dengvaxia, da fabricante Sanofi, também aprovada no Brasil, está disponível na Dasa, que não divulgou preços.
“A Dengvaxia é feita a partir de vírus vivo atenuado e aplicada em três doses que devem ser ministradas com seis meses entre elas, levando 12 meses para completar a imunização. Ela é indicada apenas para pessoas que já tiveram dengue e confere proteção contra os quatro tipos de dengue”, explica a infectologista e consultora de vacinas da Dasa, Maria Isabel de Moraes Pinto.
No início do último mês de dezembro, o Ministério da Saúde divulgou um boletim mostrando um aumento de 15,8% nos casos de dengue no Brasil em 2023, em comparação ao ano anterior. As ocorrências saltaram de 1,3 milhão em 2022 para 1,6 milhão.