O editor-chefe Renato Marafon e nosso colaborador Felipe Picelli trazem o novo CinePAPO, nosso podcast semanal que traz as novidades do cinema. E hoje é ao vivo, à partir das 19 horas.
No vídeo, o Renato e o Fefo falam sobre o novo terror que fez as pessoas saírem do cinema, Framboesa de Ouro, Oscar, terror com freiras e dicas de filmes!
Assista:
O CinePAPO é gravado no estúdio da Globalt, em Rio Claro.
O anúncio dos indicados para a 96ª edição do maior prêmio da sétima arte, o Oscar, foi realizado na manhã desta terça-feira, dia 23 de janeiro. A noite das premiações ocorre no dia 10 de março. Até lá, teremos uma verdadeira corrida, na qual os estúdios promoverão as campanhas de seus indicados.
A maioria das indicações eram previstas pela trajetória que tais obras vinham fazendo em premiações que servem como termómetro ao Oscar. Como por exemplo, a limpa promovida por ‘Oppenheimer’, indicado para 13 Oscars e o grande favorito na categoria de melhor filme. O blockbuster de Christopher Nolan é o filme com mais nomeações este ano. Seguindo de perto está o diferentão ‘Pobres Criaturas’ com 11 indicações, e ‘Assassinos da Lua das Flores’, de Martin Scorsese, com 10 indicações.
Apesar das cartas marcadas, todo ano temos também as surpresas e os esnobados pela Academia. E esse ano não foi diferente. Abaixo apontamos justamente quais foram as maiores em nossa opinião esse ano. Confira.
Não deixe de assistir:
Provavelmente a maior estrela do mundo nesse momento, a australiana Margot Robbie não teve nenhum amor da Academia esse ano. ‘Barbie’ recebeu 8 indicações ao Oscar (o quarto maior número de nomeações em 2024), incluindo melhor filme e atores coadjuvantes para Ryan Gosling e America Ferrera (a maior surpresa de 2024). Na verdade, Robbie foi indicada, mas como produtora do filme e não como atriz – e vai ver os votantes acharam que isso já bastava. Robbie possui duas indicações anteriores como atriz.
Já que o assunto é ‘Barbie’, a indicação que certamente mais pegou todos de surpresa foi a de America Ferrera como melhor atriz coadjuvante pelo filme. Não me leve a mal, Ferrera é uma ótima atriz e seu desempenho é impecável, em especial o discurso que dá no longa. Mas o que acontece é que ela não havia aparecido antes em nenhuma das premiações importantes que antecedem o Oscar, então foi um presente dado pela Academia de forma surpresa a ela. A verdade é que a quinta vaga nessa categoria não estava mesmo definida e as outras candidaturas não eram fortes o suficiente.
Em quase um século de Oscar, apenas sete mulheres (agora oito) foram indicadas ao prêmio de melhor direção. Delas, a neozelandesa Jane Campion foi indicada duas vezes, em 1994 e 2022. E apenas três levaram o prêmio (Kathryn Bigelow em 2013, Chloé Zhao em 2021, e Jane Campion em 2022). O fato se tornou polêmica e depois disso, todo ano a Academia tenta encaixar ao menos uma diretora entre os nomeados.
Esse ano, os nomes femininos mais esperados para a vaga eram os de Greta Gerwig, por ‘Barbie’, e Emerald Fennell por ‘Saltburn’. Ambas já foram indicadas no passado (Gerwig em 2018, e Fennell em 2021). Gerwig até descolou uma indicação secundária de melhor roteiro esse ano, mas nada de direção. Quem ficou com a vaga foi a estreante na categoria, Justine Triet, cineasta francesa de 45 anos que está no comando do thriller ‘Anatomia de uma Queda’.
Por anos, Leonardo DiCaprio foi motivo de memes na internet pelo fato de que constantemente era indicado ao Oscar, além de ser considerado o melhor ator de sua geração, mas o prêmio mesmo estava ruim de sair. Tudo mudou em 2016, quando o astro finalmente levaria a estatueta por ‘O Regresso’. Esse ano, no entanto, DiCaprio voltou a ser esnobado pela Academia.
Isso porque todos davam como certa a sua nomeação por ‘Assassinos da Lua das Flores’, do amigo Scorsese, e seu nome vinha aparecendo em todas as premiações prévias, que servem de termômetro para o Oscar. Dentre as 10 indicações que o filme recebeu todas estavam previstas, menos a ausência de DiCaprio na categoria de melhor ator.
Barry Keoghan é um “monstro”. O jovem ator de 30 anos ainda é um novato, mas vem chamando atenção em trabalho atrás de trabalho. Parece não existir lugar onde o intérprete não está disposto a ir em nome de uma atuação. A prova disso são as cenas de cair o queixo que protagoniza em ‘Saltburn’. Keoghan tem uma indicação ao Oscar por ‘Os Banshees de Inisherin’, e todos esperavam que fosse lembrado novamente por seu desempenho visceral em ‘Saltburn’, de Emerald Fennell. Mas o filme não caiu nas graças dos votantes e isso terminou prejudicando o trabalho de Keoghan, um dos melhores do ano passado.
Por falar no filme de Emerald Fennell, os votantes da Academia não demonstraram qualquer amor pelo subversivo ‘Saltburn’, uma obra que gerou muita expectativa e deu o que falar após sua passagem em festivais. Críticos acreditavam que o longa seria um dos títulos marcantes da temporada de prêmios e do Oscar. Mas eis que a obra foi solenemente esnobada.
Apesar de ter sido indicado para 5 prêmios no BAFTA, o “Oscar Inglês”, ‘Saltburn’ não foi lembrado sequer para uma categoria no Oscar verdadeiro. Dentre as possíveis nomeações do filme, eram cogitadas atriz coadjuvante para Rosamund Pike, ator coadjuvante para Jacob Elordi e direção para Fennell. Porém, as ausências sentidas de verdade foram as de melhor ator para Barry Keoghan e melhor roteiro para Fennell.
O item acima nos leva diretamente para ‘Segredos de um Escândalo’ (May December). Esse era outro filme que gerava grande expectativa de premiações quando foi lançado. Afinal, um filme estrelado por Natalie Portman e Julianne Moore, com direção de Todd Haynes, não tinha como ser diferente. Mas aí começaram a sair avaliações mistas em relação ao filme, o que pode ter esfriado um pouco o momento do longa.
O que todos concordam é sobre as atuações de ponta das protagonistas Portman e Moore, e até mesmo do jovem Charles Melton. Nenhum deles foi lembrado. Por outro lado, o que ninguém esperava era que o filme recebesse uma indicação de melhor roteiro original, que terminou acontecendo e surpreendeu todos. Em especial porque “tirou a vaga” do mais esperado ‘Saltburn’.
Esse aqui é um caso curioso. A versão musical de ‘A Cor Púrpura’ gerava grande interesse e poderia ter sido indicado em bem mais categorias, incluindo melhor filme. Afinal, aqui temos uma história verdadeiramente poderosa, baseada no livro de Alice Walker. Indicações eram esperadas para a protagonista Fantasia Barrino, por exemplo. Porém, em um ano de muitas obras excelente e com lobbys mais fortes, ‘A Cor Púrpura’ terminou nomeado apenas na categoria de atriz coadjuvante (Danielle Brooks).
O que nos remete diretamente à primeira adaptação da obra para o cinema, em um drama não musical, dirigido por Steven Spielberg. O primeiro ‘A Cor Púrpura’ é conhecido na história dos prêmios da Academia como um dos maiores injustiçados de todos os tempos. Isso porque o longa foi nomeado para nada menos que 11 prêmios, incluindo melhor filme, e não levou para casa sequer unzinho. Infelizmente, a nova versão não serviu como redenção e seguiu de perto a trajetória da obra clássica.
Agora temos outro caso curioso. Nem sempre a comissão encarregada de eleger o filme que irá representar um país no Oscar acerta. Até mesmo o Brasil já sofreu com o fato em determinados anos (quem lembra da esnobada em ‘Aquarius’ em prol de ‘Pequeno Segredo’?). Esse ano, já estão rolando brincadeiras em relação ao francês ‘Anatomia de uma Queda’, que não foi o escolhido da França para representar o país. O eleito foi o romance ‘O Sabor da Vida’, com Juliette Binoche, que passou em branco.
Já ‘Anatomia de uma Queda’ recebeu cinco indicações ao Oscar, incluindo melhor filme, direção, roteiro original e atriz (Sandra Hüller), sendo o filme francês mais popular de 2023. Ou seja, caso fosse o representante de seu país, certamente sairia vitorioso da categoria de melhor produção estrangeira no Oscar.
Outro que “era certeza” no Oscar quando começaram a pipocar as primeiras imagens de Joaquin Phoenix caracterizado como o Imperador francês, bastou o filme ser lançado e as críticas nada favoráveis aparecerem que ‘Napoleão’ foi minguando. Bem, é só perceber que este tem se tornado um fato costumeiro com as produções de Ridley Scott, vide ‘Casa Gucci’ e ‘O Último Duelo’. De favorito a indicações, ‘Napoleão’ rapidamente evaporou de todo e qualquer bolão de apostas. Porém, nunca diga nunca. Mostrando que a obra não está completamente morta, a produção de Scott conseguiu espremer três indicações técnicas em seu currículo: efeitos especiais, direção de arte e figurino.