Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Metereologia), a umidade relativa do ar, nesta quarta (11), em diversas regiões do país está variando entre 20% e 12%. Essa condição traz riscos à saúde e o instituto recomenda beber bastante líquido, evitar o sol e atividades físicas, hidratar a pele e umidificar o ambiente.
A umidade do ar não é o único fator de risco para a saúde, segundo Ciro Kirchenchtejn, pneumologista da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia). “Estamos vivendo um momento de seca e de queimada. Além do calor e do ressecamento, temos a presença de poluentes no ar. Eles são altamente lesivos”, explica.
Kirchenchtejn ressalta que essa condição climática pode piorar diversas doenças, “principalmente em populações vulneráveis, como bebês pequenos, pessoas com mais de 60 anos, portadores de doenças crônicas, como diabetes, pacientes com DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), que sofreram AVC (acidente vascular cerebral), com doenças neurológicas, como o Parkinson, e pacientes com risco de infarto”.
Para o pneumologista, com a umidade relativa do ar muito baixa, qualquer tipo de umidificação do ar “vale a pena”. “Tem algumas medidas caseiras que são gratuitas. Uma é você pegar panos molhados ou uma bacia cheia de água, e deixar, por exemplo, perto do berço do bebê. A água vai evaporar com o efeito do calor e isso vai aumentar um pouquinho a umidificação do ar. Não é um conforto muito grande, mas é uma coisa caseira e que quem não tem dinheiro pode fazer”, destaca.
Já os umidificadores elétricos, segundo Kirchenchtejn, têm a capacidade de aumentar a umidificação do ar entre 30% e 40%. “A umidade relativa do ar também não chega, às vezes, nem à normalidade, porque se a gente está em 20%, melhorar 40% é entrar em 60%, mas para crianças pequenas e idosos talvez isso faça muita diferença. Se você colocar mais um umidificador, você deve tornar o ambiente um pouquinho melhor”, explica.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) estabelece que índices de umidade relativa do ar inferiores a 60% não são adequados para a saúde humana. O CGE (Centro de Gerenciamento de Emergência), da Prefeitura de São Paulo, utiliza uma escala que aponta os níveis de criticidade da umidade do ar, classificados em atenção (entre 21% e 30%), alerta (entre 12% e 20%) e emergência (abaixo de 12%).
Para escolher qual é o melhor umidificador elétrico, Kirchenchtejn relembra que o produto precisa ter o selo do Inmetro e é necessário analisar a capacidade de umidificação “para a área que você vai usar e a quantidade de pessoas no ambiente”.
Em relação à capacidade do reservatório, o pneumologista afirma que ela varia de acordo com o tempo em que o aparelho passará ligado. “Se você tem um reservatório de dois litros, talvez ele dure quatro horas. Então, se você colocar às 20h, por exemplo, à meia-noite, você vai ter que trocar o sistema, limpar e colocar mais água para o resto da noite”, exemplifica.
Outro fator para ser considerado é a facilidade de limpeza do aparelho, já que é necessário “trocar a água todo dia. Isso porque essa água pode se contaminar”, diz Kirchenchtejn.
A capacidade de umidificação do aparelho também muda, de acordo com o pneumologista, com a temperatura, o horário do dia e a umidade relativa do ambiente. “Se você coloca um copo d’água num dia que está 40ºC, ele vai evaporar e vai umidificar o ambiente. Agora num dia que está -10ºC, o seu copo vai congelar. Então, o estado natural do ambiente vai mudar a eficiência desses aparelhos”, explica.
Leonardo Cozac, engenheiro especialista em qualidade do ar interno e presidente da Brasindoor (Sociedade Brasileira de Meio Ambiente e Controle de Qualidade do Ar de Interiores), reforça a importância de escolher um produto de qualidade e tomar cuidado com itens importados muito baratos, comprados pela internet, que podem não ter passado por testes de segurança. “Estamos falando de um produto para a saúde. Não sabemos que material pode ter sido usado, se há risco de incêndio ou de outros problemas.”
Os preços podem variar bastante, mas há diferentes opções entre R$ 120 e R$ 300.
O pneumologista ainda ressalta que “só a umidificação não vai resolver. Vamos precisar de medidas que envolvem a defesa civil para afastar as pessoas dos focos de incêndio e dos focos de maior poluição agora”. Kirchenchtejn recomenda, para as pessoas que vivem em regiões próximas à queimadas, fechar a casa para bloquear a entrada de poluentes, evitar trabalhar em ambiente externo e não praticar atividades físicas.