Manter uma vida saudável, com rotina alimentar adequada e exercícios físicos, pode ajudar a prevenir o câncer de mama. A doença tem fatores de risco chamados de modificáveis, como obesidade, tabagismo, consumi elevado de álcool e sedentarismo, que podem ser controlados.
Um estudo publicado na revista científica Cancer Research em 2021 mostrou que um estilo de vida mais saudável pode contribuir para a diminuição da incidência de câncer mesmo em pessoas com alto risco genético para o desenvolvimento de tumores.
Além dos fatores ambientais, também existem as causas não modificáveis da doença, como o sexo, a idade e o histórico familiar.
Paulo Alcantara, mastologista do Hospital Sírio-Libânes, diz que os tumores hereditários de mama (passados de geração para geração) correspondem de 5 a 10% dos casos.
“Tem as mutações genéticas, principalmente nos genes BRCA1 e 2, que aumentam significativamente o risco de câncer de mama”, diz.
Os genes BRCA1 e 2 produzem proteínas que reparam o DNA. As mutações, geralmente herdadas do pai e mãe, podem comprometer esse reparo, o que aumenta o risco de desenvolver um tumor mamário.
A pesquisa avaliou dados genéticos e de estilo de vida de um banco inglês com 202.842 homens e 239.659 mulheres. O trabalho envolveu o cálculo do risco individual genético para 16 tipos de câncer em homens e 18 em mulheres.
Entre os pacientes com alto risco genético, a incidência de câncer em cinco anos foi 5,51% em homens e 3,69% em mulheres com estilo de vida mais saudável —contra 7,23% em homens e 5,77% em mulheres com estilo de vida não saudável.
Outro estudo divulgado em 2020 no periódico Jama Network também demonstrou que hábitos saudáveis podem reduzir o risco de desenvolver a doença. Ao longo de dez anos, foi avaliado um grupo de quase 100 mil mulheres britânicas na pós-menopausa.
Os pesquisadores concluíram que o câncer de mama estava relacionado a pacientes com maior índice de massa corpórea, que fizeram reposição hormonal por períodos maiores do que cinco anos, que usaram anticoncepcional por mais tempo e que faziam maior ingestão de álcool.
Além disso, o material apontou que mesmo as pacientes com um risco genético baixo, quando não levam um estilo de vida saudável, também podem desenvolver tumores mamários.
A radiologista e coordenadora de Imagem da Mama no Laboratório Alta Diagnósticos Flora Fingerman afirma que a mulher que menstrua muito cedo, antes dos 12 anos, e que entra em menopausa mais tarde, após os 55, também tem mais riscos de desenvolver câncer de mama devido ao maior número de anos exposta ao estrogênio.
O estrógeno é um hormônio feminino envolvido em todas as fases reprodutivas da mulher. Na mama, ele estimula a proliferação das células, o que pode gerar mutações.
“Essas mutações são células anormais que se formam durante a divisão celular e o corpo combate normalmente. Mas quando essas mutações são muito numerosas, às vezes o corpo deixa passar alguma e essa célula mutada pode levar ao câncer”, explica.
Não existe prevenção específica para o câncer de mama. Mesmo com um estilo de vida saudável, os riscos de desenvolvimento da doença existem. Por isso, recomenda-se o cuidado preventivo, para obtenção de diagnósticos precoces e o rastreamento (exame em mulheres que não têm sintomas) do tumor.
“A mamografia é o exame mais indicado para fazer o diagnóstico precoce do câncer de mama. Quando a gente faz o diagnóstico precoce, com o tumor em fase inicial, a chance de cura é muito alta, de 95% a até 100%”, afirma Fingerman.
O Ministério da Saúde recomenda que a mamografia seja feita entre 50 e 69 anos, pelo menos uma vez a cada dois anos. Mas especialistas e sociedades de mastologia indicam que o exame seja realizado a partir dos 40 anos.
Segundo os médicos, mulheres que têm histórico familiar de câncer de mama devem ser acompanhadas por mastologistas e iniciar o rastreamento mais cedo.
Esta reportagem foi feita em parceria com o Hospital Sírio-Libanês