Hipertensão: o que mudou com classificação de ’12 por 8′ – 24/10/2024 – Equilíbrio e Saúde – Zonatti Apps

Hipertensão: o que mudou com classificação de ’12 por 8′ – 24/10/2024 – Equilíbrio e Saúde

A pressão alta afeta 1 em cada 4 brasileiros, segundo dados divulgados pela OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2023. Globalmente, o número de hipertensos foi de 650 milhões para 1,3 bilhão, entre 1990 e 2019. Para melhorar esse cenário, foram apresentadas novas diretrizes para hipertensão no Congresso Europeu de Cardiologia, em Londres, trazendo mudanças no diagnóstico e tratamento da doença.

A principal novidade é que a pressão arterial 12/8 (entre 120 por 80 e 129 por 84 mmHg), tradicionalmente considerada normal, passa a ser vista como elevada. Agora, a pressão ideal é 12/7 (12 por 7 mmHg) ou menos.

As diretrizes médicas ainda definem hipertensão arterial como uma pressão de 14/9 (140/90 mmHg) ou mais, explica Carlos Alberto Machado, cardiologista e assessor científico da SOCESP (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo).

“Isso significa que o diagnóstico de hipertensão arterial continua o mesmo, ou seja, se sua pressão estiver acima desse valor em duas ocasiões, você será considerado hipertenso”, completa o médico que também é um dos autores da publicação “Diretrizes Brasileiras de Medidas da Pressão Arterial Dentro e Fora do Consultório”.

O objetivo dessa mudança anunciada no congresso europeu é reduzir os níveis de pressão o máximo possível, especialmente para pessoas de alto risco.

Outras alteração nas diretrizes é o início imediato do tratamento medicamentoso para hipertensão, exceto em casos de baixo risco ou em idosos acima de 80 anos, quando o tratamento pode ser iniciado de forma mais gradual para evitar riscos de quedas devido aos efeitos colaterais dos remédios, explica

Anteriormente, pacientes de baixo risco tinham até três meses para tentar controlar a pressão apenas com mudanças no estilo de vida. Agora, o tratamento começa logo após o diagnóstico para alcançar rapidamente a meta de pressão e reduzir o risco de complicações cardiovasculares.

A abordagem atualizada recomenda o uso de dois fármacos de classes diferentes desde o início, aumentando a eficácia e reduzindo os efeitos colaterais. Para casos mais difíceis de controlar, combinações de três fármacos podem alcançar o controle em até 90% dos pacientes.

“O objetivo é atingir a meta de controle entre 3 e 6 meses, reduzindo riscos de comorbidade e mortalidade cardiovascular”, completa o cardiologista. Carlos Alberto Machado afirma que as diretrizes brasileiras de hipertensão estão sendo revisadas, alinhadas ao modelo europeu, com previsão de divulgação no início do próximo ano.

Para as pessoas já diagnosticadas com hipertensão, o tratamento medicamentoso deve começar junto com mudanças no estilo de vida. Para aqueles com pressão apenas elevada, a prioridade é ajustar a rotina, como dieta e exercícios. No entanto, se o risco de problemas cardíacos for alto, é necessário iniciar também o tratamento com medicamentos, explica Celso Amodeo, cardiologista do Hcor (Hospital do Coração).

Pacientes de baixo risco podem inicialmente se beneficiar de mudanças no estilo de vida sem medicamentos, evitando efeitos colaterais desnecessários. Já os muito idosos, devido à fragilidade e ao risco de hipotensão e quedas, precisam de um ajuste mais gradual da pressão arterial para manter uma boa perfusão (passagem de líquido através do sistema circulatório) e priorizar a qualidade de vida.

A diretriz, portanto, recomenda um tratamento mais personalizado e menos agressivo para esses grupos.

Diagnóstico de hipertensão

O diagnóstico de hipertensão não deve se basear em uma única medição no consultório. É recomendada a monitorização ambulatorial (MAPA) ou residencial (MRPA), explica Carlos Alberto Machado. A pressão deve ser medida inicialmente nos dois braços para identificar possíveis diferenças, o que pode indicar problemas de circulação. A precisão é fundamental, já que a hipertensão é uma condição crônica que requer tratamento contínuo.

A medição da pressão no consultório funciona como uma “fotografia”, refletindo a pressão arterial apenas naquele momento específico, enquanto a medição fora do consultório, como a monitorização ambulatorial (MAPA) ou residencial (MRPA), permite um acompanhamento contínuo, oferecendo uma visão mais ampla e precisa do comportamento da pressão ao longo do dia e da noite, ajudando a identificar variações que podem passar despercebidas em uma única consulta.

Estratégias não farmacológicas

Além do uso de medicamentos, a diretriz recomenda medidas não farmacológicas, como exercícios físicos e alimentação equilibrada.

A combinação de atividades aeróbicas (corrida, natação ou bicicleta) e de resistência (musculação) é ideal, devendo ser realizada na maior quantidade de dias possíveis, em intensidade moderada, permitindo falar durante o esforço, explica Andrea Brandão, membro do conselho administrativo da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Alimentação e consumo de sódio

Na alimentação, é recomendada a redução do uso de sal (sódio). Alimentos que ajudam a controlar a pressão alta são ricos em potássio, magnésio e fibras, e pobres em sódio, explica Marcella Garcez, médica nutróloga e diretora da ABRAN (Associação Brasileira de Numerologia).

O potássio ajuda a eliminar o excesso de sódio pelos rins e promove o relaxamento dos vasos sanguíneos, reduzindo a pressão arterial. “Manter um equilíbrio adequado entre potássio e sódio é essencial para controlar a hipertensão”, completa Garcez.

Garcez recomenda frutas e vegetais (banana, abacate, laranja, espinafre), cereais integrais (aveia, quinoa), leguminosas (feijão, lentilha), oleaginosas (nozes, amêndoas), peixes ricos em ômega-3 (salmão, sardinha) e laticínios com baixo teor de gordura.

“A recomendação de consumo de sódio permanece em 2g por dia, o que equivale a 5g de sal de cozinha (cloreto de sódio)”, completa Andrea Brandão.

Deixe um comentário