Urologistas têm utilizado redes sociais para abordar temas sensíveis, mas que geram muitas dúvidas à comunidade masculina, como disfunção erétil, ejaculação precoce e a escolha do melhor estimulante sexual.
Seja por caixinhas de pergunta nos stories do Instagram, seja em vídeos curtos e explicativos, os profissionais da especialidade responsável por cuidar do sistema reprodutor masculino esperam despertar o interesse de mais homens pelo conteúdo.
“Acho que assuntos como estes têm um grande apelo porque os pacientes se interessam muito e ao mesmo tempo têm dificuldade de procurar ajuda”, diz Danilo Galante, médico urologista com especialidade em andrologia (infertilidade) e sexologia que utiliza as plataformas para conscientizar e engajar seu público.
Nas redes, seus seguidores têm, em média, entre 30 e 50 anos, faixa etária inferior à que costuma atender nos consultórios e as principais dúvidas pairam sobre as disfunções sexuais.
“A vida inteira me perguntam sobre disfunção erétil, dificuldades na hora da relação sexual, direção ideal do membro e ejaculação precoce”, relata Galante.
Assuntos novos também podem fazer aumentar o interesse dos seguidores no tema. A novidade da vez é o preenchimento peniano —que pode aumentar o diâmetro do membro. O médico diz que chegou a receber dúvidas em anônimo de colegas de outras especialidades.
Outro assunto de constante interesse são medicamentos destinados para a impotência sexual, como tadalafila, vardenafila e sildenafila.
Conhecido nas redes como “O Médico dos Homens”, o urologista Eduardo Miranda diz que já recebeu dúvidas sobre pacientes que utilizam os medicamentos até no pré-treino. “Existe esse mito de que melhora a performance da atividade física”, afirma o especialista. Dúvidas sobre os efeitos, consequências, malefícios, benefícios de uso desse tipo de medicamento são comuns.
As postagens nas redes do médico eram, até o último ano, institucionais. Mas após a sugestão de um paciente que teve melhora em seu quadro, o especialista decidiu abrir seus canais para que pudesse tirar dúvidas e, quem sabe, ajudar outros homens de um jeito leve e educativo. “Eles sofrem calados, não tem um espaço de conversa”, afirma Miranda.
Além dos vídeos, o médico também oferece alguns cursos voltados ao tema. O principal é o “Máquina de Prazer”, que ele chama de projeto expansivo com base nas queixas que recebia. Em um desafio de 21 dias, o conteúdo levanta algumas questões para além da genitália masculina. “Por lá é abordado que é importante cuidar do corpo e da mente, não só do amigão”, diz Miranda.
Também no ano passado, o médico Matheus Martins, conhecido nas redes como “Urologista Descomplicado”, diz que homens têm dificuldade em procurar ajuda médica e só buscam atendimento quando o problema está evidente.
Postagens com perguntas e respostas, de uma maneira mais informal, podem ser um atrativo para esses homens, diminuindo a inibição do público, segundo o médico. O espaço ainda permite que pessoas que nem sempre podem ter acesso a um urologista consigam esclarecer algumas dúvidas que, parte das vezes, parecem até simples.
“Tem muita gente que me manda pergunta de regiões afastadas, gente que às vezes não tem acesso fácil a informações. A gente tem que informar muito mais esses homens para que eles não tenham vergonha, não tenham medo, não tenham receio e façam o acompanhamento deles com rotina”, diz Martins.
A SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), que nas redes tem o perfil “Portal da Urologia”, recomenda que os homens procurem atendimento médico especializado a partir dos 50 anos, em especial, para avaliação da próstata. Aqueles que fazem parte de grupos de risco ou que possuam parentes de primeiro grau com câncer de próstata, devem começar o acompanhamento a partir dos 45 anos.
Em nota, a SBU afirma que nada substitui uma consulta médica e os conteúdos compartilhados nas redes não correspondem a um diagnóstico ou direcionamento terapêutico e toda e qualquer conduta deve ser individualizada mediante uma avaliação médica.
A sociedade alerta ainda para os riscos da automedicação e repreende todo tipo de publicidade médica sensacionalista.
De acordo com o Manual de Publicidade Médica do CFM (Conselho Federal de Medicina), o conteúdo médico instrutivo é bem-vindo e os conteúdos em redes sociais devem ter caráter educativo e precisam ser guiados pela ética, embasamento científico e diretrizes da sociedade de especialidade.
Para checar se determinado profissional é, de fato, o especialista que diz ser, a SBU recomenda a busca no Portal Médico do Conselho Regional de Medicina o CRM ou RQE (registro de qualificação de especialista) do profissional. Se o médico for infrator, o recomendado é que uma denúncia seja feita ao CRM.