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Acho difícil você ter passado pelas redes sociais nesta semana sem topar com o seguinte dado: uma mulher é assassinada pelo parceiro ou por um parente a cada 10 minutos no mundo.
Os números vêm de um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas), que diz que 60% das mulheres já foram vítimas dentro de casa. Isso significa que o lar é o lugar mais perigoso para as mulheres.
São ao menos 85 mil adultas e jovens assassinadas de forma intencional no mundo em 2023, prática conhecida como feminicídio.
Segundo o relatório, nas Américas e na Europa, os feminicídios são cometidos majoritariamente pelo parceiro, enquanto no resto do mundo outros membros da família são os mais envolvidos nos crimes.
Muitas dessas mortes seriam evitáveis, segundo o estudo, uma vez que várias dessas mulheres relataram ter sofrido violência física, sexual ou psicológica antes.
Desde 2010, a taxa de feminicídios estagnou ou diminuiu levemente nas regiões em que é possível avaliar tendências. Segundo o estudo, isso sugere que é uma forma de violência enraizada e difícil de erradicar.
No Brasil, o cenário não é mais esperançoso. A repórter Mariana Zylberkan discutiu uma pesquisa do Instituto Patrícia Galvão que diz que 6 em cada 10 mulheres do país dizem conhecer ao menos uma vítima que foi ameaçada de morte pelo parceiro.
Das entrevistadas, 1.353 mulheres com mais de 18 anos, 19% dizem já ter sido elas mesmas ameaçadas dentro de casa.
Aqui, desde 2006 vigora a lei Maria da Penha, nomeada em homenagem a uma sobrevivente de violência doméstica que ficou paraplégica depois que seu marido tentou matá-la enquanto ela dormia, em 1983.
Depois que saiu do hospital, ela voltou para a casa em que viviam, onde foi mantida em cárcere privado. O marido dela foi julgado em 1991. Não foi preso até 2002.
Li por aqui
No fim do ano passado, a gestão Nunes fechou um dos hospitais de referência para o aborto em São Paulo, o Vila Nova Cachoeirinha. A justificativa dada pela prefeitura era de que o equipamento seria voltado para a realização de outros procedimentos relativos à saúde da mulher, como cirurgias de endometriose. Mas os repórteres Marcos Candido e Luana Lisboa descobriram que a fila para a realização deste procedimento está zerada.
Alguns médicos que atuavam no hospital sofreram uma ofensiva do Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo), e ao menos duas médicas foram suspensas. Agora, o MPF (Ministério Público Federal) abriu uma investigação contra o Cremesp.
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Se você ainda não viu o filme “Ainda Estou Aqui”, corra para o cinema mais próximo. O longa, dirigido por Walter Salles com base no livro de Marcelo Rubens Paiva, é emocionante –e está lotando as salas Brasil afora , além de ter se tornado candidato brasileiro ao Oscar. O filme conta a história da família Paiva, principalmente da mãe de Marcelo, Eunice, que viu seu marido ser sequestrado do dia para a noite pelos militares na ditatura. Fernanda Torres tem usado seus looks de tapete vermelho para construir uma narrativa sobre o próprio filme.