Estrelado por Angourie Rice (de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa) e Gaten Matarazzo (de Stranger Things), Honor Society chega nesta sexta (16) ao Paramount+ com o intuito de provar que comédias voltadas ao público adolescente podem ir além da batida premissa do romance entre o rapaz popular e a garota nerd (ou vice-versa).
Na produção, Honor (Angourie Rice) tem um único objetivo na vida: estudar em Harvard. Para ser aceita na faculdade mais conceituada dos Estados Unidos, ela bolou um plano que já dura vários anos. Além de se dedicar aos estudos para tirar notas excelentes, a jovem participa de atividades extracurriculares, faz ações de caridade e até criou um clube de caratê no colégio –tudo para formular o currículo perfeito aos olhos dos avaliadores.
O último passo do processo é convencer seu orientador, o senhor Calvin (Christopher Mintz-Plasse), a escreve uma carta de recomendação para ela. Ele tem bons contatos em Harvard e uma fixação sexual pela aluna, algo que ela não tem medo de usar a seu favor –o que já mostra a determinação de Honor em fazer qualquer coisa (ou quase isso) para entrar na universidade dos sonhos.
Mas o plano tão bem desenhado começa a ruir quando Calvin informa a Honor que só pode recomendar um aluno e, neste ano, está em dúvida entre quatro: ela, o nerd tímido Michael (Gaten Matarazzo), o atleta popular Travis (Armani Jackson) e a estudiosa antissocial Kennedy (Amy Keum).
É aí que Honor Society emplaca o melhor de sua narrativa: disposta a jogar sujo para assegurar sua vaga em Harvard, a protagonista começa a planejar maneiras de desestabilizar seus adversários para diminuir as notas deles. Entre segredos sujos e muitas manipulações, ela acaba descobrindo que a vida pode ter outros valores.
Inteligente, divertido e provocador, o longa não subestima seus espectadores e constrói uma narrativa intrigante e repleta de reviravoltas. Dizer mais do que isso seria estragar o desfecho da história, que merece ser conferida sem nenhum spoiler.
Angourie Rice é uma revelação no papel principal de Honor Society. Com um papel secundário na trilogia do Homem-Aranha de Tom Holland, ela finalmente tem espaço para brilhar em um longa. Sua personagem comete atitudes odiosas, mas o público se mantém do lado dela por causa de seu carisma e de seu olhar que transmite ao mesmo tempo inocência e crueldade.
Gaten Matarazzo, à primeira vista, parece apenas atualizar o Dustin de Stranger Things para os dias de hoje. Seu Michael preenche todas as caixas de clichês associados aos nerds do entretenimento: tímido e incapaz de conversar com mulheres bonitas, mas também divertido e sagaz após a desconfiança inicial. Ao longo do filme, porém, ele mostra novas camadas, que tornam o personagem bem mais interessante.
Já Christopher Mintz-Plasse, que cravou seu nome na história dos filmes teen como o McLovin de Superbad – É Hoje (2007), passa para o outro lado do balcão como o professor manipulado pelos jovens. Ele tem o papel mais duvidoso do longa, pois sua paixonite por Honor circula a pedofilia e beira o doentio. E, mesmo se tratando de uma comédia, a produção não se furta de apontar o quão errada é essa relação.
Assim como Mulher-Hulk, Honor Society também quebra a quarta parede para que sua protagonista se comunique diretamente com quem assiste ao filme, o que ajuda a entender por que é tão importante para ela sair de sua cidade pequena e ir para Harvard. Com pais que a adoram, popularidade na escola e uma vida de classe média alta tranquila, ela já tem tanto a seu favor que ficaria fácil questionar suas atitudes ruins.
O jeito da personagem remete a Tracy Enid Flick, de Eleição (1999). Mas, se na época do lançamento a protagonista defendida brilhantemente por Reese Witherspoon irritava o público por sua determinação, 23 anos depois a heroína de Angourie Rice conquista os espectadores pelo mesmo motivo. Para sorte de Honor, os tempos mudaram –ainda bem!
Confira o trailer de Honor Society:
Honor Society – Trailer
Comédia da Paramount+ não subestima público adolescente