Diretor explica mudanças entre livro e série – Zonatti Apps

Diretor explica mudanças entre livro e série

Best-seller homônimo de Carina Rissi, No Mundo da Luna é um livro cuja popularidade vem de seu sucesso entre o público teen. Querida por muitos, a obra ganhou uma adaptação pela HBO Max que apresenta diferenças com relação ao material original.

Fazer uma adaptação para o cinema ou para a TV nunca é uma tarefa fácil. No caso de livros como o de Carina, suas versões cinematográficas chegam em épocas posteriores à trama original, sendo necessário fazer alterações que encaixem a narrativa no mundo atual.

No caso de No Mundo da Luna, cuja primeira publicação ocorreu em 2015, certas mudanças se provaram realmente necessárias. Apesar de apenas sete anos separarem o lançamento do livro e da série, a sociedade evoluiu como um todo, seja em aspectos sociais ou tecnológicos. Conceitos como relacionamento aberto, poliamor e até signos são mais populares em 2022 do que na década passada.

É por causa dessa evolução da sociedade que Roberto D’Ávila, diretor e produtor de No Mundo da Luna, viu a necessidade de aproximar o livro do mundo atual. Segundo o cineasta, uma adaptação não precisa necessariamente ser 100% fiel à obra original apenas para agradar ao autointitulado “fã raiz”.

“A gente teve um processo a quatro mãos com a HBO Max para fazer uma adaptação que traria a história para o mundo de hoje. Se você olhar o livro original, a Luna trabalhava em um veículo impresso, em uma revista, e nós transportamos isso para um portal de notícias. A própria relação amorosa entre esses personagens, que é uma coisa indicada no livro, não é exatamente um triângulo amoroso. Ela tem interesse em duas pessoas, mas acaba vinculando essa coisa romântica mais em um do que em outro. Na série, nós buscamos equilibrar isso, porque é uma questão muito mais presente na geração da Luna. O fato de você poder experimentar outras coisas e outros interesses românticos”, detalhou D’Ávila.

“Isso aprofunda ainda mais a personagem e a dúvida dela, né? E o que me interessa muito na Luna como personagem é essa pessoa que vem com muita energia e com muita ideologia para encarar esse mundo, mas vai se defrontando com a realidade. Ela precisa lidar com a realidade e, portanto, é uma personagem cheia de certezas, mas também de dúvidas. E as dúvidas dela me interessam muito, seja no aspecto romântico, pessoal ou profissional.”

Assim como em obras aclamadas mundialmente –caso de Harry Potter e O Senhor dos Anéis–, algumas alterações feitas por suas respectivas adaptações não agradaram aos fãs dos livros. Para D’Ávila, esta cobrança indireta do público fez uma pressão natural na hora de escrever a série No Mundo da Luna.

“A pressão existe, né? Não diria nem que é uma pressão, mas uma expectativa. As pessoas se afeiçoaram à obra por um motivo e esperam ver aquilo retratado. Esperam ver as exatas cenas que elas leram e as inspiraram. No entanto, a gente teve um processo muito bacana com o canal [a HBO Max]. Eles nos deram muita abertura para fazer uma adaptação que se relacionasse com o mundo atual”, completou.

Romaní, Marina Moschen e Léo Bittencourt

Romani, Marina Moschen e Leo Bittencourt são os protagonistas de No Mundo da Luna

Divulgação/HBO Max

Liberdade no streaming

Com a ascensão das plataformas de streaming em todo o mundo, o mercado audiovisual mudou. No caso específico do Brasil, as novelas deixaram de ser a menina dos olhos de atores da nova geração, que viram surgir mais oportunidades profissionais com séries e filmes exclusivas destas plataformas e que poderiam ser produzidas sem as amarras da TV aberta.

Na visão de Roberto D’Ávila, as plataformas de streamings não são sinônimo de liberdade criativa. Apesar de muitas séries que fizeram sucesso em plataformas digitais terem se destacado pela violência e cenas de sexo, isso não assegura que todas as produções vão escapar da visão de alguns executivos.

“Eu já trabalhei bastante em todas variantes, né? Em TV linear, seja aberta ou fechada, no cinema e agora em streamings. Acho que a liberdade de adaptação e a liberdade criativa têm muito mais a ver com a cultura de cada empresa e com os executivos com os quais você lida. [Quem define liberdade] são as pessoas que tomam decisões dentro dos canais e não o mercado propriamente dito. Não quer dizer que só porque é streaming você tem mais liberdade de adaptação.”

“Há alguns streamings que, como política, estão perseguindo outra coisa que funcionou [para fazer igual]. Então, isso te limita em ousadia e criatividade por um lado. Por outro, tem a empresa de mídia tradicional, linear, que pega um projeto e fala: ‘Faça conforme a sua visão’. No fundo, é isso que interessa, né? Dentro do meio, a gente vive da nossa visão. Se alguém contrata a Shonda Rhimes por US$ 100 milhões, é porque ela tem uma visão particular de como desenvolver séries. Então, isso vai muito da relação que você tem com essas empresas”, finalizou.

Todos os episódios de No Mundo da Luna estão disponíveis no catálogo da HBO Max.

Marina Moschen

No Mundo da Luna

Trailer oficial

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