Pérola escondida do Lionsgate+, Gangs of London não é considerada a nova Peaky Blinders à toa. Com reviravoltas impactantes e muita violência, a atração britânica tem conquistado fãs em todo o mundo e furado a bolha das fronteiras.
Entre as muitas características que tornam a série um hit, a violência marcada pela guerra entre gangues –como indica o próprio título– chamou a atenção do público desde a primeira temporada. São lutas muito bem coreografadas e cenas de ação de tirar o fôlego que fizeram Gangs of London, inclusive, ser comparada por alguns críticos ingleses à franquia 007.
Apesar de não serem sinônimo de sucesso, violência e cenas de ação bem rodadas ajudam franquias a se tornarem inesquecíveis para o público. No caso de Gangs of London, o fato de a série trabalhar bem estes elementos sem apelar para mortes grotescas fez com que a atração ganhasse destaque entre outras produções do gênero.
Para Narges Rashidi, intérprete da criminosa Lale na atração, a brutalidade ficcional encanta a audiência. Apesar de todas os problemas do mundo real, a atriz acredita que violência vende produtos baseados no escapismo da realidade –o que torna a experiência de assistir a Gangs of London mais divertida.
“Nós sabemos que não é real [a violência]. De alguma forma, nós sabemos disso. Eu sempre explico para mim mesma desta forma porque adoro assistir a este tipo de produção. São seres humanos, e nós não somos perfeitos. Ver alguém na tela que é ainda menos perfeito e, de certa maneira, enxergar o lado humano desta pessoa é o que torna isso mais cativante”, argumentou a estrela de 42 anos em entrevista exclusiva à Tangerina.
“Claro que há violência na vida real, e isso não é bom, mas é diferente da ficção. Nós assistimos a filmes e séries como uma forma de escapismo, e é importante que isso não seja levado para fora da ficção”, completou.
Importância da representatividade
Se as cenas de luta são partes marcantes da narrativa de Gangs of London, a série também se destaca por explorar outro elemento muito importante nas produções atuais: diversidade. As várias gangues da atração são formadas por irlandeses, nigerianos, turcos, albaneses e outras nacionalidades.
Representar todas as comunidades que compõem a população londrina é um atrativo não apenas para o público, mas também para os atores da série. Nascida no Irã, Narges contou que passou grande parte da sua carreira vendo pouca representatividade no mercado audiovisual e que Gangs of London é um marco por retratar a realidade britânica como ela é de fato.
“As pessoas querem ver diversidade. Está tudo bem para eles, caso contrário eles não assistiriam à série. Se você vai a Londres, que é uma das minhas cidades favoritas em todo o mundo, você vê vários tipos de pessoas e culturas. Há muitos restaurantes diferentes para comer, com culinárias de todos os lugares. É algo lindo e rico, assim como a nossa série. Eu sou realmente muito grata que Gareth Evans [cocriador de Gangs of London] tenha criado uma série que nos permitiu ver essa parte de Londres. É algo muito raro, e espero que isso abra mais portas. Com a chegada dos serviços de streaming, isso facilita a missão de que nós, um dia, possamos ser um só mundo.”
Pippa Bennett-Warner (Shannon) e Lucian Msamati (Ed)
Divulgação/Lionsgate+
Na visão de Pippa Bennett-Warner, que vive Shannon Dumani na atração, Gangs of London capta perfeitamente a mistura de nações que, segundo ela, enche os olhos os britânicos. Nativa de Banbury, na Inglaterra, a atriz de 35 anos se diz orgulhosa de estrelar uma série de sucesso que honra este lado do país.
“Eu me lembro do primeiro encontro do elenco, ainda em 2018, para fazer a leitura inicial do roteiro. Eu pensei que era a mesa de leitura mais incrível em que eu já estive em toda a minha carreira. Eram atores de várias nacionalidades falando em sua língua nativa e não apenas em inglês. Acho que foi muito ambicioso para uma série, e nós fizemos por merecer esse sucesso”, acrescentou.
À reportagem, Pippa explicou que a segunda temporada da atração, que estreia neste domingo (4) no Lionsgate+, não vai cativar o público apenas com violência e representatividade. Após introduzir os personagens no primeiro ano, a nova leva vai expandir o universo de Gangs of London e se aprofundar em questões que envolvem famílias muito além do mundo do crime.
“Todos nós [personagens] estamos carregando dor. Na primeira temporada, você conheceu todo mundo e eles tiveram suas diferenças, mas muitas coisas aconteceram. Quando nós retomamos a história, todos estão carregando essas dores, e o público é automaticamente jogado no meio disso. Todos os personagens cresceram e se desenvolveram. Acho que o que apimenta o segundo ano realmente são os acontecimentos da primeira temporada. E ninguém está a salvo”, finalizou.