Setor foi afetado por inflação alta nos Estados Unidos e retorno das vendas para níveis pré-pandemia. Facebook, Apple, Google e Microsoft
Montagem/Reuters
O grupo de “big techs” formado por Apple, Microsoft, Amazon, Meta (dona de Facebook, Instagram e WhatsApp) e Alphabet( Google) perdeu US$ 3,901 trilhões em valor de mercado nos últimos 12 meses. Isso equivale a cerca de R$ 21 trilhões, na cotação de 4 de janeiro.
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Os dados são de um levantamento feito por Einar Rivero, da consultoria TradeMap, a pedido do g1, comparando os valores de mercado no último dia 4 com os de 1 ano atrás.
A queda das ‘big techs’
Juan Silva/ g1
Ao mesmo tempo, bilionários da área também viram suas fortunas diminuírem. Elon Musk, que deixou de ser o homem mais rico do mundo em dezembro, tem acumulado perdas nos últimos meses: desde novembro de 2021, seu patrimônio encolheu em US$ 212 bilhões, de acordo com a agência Bloomberg.
Entre outras empresas, Musk é o dono da montadora de carros elétricos Tesla, que também patinou no mercado de ações no ano passado, e do Twitter, que se retirou da bolsa com a venda para Musk, concluída em outubro.
O que explica o ano ruim das ‘big techs’?
Inflação nos EUA: menos anúncios
Para começar a entender a situação das “big techs”, é preciso levar em conta as altas seguidas na taxa de juros nos últimos meses, nos Estados Unidos, para conter a inflação.
Além de impactar nas vendas, o cenário tem feito empresas diminuírem gastos com publicidade, o que afeta em cheio as gigantes da tecnologia que dependem de anúncios.
O Google, por exemplo, até teve um leve crescimento de faturamento com publicidade no 3º trimestre de 2022, mas aquele vindo de propaganda no YouTube caiu 2%. E a receita da Alphabet teve a menor alta desde 2013.
Na Meta, houve queda no faturamento com publicidade nos 2º e 3º trimestres do ano passado, em relação a 2021. E isso em um momento em que a empresa de Mark Zuckerberg tem investido “rios” de dinheiro no chamado metaverso, ainda longe de dar resultados.
A Amazon citou a desaceleração econômica ao planejar a demissão de funcionários também no fim do ano. Na quarta-feira (4), a empresa informou que cortará mais de 18 mil empregos de sua força de trabalho. O plano de redução de pessoal é o maior entre os recentes anúncios de cortes que afetam o setor de tecnologia nos Estados Unidos e o plano mais severo da história da empresa, segundo a France Presse.
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Declínio da pandemia
Quem explica esse fator é o próprio Mark Zuckerberg: “No início da Covid, o mundo rapidamente se moveu para o online e a onda de comércio eletrônico levou a um crescimento de receita. Muitas pessoas previram que esta seria uma aceleração permanente e que continuaria mesmo após o término da pandemia”.
“Eu também [acreditei num cenário estável]. Então, tomei a decisão de aumentar significativamente nossos investimentos. Infelizmente, isso não saiu como eu esperava”, completou Zuckerberg.
A declaração foi dada em novembro, quando ele anunciou o corte de 11 mil vagas na Meta, em novembro.
No caso da Apple, a pandemia trouxe mais um revés: uma nova onda do coronavírus na China, no fim de 2022, afetou a parceira Foxconn, maior responsável pela produção de iPhones no mundo.
Por conta da antiga política de “Covid zero” do país asiático, a fabricante diminuiu sua capacidade de operação durante o ano, o que também afetou as vendas do aparelho.
Tesla também cai
O valor de mercado da Tesla, que também costuma ser associada ao setor de tecnologia, caiu de US$ 936 bilhões para US$ 338 bilhões entre 2021 e 2022, de acordo com o levantamento de Einar Rivero.
Além de a montadora também ter sido afetada pela nova onda de Covid na China, que fez sua fábrica local fechar temporariamente, e sofrer com problemas na cadeia de abastecimento, a queda nas ações é explicada pelas movimentações de seu presidente-executivo, Elon Musk.
De novembro de 2021 a dezembro de 2022, o empresário vendeu US$ 39 bilhões em papéis da Tesla. Parte do valor foi usada para financiar a compra do Twitter por cerca de US$ 44 bilhões.
Com a venda das ações, a Tesla deixou de ser a maior fonte do patrimônio de Musk e foi ultrapassada pela SpaceX, do setor aeroespacial, segundo a Bloomberg.
Isso tudo, junto a um início bastante turbulento à frente do Twitter, fez uma parcela dos investidores da montadora temer que o empresário gaste muito tempo com a rede social e acabe perdendo o foco com a produção de carros.
Elon Musk
Reuters