Embora a música Emo tenha conquistado fãs no mundo inteiro em meados dos anos 2000, com a popularidade de bandas como My Chemical Romance, Fall Out Boy e Panic! At The Disco, o estilo remete ao Punk e Hardcore dos anos 1980.
O Emo nasceu como um subgênero desses estilos nos Estados Unidos, quando bandas como Sunny Day Real Estate, Jimmy Eat World e Mineral criaram estruturas mais complexas e melódicas na guitarra, próximas do Rock Progressivo e Alternativo.
Liricamente, o Emo é pessoal e confessional, abordando temas delicados como saúde mental e relacionamentos. Moda e comportamento também são fatores marcantes dos grupos e fãs do estilo.
Pensando nessa diversidade toda, que vai além do que as pessoas imaginam, o TMDQA! preparou uma lista com as 10 melhores músicas que têm todo o “jeitão” Emo, seja pela letra ou pela sonoridade, mas são de artistas de outros gêneros, do Grunge ao Samba.
A seleção tem nomes como Radiohead, Foo Fighters, Los Hermanos e até Seu Jorge. Pra ilustrar nossas escolhas, priorizamos versões ao vivo, que demonstram melhor o peso das guitarras e a entrega dos vocalistas. Confira!
10 músicas Emo de artistas que não são Emo
Los Hermanos – “Sentimental”
Se por um lado o Los Hermanos faz Ska com metais e clima de Carnaval, por outro a banda é uma das maiores representantes do Rock Alternativo no Brasil, com uma boa dose de linhas melódicas e letras melancólicas.
Em 2001, eles lançaram seu segundo álbum, Bloco do Eu Sozinho, que faz referência justamente a essa dualidade entre alegria e solidão. E uma das músicas que melhor representa isso é “Sentimental”.
Uma das preferidas dos fãs nos shows, a faixa costuma ter os versos “Quem é mais sentimental que eu?” e “Eu só aceito a condição de ter você só pra mim” cantados a plenos pulmões. Muito Emo, cara.
Seu Jorge – “Tive Razão”
Calma, a gente pode explicar. Dono de uma história de vida incrível e um currículo invejável, Seu Jorge é um artista que sempre absorveu as mais diversas influências de várias partes do planeta.
Cru (2004), seu segundo disco solo, abre com a música “Tive Razão”, que começa simplesmente com os versos “Tive razão, posso falar / Não foi legal, não pegou bem / Que vontade de chorar, dói”.
Embora seja levada pelo cavaquinho, a versão ao vivo que separamos abaixo tem solo de trompete, solo de baixo, e até Seu Jorge assumindo a bateria. A faixa é tão universal que foi parar na trilha sonora do jogo FIFA 07.
Chitãozinho & Xororó – “Evidências”
Considerado o “hino moderno” do Brasil, “Evidências” foi lançada no disco Cowboy do Asfalto (1990), o décimo-quinto da lendária dupla Sertaneja. Os versos como “Eu entrego a minha vida pra você fazer o que quiser de mim” são de autoria dos compositores José Augusto e Paulo Sérgio Valle.
Ela foi a música mais tocada nas rádios naquele ano. Além disso, o álbum também tem sucessos como a faixa-título, “Nuvem de Lágrimas” e “É Assim Que Te Amo”. Só por aí já seria uma boa dose de sentimento, mas “Evidências” ainda ganhou uma versão espetacular com a banda Fresno que provou como a música funciona muito bem no contexto Emo!
Foo Fighters – “Aurora”
There is Nothing Left to Lose (1999), terceiro álbum do Foo Fighters e o primeiro com Taylor Hawkins, é mais leve e experimental que os anteriores. Dave Grohl já chegou a dizer que o disco foi “totalmente concentrado nas melodias”.
A música “Aurora” se destaca pela beleza da construção, um refrão chiclete e trechos reflexivos como “You believe there’s something else to relieve your emptiness” — algo como “Você acredita que há algo a mais para aliviar o seu vazio”, em tradução livre.
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Weezer – “Why Bother?”
Em 1996, Rivers Cuomo se recuperava de uma cirurgia na perna, cursava composição clássica em Harvard e escrevia as músicas de Pinkerton, segundo álbum do Weezer.
Essa confusão de acontecimentos resultou em um disco mais sombrio e confessional que o primeiro, o que fica evidente em faixas como “El Scorcho”, “The Good Life” e “Why Bother?”, cantada pelo guitarrista Brian Bell.
O refrão diz: “Why bother? / It’s gonna hurt me, it’s gonna kill when you desert me / This happened to me twice before, it won’t happen to me anymore” (“Pra que se preocupar? / Vai me machucar, vai matar quando você me abandonar / Isso aconteceu comigo duas vezes antes, não vai mais acontecer comigo”).
Vale destacar que, embora não tenha desempenhado bem comercialmente, Pinkerton se tornou um clássico cult com o passar dos anos.
The Smiths – “How Soon Is Now?”
Poucas bandas tiveram uma carreira tão explosiva quanto o The Smiths. Entre 1984 e 1987, eles lançaram quatro discos, um por ano, antes de se separarem para sempre.
Em 1984, o guitarrista Johnny Marr resolveu explorar composições baseadas em um único acorde. O resultado foi o single “William, It Was Really Nothing”, que tem como b-sides as canções “Please, Please, Please, Let Me Get What I Want” e “How Soon Is Now?”.
Essa última se tornou um hino em boates de Rock Alternativo (ou seria do Emo?), especialmente pelo riff sombrio e versos como “I am human and I need to be loved / Just like everybody else does” (“Eu sou humano e preciso ser amado / Da mesma forma que todas as outras pessoas precisam”).
Twenty One Pilots – “Car Radio”
Agora vamos falar de uma banda mais atual, os novos headliners do Lollapalooza Brasil em 2023. O álbum Vessel (2013), que hoje é considerado o segundo disco do grupo, foi o primeiro com Josh Dun.
O baterista adicionou ao Rap-rock de Tyler Joseph uma pegada mais Indie Rock, bastante próxima do Emo e do Pop Punk, o que fez com que o Twenty One Pilots estourasse no mundo todo.
A música “Car Radio” mostra bem essa mistura, e a letra fala sobre refletir sobre a vida em silêncio. Ela foi composta depois que o vocalista teve o rádio do seu carro roubado, e tem versos como “I’m forced to deal with what I feel / There is no distraction to mask what is real” (“Sou forçado a lidar com o que sinto / Não há distração para mascarar o que é real”).
Smashing Pumpkins – “Disarm”
Considerada uma das maiores bandas de Rock Alternativo da história, o Smashing Pumpkins lançou um verdadeiro clássico em 1993. Siamese Dream tem hits como “Cherub Rock”, “Today” e “Disarm”.
Esta útima, segundo Billy Corgan, fala sobre traumas de infância e a relação difícil que ele tinha com os pais quando era criança, em versos como “What’s a boy supposed to do? / The killer in me is the killer in you” (“O que um garoto deveria fazer? / O assassino em mim é o assassino em você“).
Na verdade, todo o álbum foi cercado de pressões, por ser o segundo trabalho da banda. Na época, a maioria dos integrantes enfrentava a depressão, o vício em drogas ou problemas amorosos. Não é surpresa, então, que um hino bem próximo ao Emo como “Disarm” tenha surgido no meio de tudo isso.
Radiohead – “Lucky”
OK Computer dispensa apresentações: lançado em 1997, é tido como um dos maiores álbuns do Rock até hoje. Foi ali que o Radiohead se distanciou das guitarras e letras pessoais para abordar sons mais experimentais e letras poéticas.
No entanto, ainda conta com músicas como “Lucky”, que poderia ser considerada um hino Emo pelo refrão pesado, o clima sombrio e versos duros como “Pull me out of the aircrash / Pull me out of the lake / ‘Cause I’m your superhero / We are standing on the edge” (“Me tire do acidente de avião / Me tire do lago / Porque eu sou seu super-herói / Nós estamos em pé na beirada”).
Biffy Clyro – “Justboy”
Quando surgiu em 2002 com seu álbum de estreia Blackened Sky, a banda escocesa Biffy Clyro definiu perfeitamente o que foi chamado de pós-Grunge. As guitarras distorcidas e os vocais gritados e impecáveis de Simon Neil contrastavam com as letras confessionais.
Sobre a música “Justboy”, o vocalista já deu entrevistas dizendo que foi uma das primeiras que escreveu na vida, inspirado por bandas como Far e Mineral (já citada na introdução desta matéria), consideradas pilares do Emo.
Apesar de ter um refrão marcante, a parte da música que mais se destaca é o final, que depois de um trecho instrumental pesado traz os versos “I am hoping through the dark clouds / Light shall break and bring a bright sky” (“Estou esperando que através das nuvens escuras / A luz se faça e traga um céu claro”).
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