Por Rodolfo Brizoti.
Se você é adepto da corrida, é quase certo que tenha cruzado o caminho do aplicativo Nike+Running. Com ele, não apenas rastreamos nossos progressos físicos, mas também enfrentamos desafios constantes para superar nossos próprios recordes e competir com amigos.
A Nike, famosa por seus tênis e acessórios esportivos, soube transformar a corrida em uma experiência ainda mais gratificante para seus clientes, consolidando-se como parceira e referência no universo esportivo. Essa conexão contínua mantém a marca sempre na mente do cliente quando surge a necessidade de adquirir novos produtos esportivos.
Gamificação da Nike.Fonte: Nike
Este é apenas um exemplo entre muitos outros da gamificação, uma estratégia de marketing que tem conquistado cada vez mais evidência nas ações de empresas de todos os segmentos e em todo o mundo. Na prática, a gamificação envolve a incorporação de elementos de jogos em diferentes contextos e espaços para aumentar o envolvimento de pessoas com uma marca ou produto, seja o público composto por clientes, parceiros ou colaboradores.
Mas vale ressaltar que a gamificação não se limita apenas em criar um ambiente lúdico ou um jogo, seja digital ou analógico. Sua força reside na capacidade de envolver diferentes públicos por meio de desafios e recompensas, uma abordagem que torna a estratégia incrivelmente eficaz. E quando aplicamos essa estratégia no marketing de incentivo, o resultado costuma sempre impressionar!
Em essência, a gamificação se baseia em quatro pilares fundamentais que garantem o engajamento. O primeiro é o desafio, que nos impulsiona a superar nossos limites. No contexto do marketing de incentivo, o foco geralmente recai sobre equipes de vendas, que já têm o espírito competitivo. Ao apresentar desafios atraentes, as pessoas se sentem ainda mais motivadas a se superar.
O segundo pilar são as regras, que asseguram que todos compreendam os desafios e participem de forma adequada na busca por soluções. É importante enfatizar que essas regras devem ser simples e de fácil compreensão. O famoso continha de padeiro é sempre o melhor caminho.
O terceiro pilar é o destaque, afinal, todos gostam de se sentir especiais. Quem já está há algum tempo na internet talvez lembre do Foursquare, uma plataforma que dava medalhas para quem fizesse check-ins nos estabelecimentos, e que depois podiam ser compartilhadas nas redes sociais. Era uma atividade que garantia status, de certa forma, e muita gente gosta de ter esse destaque diante das suas comunidades.
Por fim, o último pilar é a recompensa. Aqui não estou falando só do prêmio propriamente dito, que envolve valor monetário. A recompensa, muitas vezes, também está atrelada ao status e ao próprio jogo. Nos games, conseguir uma nova skin ou um novo badge é uma recompensa, e continua sendo parte da experiência. É possível pensar nesse conceito ao longo da jornada para então chegar no prêmio final.
Nesse contexto, a gamificação é particularmente relevante para campanhas de incentivo que buscam engajar o público a concluir tarefas específicas e alcançar níveis de produtividade e capacitação, ao mesmo tempo em que os fazem se sentir valorizados e reconhecidos como parte fundamental da empresa.
Os elementos da gamificação podem ser embutidos em muitas atividades, como descoberta e acesso a conteúdo, escolha de produtos, ranqueamento de desempenho, aprendizagem e estudo, entre outros. As recompensas também podem ser úteis para motivar os usuários a completarem tarefas específicas, já que, como vimos, elas também fazem parte da jornada e não apenas do final das experiências.
Embora a estratégia não seja nova, a tecnologia aprimorou significativamente sua eficácia ao longo dos anos. Isso se deve não apenas aos jogos digitais e aos ambientes envolventes que os usuários adoram, mas também às métricas avançadas e parametrizações que facilitam a implementação da gamificação.
À medida que avançamos, é provável que surjam mais opções tecnológicas para tornar essas técnicas ainda mais envolventes, especialmente com o uso de inteligência artificial. Afinal, a IA pode contribuir em diversas áreas, desde a otimização de processos e análise de resultados até a criação de histórias e personagens. De uma forma ou de outra, a gamificação continua a impulsionar os resultados.
Os números sustentam essa afirmação, tanto para clientes quanto para colaboradores. De acordo com a plataforma TechValidate, um terço das empresas que adotam a gamificação observa um aumento de 50% nas taxas de registro e conversão. A Snipp, uma empresa global de marketing, relata que a estratégia aumenta a fidelidade do cliente em 22% e o engajamento em 47%.
Para os colaboradores, os dados também são impressionantes. Uma pesquisa da plataforma TalentLMS revela que 88% das pessoas sentem-se mais felizes quando a gamificação é incorporada ao trabalho, e 89% acreditam que se tornam mais produtivas nessas circunstâncias. Isso é válido mesmo para momentos específicos, como treinamentos, onde 83% se sentem motivados quando os treinamentos são gamificados, enquanto 61% se entediam quando não são.
Em resumo, a gamificação engaja e motiva porque oferece recompensas claras e uma jornada divertida para alcançar metas. Em uma era onde a atenção, a conexão e o engajamento de clientes e colaboradores são cruciais, a estratégia de gamificação sem dúvida merece uma análise minuciosa pelos tomadores de decisão das empresas.
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*Rodolfo Brizoti é Sócio e Head de Criação, Planejamento e Content da EAÍ?! Content Experience, agência de live marketing focada em content experience e em inovações na realização de eventos, campanhas de incentivo, promoções, premiações e as mais diversas ativações de brand experience. Já trabalhou com grandes players do mercado, como Whirlpool, Heineken, iFood e Havaianas.