O drama familiar “O Milagre de Tyson” é uma produção com baixo orçamento dirigido e escrito pelo cineasta nova-iorquino Kim Bass. Habituado a filmes no estilo “sessão da tarde”, Bass narra em seu longa-metragem a história de Tyson Hollerman (Major Dodson), um adolescente dentro do espectro autista que decide abandonar o ensino doméstico de sua mãe para entrar em uma escola regular. Então, ele ingressa no ensino médio do colégio de sua cidade, onde terá que enfrentar a maldade e audácia de valentões. Na mesma instituição, seu pai é treinador do time de futebol americano. Bobby (Rory Cochrane), o pai, não está muito convencido de que a escola é o lugar certo para seu filho. Envergonhado pela condição de Tyson e com medo de que isso repercuta negativamente em sua carreira, ele tenta evitar a presença do garoto na local de trabalho.
Bobby é uma figura de pai não muito incomum. Alguém que parece ter aterrissado no cargo paternal sem muita vocação, ele não consegue formar vínculo com Tyler, embora o menino já tenha 15 anos de idade. Suas conversas com o garoto não são espontâneas. O pai aparenta estar sempre de saco cheio quando precisa dar o mínimo de atenção ao filho e, em suas discussões com a esposa, que Tyler consegue escutar através das paredes finas de sua casa, ele admite acreditar que o filho é incapaz de frequentar uma escola ou viver uma vida como um adolescente normal.
Como é de praxe, a mãe, Eleanor (Amy Smart), é a cola entre pai e filho, quem realmente se importa com Tyler e se esforça para que ele tenha uma vida como qualquer outro garoto de sua idade. Seu engajamento na rotina da família, como de qualquer mãe comum, é simplesmente o que mantém todos juntos, fortalecendo o vínculo entre eles. Quando ela descobre que está grávida, Eleanor teme que a nova responsabilidade a sobrecarregue ainda mais, mas acaba aceitando os desafios que a vida lhe impõe.
Além de se deparar como os bullies, Tyler também terá de enfrentar outras dificuldades, como saber quando uma menina é sua amiga ou namorada, aprender espanhol e se dedicar a algum esporte. Após conhecer o maratonista profissional Aklilu (Barkhad Abdi), Tyler descobre uma nova vocação: correr. Com ajuda de Aklilu, ele pretende se preparar para disputar a maratona da cidade.
Um dos problemas que Tyler enfrenta na sua nova empreitada de atleta é ganhar a confiança e a aprovação de Bobby, além de convencer os pais de deixá-lo ser treinado por Aklilu. Após alguns impasses, Tyler, Bobby e Eleanor aprendem valiosas lições que irão uní-los muito mais como família e despertar empatia e intimidade entre eles.
Tecnicamente, algumas atuações deixam a desejar e as filmagens se assemelham com de telenovelas, dando a impressão de filme caseiro, com montagens mal executadas e aparentes mprovisos. A fotografia não é das mais bonitas e alguns diálogos parecem superficiais e até forçados demais. Apesar disso, “O Milagre de Tyson” é uma história inspiradora e que retrata um perfil de família que não é muito difícil de gerar identificação. Um pai desinteressado, uma mãe sobrecarregada e um filho que precisa de mais empatia e confiança.
Filme: O Milagre de Tyson
Direção: Kim Bass
Ano: 2022
Gênero: Drama
Nota: 7/10