Sucesso instantâneo na lista de bestsellers do New York Times, A Outra Garota Negra é uma metalinguística jornada literária onde uma jovem aspirante a editora tenta conquistar o seu lugar em um competitivo ambiente profissional.
Disputando a atenção de seus chefes com uma nova e misteriosa colega de trabalho, ela logo verá sua vida envolta em uma bizarra e perversa conspiração, conforme vai estreitando sua relação com essa carismática e peculiar figura recém-chegada na empresa.
Lançada em 2021, a obra marca a estreia de Zakiya Dalila Harris como escritora. Uma mistura de Corra! com O Diabo Veste Prada, A Outra Garota Negra é uma ótima fusão entre o suspense e um terror psicológico, salpicado por uma comédia sarcástica e ácida. Abordando questões como privilégios, raça e gênero, a história faz um relato instigante sobre as dinâmicas de poder em uma estrutura social corrompida por um histórico de segregação racial.
E em uma entrevista ao CinePOP, Harris falou sobre a oportunidade de adaptar seu primeiro livro para as telinhas, assumindo também a função de co-produtora, ao lado de Rashida Jones. Ao longo do bate-papo, a artista refletiu sobre a riqueza e originalidade do projeto e como o público pode se identificar com a história de Nella.
E se você ainda não conhece A Outra Garota Negra, Zakiya Dalila Harris revela cinco razões para te convencer a assistir a produção agora mesmo na Star+. Confira!
E ainda que parte do alicerce da trama esteja calcado em uma análise sociorracial, a série consegue fugir dos estereótipos batidos usados em tantas produções recentes, que têm abusado das diferenças entre raças de forma enfadonha, pedante e piegas. Aqui, mesmo que as raízes da protagonista Nella sejam extremamente importantes para o corpo do mistério, as reflexões conseguem cruzar a obviedade, não se tornando um palanque político, tão pouco uma guerra clássica de “branquitude vs negritude”.
Para a escritora, “A série é extremamente envolvente em todos os aspectos, principalmente pelo fato de não ser uma história linear. Há um quebra-cabeça a ser montado e a audiência é convidada a tentar responder a pergunta: ‘Quem está assombrando Nella?’”
Um dos grandes trunfos criativos por trás de A Outra Garota Negra é justamente o envolvimento direto da atriz Rashida Jones, que aqui assume a função de co-produtora da projeto. Ajudando Harris a navegar por um cenário até então desconhecido, a aclamada artista consegue equilibrar os gêneros de terror, suspense e comédia, de forma que os roteiros de cada episódio sejam fluídos e ágeis. Para a escritora, a extensa experiência de Jones em Hollywood foi fundamental para garantir que a série tivesse o ritmo certo, sempre mantendo a atenção da audiência.
“Haviam alguns elementos relacionados às mulheres que trabalhavam na editora nos anos 80, mas não sabíamos como incorporá-los na trama contemporânea. Para conseguirmos acertar esse aspecto, tivemos que reescrever os episódios diversas vezes. Fizemos muitas anotações e tivemos uma equipe de roteiristas maravilhosa. E claro, Rashida foi incrível e conseguiu encontrar maneiras de tornar a história compacta e POP. Ela tem uma visão mais fresca e me ajudou a traduzir esse material para um novo formato mais curto e dinâmico”.
Não deixe de assistir:
Para construir a atmosfera corporativa ideal, A Outra Garota Negra bebeu de algumas clássicas fontes do cinema oitentista e noventista, trazendo algumas referências tanto estilísticas, bem como de direção. De acordo com Zakiya, uma das grandes inspirações criativas para contruir um ambiente de escritório mais sombrio e misterioso foi o icônico thriller A Firma, de 1993, estrelado por Tom Cruise.
“Nós vemos muitas comédias que se passam em escritório, mas eu queria que essa série tivesse mais aquele elemento obscuro que vemos em A Firma. A Outra Garota Negra também carrega aquela mesma energia do filme, que nos faz questionar: ‘será que há algo podre aqui?’”, comentou.
Para os fãs de suspense com pouco tempo de sobra, A Outra Garota Negra oferece o tipo de entretenimento certeiro. Com episódios de menos de 30 minutos de duração, a original da Star+ consegue explorar seus arcos com facilidade, sem precisar se extender desnecessariamente. E conforme pontuou a própria autora do livro, a ideia de abordar a trama de maneira mais condensada e sucinta permitiu que o suspense aflorasse em tela com uma agilidade muito maior.
“Essa foi a parte verdadeiramente mais difícil, porque quando se escreve um livro, você tem um espaço muito maior para trabalhar seus personagens. Eu não podia dispender tanto tempo assim abordando a infância de Nella na série. Nós tínhamos muitas paginas para trabalhar ao longo desses episódios de 30 minutos e é por isso que até tivemos que adiantar alguns elementos horripilantes que só aparecem no livro mais para frente, a fm de que conseguíssemos mostrar que tipo de produção essa é, logo de cara”.
Abordando o universo de editoras de livros, a adaptação da obra de Zakiya traz um olhar apurado e sarcástico de um contexto profissional bem particular. Convidando a audiência para uma experiência dinâmica – que se comunica diretamente com o fantástico mundo da ficção literária -, a também produtora da série não chega a quebrar a quarta parede, mas flerta com a técnica por diversas vezes, trazendo a audiência para dentro da trama a partir do terror e do suspense psicológico, vinculados a suas próprias vivências, conforme ela mesma comentou durante a entrevista.
“Trabalhei no ramo de publicações por alguns anos, então muito do que temos no livro e na série é baseado em minhas próprias experiências de ser a única mulher negra naquele espaço. Fui acostumada a transitar por lugares com mais pessoas brancas, então aprendi a conviver nesses dois mundos distintos, sabe? Então muito disso fez parte da construção de Nella, assim como seu desejo de ter alguém com quem ela se identificasse, uma colega de trabalho que fosse negra, que pudesse ser uma aliada ecom quem ela tivesse muitas coisas em comum. Mas claro, na minha mente de escritora, eu amo pensar em todos os caminhos errados que essa nova amizade poderia tomar. Então pensei: ‘Ok, podemos complicar mais as coisas?’ E aí fomos para esse caminho mais horripilante e assustador”, concluiu.
A trama gira em torno de Nella Rogers, uma assistente que trabalha em uma companhia editorial majoritariamente branca na cidade de Nova York que está cansada de ser manipulada e marginalizada como a única garota negra da empresa. Porém, ela fica animada quando uma colega também negra, Hazel, chega – mas será que ela é uma amiga ou inimiga?
Relembre o trailer:
Contando com dez episódios, a produção traz Jordan Reddout e Gus Hickey como showrunners.
Sinclair Daniel, Ashleigh Murray, Brittany Adebumola, Hunter Parrish, Bellamy Young, Eric McCormack e Garcelle Beauvais estrelam.
Rashida Jones, Adam Fishbach, Tara Duncan, Marty Bowen, Wyck Godfrey, Harris, Reddout e Hickey entram como produtores executivos.