O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) será feito neste domingo (5) e no próximo (12). Uma alimentação desequilibrada na véspera das provas pode atrapalhar —e muito!— o desempenho dos candidatos. Estar hidratado, ter uma boa noite de sono e fazer refeições saudáveis no dia e na semana do teste são fundamentais para não se distrair na hora da avaliação.
Além disso, balancear o consumo de alimentos pode maximizar o bem-estar físico e mental nesse momento de grande tensão. Jejuns prolongados, comer demais e dietas milagrosas, entretanto, vão provocar exatamente o contrário disso, alertam especialistas ouvidos pela Folha.
“Estudantes que vão fazer prova do Enem ou qualquer tipo de concurso em geral devem evitar extremos, ou seja, nunca chegar nessas provas em estado de undernutrition, com baixa nutrição, por exemplo, hipoglicêmico, ou acelerados demais”, afirma o nutricionista Ney Felipe Fernandes, fundador da Nutrição Avançada, em Curitiba.
A ingestão de cafeína e energéticos, portanto, deve ser observada para que não atrapalhe o descanso ou aumente a ansiedade. Fernandes destaca que é preciso ter uma boa noite de sono previamente e não tentar nenhuma estratégia radical, como se entupir de nozes um dia antes, porque fazem bem para a memória, e passar mal no dia da prova.
“O ômega 9 das nozes vai fazer bem para a memória no longo prazo. Esse tipo de extremo eu evito também, porque acabo priorizando os alimentos que o paciente tem costume. E manter a estabilidade glicêmica, ou seja, levar sua barrinha de cereal para a prova, levar água, manter-se hidratado”, reforça o nutricionista.
Formada pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e residente em nutrição pela USP (Universidade de São Paulo), a nutricionista Milene Ferroato recomenda não sair muito da rotina no dia da prova e estar preparado para lidar com as condições mais previsíveis.
Como o Enem ocorre na parte da tarde e os portões abrem apenas entre 12h e 13h, por exemplo, o almoço precisa ser feito mais cedo. Os candidatos também precisam estar cientes do possível calor mais forte nesse horário e em muitas escolas não climatizadas no país que sediam o teste.
O melhor, portanto, é escolher uma refeição já conhecida, com arroz, feijão, proteína, legumes e frutas, em uma porção nem muito grande nem insuficiente, capaz de garantir energia sem deixar “pesar” no estômago.
“Há situações em que o estudante tem que fazer um deslocamento grande, então por uma questão de logística, ele talvez não consiga fazer uma refeição dessa forma. Uma ideia interessante é que faça um lanche, se possível preparado em casa, para evitar qualquer risco de contaminação, mas que simule uma refeição, como um pão com peito de frango desfiado ou filé, cenoura ralada, tomate e mais uma fruta”, sugere Ferroato.
Outro fato que pode influenciar e ser pensado antes é o tempo longo da prova. Serão cinco horas de exame, nos quais o consumo energético tende a ser bastante alto e rápido. No dia, portanto, vale dar preferência a uma refeição mais completa e composta, evitando pratos únicos, como massas, que são digeridas muito depressa.
Para uma boa reposição da energia despendida no exame, além de água, a nutricionista recomenda algo que não tenha muito sal ou gordura, como uma barra de cereal ou uma fruta.
“Que tenha chocolate também, mas não pode só comer isso. Alimentos que têm muito açúcar ou muitos farináceos, muitas farinhas de um modo geral, alimentos brancos, dão um alívio imediato, mas aumentam a ansiedade, a inquietação, e podem sobrecarregar muito o metabolismo, a energia cai rápido”, diz Ferroato.
E se ficar agitado demais prejudica, estar calmo ao extremo também. Fuja então de alimentos que dão sono ou tranquilizam como suco e chá de maracujá. “Banana é uma fruta bem interessante porque ela tem bastante triptofano e ajuda a manter um estado de energia melhor”, diz a nutricionista.
A semana antes do exame também requer atenção. “É muito importante a alimentação não ser apenas na véspera e que nesses dias que antecedem a prova não haja modificações no hábito alimentar, com alimentos que não são de rotina.”
A preferência deve ser por uma alimentação feita em casa ou em locais bem conhecidos, que diminuam as chances de contaminação, porque ninguém quer estar doente e com dor em um dia tão importante.
“Evite comer salgadinhos, frituras aquecidas em estufas, alimentos que normalmente sobrecarregam muito o processo digestivo. Evitar também comer poucas refeições. Melhor fracionar menores volumes e mais vezes”, afirma Ferroato.