Tempo vai, tempo vem, e uma coisa que se perpetua a cada era é a existência de doenças. Com os avanços da medicina e da tecnologia, a humanidade pôde compreender melhor os males que a afetam, assim como o diagnóstico, o tratamento e a prevenção.
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No entanto, mesmo diante de tantos progressos na área médica, ainda é possível encontrar registros de enfermidades que marcaram a história mundial. Veja a seguir as doenças antigas que permanecem e podem afetar a população:
Peste negra
• Causas: conhecida também como peste ou peste bubônica, a doença é provocada pela infecção pela Yersinia pestis. Essa bactéria costuma afetar roedores selvagens, como ratos, esquilos e marmotas, e é transmitida por meio da mordida de pulgas de ratos, explica o Manual MSD de Diagnósticos e Tratamentos.
• Auge da transmissão: a peste atingiu seu ápice durante a Idade Média. Segundo arquivos da Prefeitura de São Bernardo do Campo, a infecção bacteriana assolou a Europa entre os anos de 1346 e 1353 e matou cerca de 50 milhões de pessoas.
• Sintomas: os sintomas podem envolver febre de até 41°C, calafrios, inchaço de linfonodos com dor local e vermelhidão (chamados de bubões), frequência cardíaca rápida, queda de pressão arterial, aumento de baço e/ou fígado. Pode haver alucinações. No local da mordida da pulga pode ocorrer a formação de um caroço, ulceração ou crosta negra. Segundo o MSD, mais de 60% das pessoas não tratadas morrem, geralmente entre o terceiro e o quinto dia.
• Diagnóstico: o diagnóstico é feito com isolamento e a identificação da bactéria em amostras de aspirado de bubão, escarro e sangue, afirma o Ministério da Saúde. O diagnóstico rápido é essencial para diminuir o risco de morte.
• Tratamento: o tratamento envolve o uso de antibióticos de forma imediata, de modo que reduza o risco de morte para 11%. É importante que os medicamentos sejam iniciados em até 15 horas após o início dos sintomas. O Ministério da Saúde afirma que os antibióticos recomendados são tetraciclinas, estreptomicina e cloranfenicol.
Rubéola
• Causas: também conhecida como “sarampo alemão”, a rubéola é uma doença altamente contagiosa, causada pelo vírus do gênero Rubivirus, da família Togaviridae. A transmissão ocorre por meio de secreções por tosse, espirros e saliva ao falar.
• Auge da transmissão: de acordo com o Arquivo Público do Governo, houve uma epidemia de rubéola na Europa e nos Estados Unidos entre os anos de 1963 e 1965.
• Sintomas: febre baixa, linfonodos aumentados na região do pescoço, atrás das orelhas e na parte de trás do crânio e manchas avermelhadas pelo corpo.
• Diagnóstico: o diagnóstico da rubéola é feito por meio de exames laboratoriais, que verificam os níveis de anticorpos IgM e IgG para rubéola. Os testes estão disponíveis na rede pública de saúde.
• Tratamento: não há tratamento específico para a rubéola. São utilizados medicamentos conforme a sintomatologia, que são oferecidos integralmente pelo SUS. A prevenção é feita a partir da imunização, com a vacina tríplice viral.
Tuberculose
• Causas: a tuberculose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. A doença acomete principalmente os pulmões, mas pode afetar também rins, meninges e ossos.
A transmissão se dá pela aspiração de gotículas eliminadas na tosse, em espirros ou na fala.
• Auge da transmissão: de acordo com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), a tuberculose é uma das doenças mais antigas do mundo — foi descoberta em 1882. No entanto, ossos humanos da Pré-História encontrados na Alemanha evidenciam a existência da doença no período, assim como registros de 8.000 a.C.
A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo informa que a tuberculose teve grande disseminação na Europa no século 18, quando ficou conhecida como “peste branca” e apresentou alta mortalidade durante a Revolução Industrial.
• Sintomas: tosse por três ou mais semanas, suor noturno, febre no período da tarde e emagrecimento.
• Diagnóstico: no Brasil, o diagnóstico é dividido em testes clínico, diferencial, bacteriológico, de imagem, histopatológico, entre outros. Podem ser solicitados radiografia de tórax, teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB), ou baciloscopia, teste de cultura da bactéria e teste de sensibilidade aos fármacos.
• Tratamento: disponível no SUS, o tratamento dura, no mínimo, seis meses, com o uso de quatro medicamentos — rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol.
Hanseníase (lepra)
• Causas: conhecida anteriormente como lepra, a hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae.
• Auge da transmissão: a infecção é relatada desde os tempos bíblicos. O Ministério da Saúde afirma que a doença é conhecida há mais de 4.000 anos na Índia, China, Japão e Egito. Atualmente, o Brasil é o segundo país com mais casos no mundo e onde a doença é um problema de saúde pública de notificação compulsória e investigação obrigatória.
• Sintomas: o Manual MSD afirma que a multiplicação das bactérias que causam a doença é lenta, de modo que os sintomas não se manifestam no primeiro ano. Em média, são necessários de cinco a sete anos para o início dos sintomas, mas pode levar até mesmo 30 anos para tal.
Na lista de sintomas estão: aparecimento de manchas, variando entre brancas, vermelhas e marrons; alteração na sensibilidade térmica na pele; diminuição de áreas de pelos e suor; formigamento e fisgadas nas mãos e nos pés; caroços no corpo; diminuição ou perda de força muscular no rosto, nas mãos e nos pés; e comprometimento de nervos periféricos.
• Diagnóstico: o problema é diagnosticado por meio de exame físico geral com dermatologista e neurologista para identificar áreas da pele com lesões e alterações térmicas, assim como sensibilidade e comprometimento dos nervos periféricos. Pode-se necessitar da realização de biópsia com a análise de uma amostra da pele infectada.
• Tratamento: é feito com a associação de três antimicrobianos (rifampicina, dapsona e clofazimina), disponibilizados pelo SUS.
Gota
• Causas: popularmente conhecida por meio de um episódio da série americana Todo Mundo Odeia o Chris, a gota é uma doença causada pelo acúmulo de ácido úrico nas articulações devido às altas taxas da substância no sangue. De acordo com a SBR (Sociedade Brasileira de Reumatologia), a maioria dos afetados é de homens entre 40 e 50 anos, com sobrepeso ou obesidade, sedentários ou que fazem uso frequente de bebidas alcoólicas.
• Sintomas: devido à inflamação, ocorre inchaço nas articulações, que acomete principalmente as dos dedões, tornozelos e joelhos. As crises costumam ser desencadeadas pela ingestão de bebidas alcoólicas, principalmente vinho tinto e cerveja, dieta rica em determinados tipos de alimento (em purina, como alguns tipos de carne), trauma físico, cirurgias, quimioterapia e uso de diurético.
• Diagnóstico: o diagnóstico é feito por meio de histórico clínico, exames que identificam níveis de ácido úrico no sangue e na urina e radiografias.
• Tratamento: as terapias para gota incluem remédios para aliviar dores e inchaço provenientes da inflamação; repouso e tala com gelo no local afetado; mudanças na alimentação para diminuir os níveis de ácido úrico; medicamentos para evitar crises e prevenir inflamações; e remédios para diminuir os níveis de ácido úrico.
Escarlatina
• Causas: doença infectocontagiosa, a escarlatina é transmitida por bactérias estreptococos do grupo A, que também causam amidalite, artrite, pneumonia, endocardite, impetigo e erisipela, informa a Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde. A transmissão ocorre por meio do contato com secreções de pessoas infectadas.
• Auge da transmissão: o CRFRJ (Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro) afirma que a escarlatina foi uma infecção comum no século 20, na Inglaterra e no País de Gales, até meados de 1930, época em que foram registrados até 100 mil casos.
• Sintomas: a sintomatologia pode incluir febre; calafrios; dor de garganta intensa; manchas escarlates ásperas na pele; caroços avermelhados na língua, recobertos com uma película branca amarelada que se desfaz e deixa a pele com aspecto de framboesa; papilas inchadas e arroxeadas; mal-estar; falta de apetite; aumento de gânglios no pescoço; dores no corpo, barriga e cabeça; náuseas e vômitos.
• Diagnóstico: o diagnóstico costuma ser clínico, a partir da observação dos sinais, e pode incluir a necessidade de exames de cultura para identificar a presença do estreptococo.
• Tratamento: o tratamento é feito com o uso de antibióticos.
Raquitismo
• Causas: o raquitismo ocorre em bebês e crianças com deficiência de vitamina D. Mães com falta do nutriente dão à luz filhos com a doença.
De acordo com a Fiocruz, houve um grande número de casos de raquitismo na Europa durante a Revolução Industrial.
• Sintomas: dor óssea, baixa estatura, retardo do crescimento, arqueamento das pernas, deformidades ósseas e pseudofraturas.
• Diagnóstico: o MSD afirma que o diagnóstico é feito a partir de exames genéticos, radiografias ósseas, análise dos níveis urinários de fostato e creatinina e exames de níveis séricos de cálcio, fosfato, fosfatase alcalina, 1,25-di-hidroxivitamina D3, PTH (hormônio paratireoideano), FGF-23 e creatinina.
• Tratamento: o tratamento do raquitismo é realizado com a administração de comprimidos de fosfato e calcitriol e com Burosumabe para ipofosfatemia ligada ao X.
Poliomielite
• Causas: a poliomielite é causada pelo poliovírus, que vive no intestino. A infecção, segundo o Ministério da Saúde, ocorre pelo contato com fezes de pessoas infectadas ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes, seja por falta de saneamento básico, seja por más condições habitacionais e higiene pessoal precária.
Nos casos graves, a doença causa paralisia muscular, principalmente dos membros inferiores — levando ao nome de paralisia infantil.
• Auge da transmissão: a Opas/OMS (Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial da Saúde) afirma que, há 30 anos, a pólio paralisou mil crianças diariamente, em 125 países. O Brasil erradicou a doença em 1989 e, em 1994, recebeu o certificado de eliminação da pólio. No entanto, desde 2016 a taxa de vacinação está abaixo da meta de 95%, o que pode afetar o status do país.
• Sintomas: os sintomas podem incluir febre, mal-estar, dor de cabeça, de garganta e no corpo, vômitos, diarreia, prisão de ventre, espasmos, rigidez na nuca, meningite, flacidez muscular, assimetria e deficiência motora súbita.
• Diagnóstico: são necessárias a realização dos exames de cultura de liquor e a eletromiografia, assim como a constatação do poliovírus nas fezes do paciente.
• Tratamento: embora não exista um tratamento específico para a poliomielite, a doença pode ser prevenida a partir da vacina, que deve ser administrada em três doses em crianças com menos de 5 anos.
Coqueluche
• Causas: a coqueluche é uma doença transmissível, causada pela bactéria Bordetella pertussis, que acomete o trato respiratório. Ela costuma ocorrer em três estágios: a fase catarral, com espirros, lacrimejamento, coriza e tosse seca; a fase paroxística, com aumento na frequência e gravidade da tosse; e a fase convalescente, quando os sintomas começam a diminuir.
• Auge da transmissão: a doença costuma durar cerca de sete semanas e é transmitida a partir do contato com secreções de pessoas infectadas (geralmente na fase catarral).
• Sintomas: podem ocorrer febre, coriza, mal-estar, tosse seca, vômitos e dificuldade de beber, comer e respirar.
• Diagnóstico: a identificação da doença é feita por exames de cultura de secreções (PCR) e sorológicos.
• Tratamento: é recomendado o isolamento do paciente, com a utilização de antibióticos (eritromicina ou azitromicina). A prevenção pode ser feita com a aplicação da vacina DPT (contra difteria, pertussis-coqueluche e tétano), com mínimo de três doses.