Com mais de meio século de carreira nas costas, e uma lista interminável de novelas no currículo, a atriz Narjara Turetta, de 56 anos, já passou por altos e baixos ao longo de sua trajetória — como boa parte da classe artística, diga-se de passagem.
Foi o que aconteceu, por exemplo, quando ela decidiu vender cocos próximo à porta de uma estação de metrô, em Copacabana, zona sul do Rio. Na época, não era chamada para trabalhos na televisão e passava por dificuldades financeiras. Precisava trabalhar. Ao lado da mãe, Narjara então decidiu pegar o carrinho para vender a fruta e foi à batalha. Houve estardalhaço. A história rapidamente se espalhou — e, pasmo, na ocasião em que as redes sociais mal existiam.
“[Vender coco na rua me deixou] mais forte, mais preparada, mais guerreira, dona do meu próprio nariz”, resume ela em entrevista ao R7, por telefone.
Mas antes de superar essa má fase, ela precisou passar por situações de constrangimento, como os olhares de pena e as falas supostamente de consolo por pessoas anônimas que passavam na calçada, em frente. E isso a incomodava.
“A impressão que eu tinha é que algumas pessoas me olhavam como se eu fosse menos, do tipo: ‘tá por baixo’ ou ‘é uma pobre coitada, que nunca mais vai voltar’. As pessoas são doentes. Só porque está vendendo uma água de coco ou porque está varrendo a rua, você não é menos do que o outro”, considera.
“Você não pode se deixar abater pela situação. Era o que estava dando o meu sustento. Não é tão absurdo assim. Isso acontece com todo mundo, e cada um sabe onde o calo aperta”, conclui.
Em uma das inúmeras histórias que diz ter acumulado no período está a briga com a mulher de um juiz. Segundo ela, a moça deixava o cachorro fazer xixi e cocô perto da barraca. Em certa ocasião, houve bate-boca, agressão e todos foram parar na delegacia.
“Nós achávamos que ia ficar apenas na esfera criminal, mas ela entrou na Justiça pedindo indenização. A gente se defendeu e, três anos depois, ganhamos. Tiramos R$12 mil dela.”
Agora, passados 17 anos, Narjara decidiu que irá leiloar o carrinho de coco para poder arrecadar fundos e fazer uma peça no teatro.
Hospedagem na casa de Regina Duarte
A estreia de Narjara como atriz ocorreu lá atrás, ainda criança, em 1971, mas o sucesso e o reconhecimento do grande público ocorreria somente nove anos depois, quando participou da série Malu Mulher. Interpretou a jovem Elisa, filha da veterana Regina Duarte.
“A emissora não me dava passagem nem hotel. E foi Regina quem abriu as portas da casa dela na Barra da Tijuca”, conta Narjara, que morou com a sua mãe fictícia, na vida real, por algum tempo.
Ao longo da carreira, ela acumulou vários amigos, e um deles foi a atriz Elisangela do Amaral, morta, aos 68 anos, vítima de um infarto, em Guapimirim (RJ), no início do mês. As duas estiveram juntas pela última vez uma semana antes.
“Foi horrível. Eu abri o Instagram e dei de cara com a notícia. Então, nossa, foi um choque”, ressalta. “Ela havia comentado que, talvez, teria que se mudar, porque tinha problemas respiratórios e o ar dali já não estava mais fazendo bem para ela”, completa, falando sobre o desejo de Elisangela em se mudar para Arraial do Cabo (RJ).
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Longe da TV aberta desde 2019 — quando trabalhou na novela Jezabel, da Record — Narjara agora tem voltado o seu foco para o trabalho como dubladora, que, aliás, a ajudou estabilizar a sua vida financeira. Além disso, ela se prepara para a divulgação de um livro autobiográfico e a realização de um monólogo, este previsto para o ano que vem.
Paralelamente a tudo isso, ela tem feito publicidades em seu perfil no Instagram, que conta com mais de 200 mil seguidores. “São 239 mil”, corrige ela ao repórter, com os números na ponta da língua. Apesar do sucesso, rechaça o estereótipo de “influenciadora”. “Acho meio perigoso isso, porque a gente pode influenciar para o bem e para o mal.”
Narjara: ‘É muito bom a gente ser sozinha’
Aos 56 anos, a atriz que diz ter sido muito “namoradeira” hoje está “quieta e em seu canto”. É solteira e também não tem filhos. Afirma nunca ter encontrado o amor de sua vida — e isso não significa uma frustração, necessariamente.
“Já dei uma quietada, mas pode ser, quem sabe num futuro… a gente nunca pode dizer ‘desta água não beberei’. Mas, no momento, é muito bom a gente ser sozinha. Não ter hora para voltar para casa, não ter que dar satisfação para ninguém, é maravilhoso”, considera.
“Eu tinha o sonho, sim, de me casar, de ter uma família, um companheiro bacana. Um filho para mim seria a coroação, o fruto de um grande amor. Como eu não tive esse grande amor… Mas sou uma pessoa realizada, tranquila, não me arrependo de não ter tido filhos.”
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