Bombas no gramado, choro, carro de Mendoza queimado. Reflexos da noite mais vergonhosa do Santos. Clube, agora, é da Série B – Prisma – Zonatti Apps

Bombas no gramado, choro, carro de Mendoza queimado. Reflexos da noite mais vergonhosa do Santos. Clube, agora, é da Série B – Prisma


São Paulo, Brasil


É a maior humilhação da história do Santos.


No campeonato que a CBF batizou como Brasileirão Rei, em homenagem a Pelé, que morreu no dia 29 de dezembro de 2022, o clube que ele apresentou ao mundo, foi para a Segunda Divisão.


Em plena Vila Belmiro, estádio onde marcou 288 gols, o Santos perdeu para o Fortaleza, por 2 a 1 e foi matematicamente rebaixado.


Pela primeira vez na história.


Mal saiu o gol decisivo, bizarro, de Lucero, que chutou para as redes, com o goleiro João Paulo fora da grande área, aos 49 minutos do segundo tempo. 


O lance consolidava um namoro de três anos, da péssima administração de Andrés Rueda. Com certeza, um dos piores presidentes da história do Santos. Só aumentou as dívidas. Não conquistou um título sequer. E trouxe a agonia de o clube passar de eterno candidato a conquistas a ter a humilde ambição de não ser rebaixado.



Montando times fraquíssimos. 


Com os treinadores sendo trocados de forma absurda.


Desde que Rueda assumiu estes foram os treinadores.


Ariel Holan (12 jogos), Fernando Diniz (31 jogos), Fábio Carille (27 jogos), Fabián Bustos (30 jogos), Lisca (8 jogos), Odair Hellmann (34 jogos), Paulo Turra (7 jogos) e Diego Aguirre (5 jogos).


Marcelo Fernandes comando o time 15 partidas, até a derrota vexatória de ontem.


Bastaria a vitória contra o time cearense e haveria a garantia de permanência na Série A.


Mas o clube não teve competência, preparo psicológico, estratégia.


Quando a bola chutada por Lucero beijou as redes de João Paulo, foi a senha.


Acabou o vergonhoso acordo entre a direção e as organizadas santistas, que prometeram, e apoiaram o clube, até que o rebaixamento se concretizou.


Bombas começaram a ser lançadas para dentro do gramado. Houve várias tentativas de invasão. Jogadores do Fortaleza e o árbitro Leandro Vuaden, com seus companheiros de arbitragem, correram para os vestiários.


Revoltados, torcedores começaram a depredar o que encontravam pela frenta ao redor da Vila Belmiro. Alguns deles sabiam que um dos carros perto do estádio era do atacante colombiano Mendoza. E colocaram fogo no automóvel, que ficou inteiramente queimado.


Outros carros foram depredados, com início de incêndio. Até um ônibus acabou queimado.


Em frente à Vila Belmiro virou ‘praça de guerra’.


Com a Polícia Militar disperçando os arruaceiros com bombas de efeito moral e gás de pimenta.


Jogadores choravam, desesperados, com o rebaixamento.


Enquanto vândalos ameçavam de morte dirigentes e atletas, o coordenador de futebol, Alexandre Gallo, foi o único que deu entrevista, após o rebaixamento.



“Noite histórica péssima. A primeira coisa que temos de fazer é pedir desculpa, com bastante humildade, porque somos um clube desse tamanho, com essa camisa, esse peso, a gente sabe que é uma coisa que marca muito. Não esperávamos que isso fosse acontecer. Fizemos o possível e o impossível para que a gente pudesse pontuar mais.”


Gallo chegou em agosto, substituindo Paulo Roberto Falcão, que pediu demissão, depois de acusação de assédio sexual.


“Tudo dentro da legalidade nós fizemos. Infelizmente, não foi a pontuação necessária. Inicialmente, é isso. Peço desculpas ao nosso torcedor. A nossa mágoa é muito grande, além de gostar muito desse clube. Estávamos à frente de um processo que já estava bem difícil. Recuperamos pontos. Conquistamos alguns pontos importantes, jogos fora de casa, para chegar até aqui e ter nas nossas mãos a condição de defender o clube. Mas infelizmente não aconteceu”, disse Gallo.


Ele tentou isentar a direção do clube. Mas acabou por deixar escapar a falta de qualidade técnica dos jogadores que Rueda contratou.


“O Santos sempre pagou seus salários em dia, nunca teve problema, e não entendia como o Santos não conseguia ter uma equipe técnica de um nível melhor. Porque a camisa do Santos é um atrativo gigantesco. Eu acho que o Santos sempre seria atrativo para qualquer atleta, voltando da Europa, pagando salários em dia. Isso eu não entendi muito.


“Eu acho que é possível ter uma equipe melhor que tínhamos nesse momento vivendo essa realidade que vivemos. Infelizmente essa falta de qualidade nos trouxe a essa situação agora.”


Gallo não ficará no clube.


Assim como Rueda, que encerra de maneira lastimável, sua passagem pelo Santos.


A eleição para presidente acontecerá no próximo sábado.


O clima é de muito medo da reação das organizadas com o rebaixamento.


O primeiro na história do clube.


E de preocupação em relação ao futuro.


Que jogador aceitará atuar em um clube com torcida tão violenta?


Como já se transformou em chavão, nesta madrugada.


Muitos jornalistas de Santos repetem a terrível frase.


“Ainda bem que o Pelé não viu o atual estágio do clube.”

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