O tribunal de Madri, que investiga os quatro torcedores que penduraram um boneco com a camisa do jogador de Vinicius Junior, do Real Madrid, em uma ponte perto da cidade esportiva do clube merengue, abriu um julgamento oral para os acusados de um possível crime contra dignidade e integridade moral e de ameaças.
No despacho, de 11 de dezembro, a que a reportagem teve acesso, o titular do Tribunal número 28 de Madrid propõe julgá-los, em data a definir posteriormente, por um crime contra os direitos fundamentais e liberdades públicas na sua forma contra a dignidade, em conjunto com um crime contra a integridade moral, e por um crime de ameaças incondicionais.
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Condena ainda os quatro réus ao pagamento, solidariamente, de uma caução de 7,8 mil euros — cerca de R$ 41 mil — no prazo de um dia para garantir as possíveis responsabilidades que possam surgir.
O juiz mantém a liberdade provisória dos quatro e os convoca à Justiça no dia 11 de janeiro para informá-los do procedimento.
O magistrado considera formulada a acusação do Ministério Público, que recentemente apresentou um documento no qual pede quatro anos de prisão para os quatro integrantes do grupo ultra Frente Atlético acusados de pendurar o boneco com a camisa do jogador do Real Madrid ao lado de uma faixa com os dizeres “Madri odeia o Real”.
O Ministério Público os acusa de um crime de ameaça e outro contra os direitos fundamentais e liberdades públicas, ao mesmo tempo que exige uma indenização conjunta de 6 mil euros — em torno de R$ 32 mil — pelos danos morais causados ao jogador brasileiro.
O magistrado considera ainda formulada a acusação feita neste caso pela Real Federação Espanhola de Futebol por um suposto crime de ódio por motivos racistas, ou alternativamente um crime contra a integridade moral, bem como a acusação da Liga Nacional de Futebol Profissional pelo mesmo crime de ódio ou, alternativamente, por crime contra a dignidade em concurso com crime contra a integridade ou crime de ameaça.
O Ministério Público explica em sua acusação que, na madrugada de 25 para 26 de janeiro de 2023, os quatro integrantes da Frente Atlético, “posicionados de comum acordo” e coincidindo com a realização do jogo da Copa do Rei que seria disputado no estádio Santiago Bernabéu entre Real Madrid e Atlético de Madrid, se dirigiram a uma ponte da autoestrada M-11 perto da cidade desportiva, “um local que também tem ampla visibilidade para todos os usuários daquela via”.
Chegando lá, “como mostra inequívoca de desprezo e rejeição à cor da pele da vítima e motivados pelo desejo de minar o seu sentimento de tranquilidade”, penduraram com uma corda um manequim tipo boneco inflável com cerca de 165 centímetros de altura, de pele e cabelo preto.
O boneco vestia uma camisa do Real Madrid, com o nome do jogador Vinícius nas costas e com seu número, além de algumas pedras como pesos amarradas com fita isolante no que seriam seus tornozelos.
Além disso, penduraram uma faixa de tecido vermelho com letras suaves com o lema “Madri odeia o Real”, com 12,90 metros de comprimento e 1,70 metro de largura.
Pouco depois, um deles, A.B.R., “como modo de reivindicação e justificativa da ação”, publicou na rede social X, ex-Twitter, uma primeira fotografia da ponte onde apareciam a faixa e o boneco pendurado, que se tornou viral, e posteriormente publicou outra.
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