Até 7 de dezembro, o estado de São Paulo identificou dez casos do sorotipo 3 da dengue. A informação é da Secretaria Estadual da Saúde. Oito estão em Votuporanga, 1 em Valentim Gentil e 1 em Rio Preto.
É importante ressaltar que esse número pode ser maior, uma vez que nem todas as amostras vão para análise e identificação de sorotipo.
Segundo a Prefeitura de Votuporanga, as últimas três confirmações referem-se a uma criança de dez anos, uma gestante de 23 e uma adulta de 41, moradoras nas regiões leste, sul e oeste, respectivamente.
No dia 1º de dezembro, o município já havia confirmado o sorotipo 3 em uma residente na região norte, de 23 anos. Em novembro, haviam sido identificados quatro casos —todas mulheres, de 5, 31, 34 e 46 anos.
As pacientes estão em casa, em bom estado de saúde e sendo monitoradas pela unidade de saúde de referência ou pela Vigilância Epidemiológica.
A amostra de Rio Preto também pertence a uma pessoa do sexo feminino. Ela tem 57 anos e mora na região norte da cidade. O início dos sintomas foi em 28/11, com febre, mialgia, cansaço, dor nas costas e nas articulações. A paciente apresenta comorbidades.
A reportagem fez contato por email e telefone com a prefeitura de Valentim Gentil, mas não houve retorno.
O sorotipo 3 da dengue não causa epidemia no Brasil há 15 anos. O sorotipo 1 e o 2 prevalecem no país atualmente.
As ocorrências de dengue 3 não estão restritas ao estado de São Paulo.
Em novembro, Pernambuco havia identificado 4 casos do tipo 3. As amostras positivas foram confirmadas pelo Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco) e pertencem a três mulheres e um homem que moram num mesmo endereço da cidade do Paulista. Nenhum dos pacientes teve intercorrências graves.
Em maio deste ano, um estudo da Fiocruz havia apontado três casos autóctones do sorotipo 3 em Roraima e um importado no Paraná —a pessoa diagnosticada com a doença tinha vindo do Suriname. As análises indicaram que a linhagem detectada foi introduzida nas Américas a partir da Ásia, no período entre 2018 e 2020, provavelmente pelo Caribe.
Há uma expectativa para a alta de casos de dengue 3 no Brasil em 2024, com possibilidade de epidemia, segundo especialistas e o próprio Ministério da Saúde. A ameaça traz uma preocupação: quem contraiu os sorotipos 1, 2 ou 4 e se infectar pelo 3 pode desenvolver um quadro grave da doença.
O vírus da dengue possui quatro sorotipos. Quando um indivíduo é infectado por um deles adquire imunidade contra aquele vírus, mas ainda fica suscetível aos demais.
“Todo sorotipo novo é preocupante e grave em razão do grande número de infecções secundárias num curto espaço de tempo. A expectativa é sombria”, afirma Kleber Luz, coordenador do Comitê de Arboviroses da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e consultor para arboviroses da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde).