Flávio Ermírio concorre a prêmio da FANTLATAM com longa ‘extremamente colaborativo’ – Zonatti Apps

Flávio Ermírio concorre a prêmio da FANTLATAM com longa ‘extremamente colaborativo’

Primeiro longa-metragem de Flávio Ermírio, ‘A Casa da Árvore’ é um filme feito durante a pandemia e resultado da junção de ideias do elenco, direção e produção

Cinefantasy (Festival Internacional de Cinema Fantástico) celebrou sua 15ª edição com uma programação que incluiu 110 filmes de 20 países, além dos quatro cantos do Brasil, com o melhor do cinema fantástico da atualidade, uma homenagem ao produtor Rodrigo Teixeira e atividades formativas.

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A programação apresentou 14 mostras competitivas, divididas em longas e curta-metragens, nas seguintes categorias: Amador, Animação, Brasil Fantástico, Espanha Fantástica, Estudante, Fantasia, Fantasteen, Fantastic Black Power, Fantástica Diversidade, Ficção Científica, Horror, Mulheres Fantásticas, Pequenos Fantásticos. 


Dirigido por Flávio Ermírio, A Casa da Árvore foi o longa-metragem selecionado para representar o festival na FANTLATAM (Alianza Latinoamericana de Festivales de Cine Fantástico). A locação, que fica em Monte Verde, Minas Gerais, inspirou o título e o roteiro do filme. Confira sinopse:

Dora, uma bióloga de 45 anos, mora sozinha em uma casa isolada, onde realiza uma pesquisa eticamente questionável. Procurando um parceiro em quem possa confiar, ela contrata um novo cuidador, Mateus, sem perceber que ele também está escondendo seus próprios segredos. Aos poucos, os dois vão se aproximando e Mateus finalmente descobre mais sobre a pesquisa de Dora: a compostagem humana. Mateus, que se candidatou ao emprego em busca do pai, que acredita ter trabalhado na casa antes de desaparecer sem denunciar, confronta Dora, mas ela consegue atraí-lo como presa para seu escritório, na Casa da Árvore.

Segundo Ermírio, o longa “não parte de uma premissa, ele parte mais de um encontro entre amigos, de um desejo de fazer algo durante a pandemia”. Franz Keppler transformou a ideia de Pedro Bosnich em roteiro e, em 2021, o cineasta sugeriu que a equipe do filme se reunisse, cumprindo o isolamento exigido pelo Covid-19, para produzir A Casa da Árvore em pouco menos de duas semanas. O orçamento de cerca de US$ 40 mil e o desejo de voltar para as filhas pequenas o mais rápido possível motivaram a aceleração do processo de produção.

Elenco

Bosnich e Cristiane Wersom, que protagonizam o longa-metragem, estrelaram juntos a peça O Bosque Soturno, cuja montagem foi baseada no texto de Neil Labute, teve direção de Otávio Martins e tradução de Ermírio

“Foi extremamente surpreendente”, disse Flávio sobre dirigir Wersom pela primeira vez. Apesar de terem trabalhado na mesma peça, o diretor foi produtor e assistente de direção em temporada da qual a atriz não participou.

Conhecida pela comédia — como integrante do grupo As Olívias, por exemplo —, Cris se destacou também no suspense que envolve A Casa da Árvore. Não à toa, ela recebeu o prêmio de melhor atriz na 11ª edição do Chelsea Film Festival, em Nova York, onde o filme foi exibido em 15 de outubro.

A minha pergunta era essa: será que a gente vai conseguir trazer uma linguagem mais do cinema para essa interpretação dos dois? O Pedro está acostumado a fazer cinema, a Cris um pouco menos, principalmente atrás de papéis dramáticos. Mas foi uma delícia [trabalhar com Pedro e Cris], porque eles são muito talentosos. A Cris tem a habilidade de construir a personagem, um entendimento de arco de personagem, das nuances… Foi um privilégio, não só dirigir a Cris. O Pedro é um ator que admiro muito. […] Ter dirigido Leonardo Miggiorin, que marcou minha geração, vendo ele na televisão, e a Rosi Campos… Meu primeiro longa com atores desse calibre… Depois Aninha Kraut e Rodrigo Scarpelli.

Cena de ‘A Casa da Árvore’ (Foto: Divulgação)

Não há limite de idade para conquistar sonhos, mas Flávio notou que, com apenas 34 anos, pôde dirigir profissionais com uma carreira mais longa que sua própria vida: “Antes de começar a pensar no cinema, essas pessoas já estavam fazendo isso. Me senti muito respeitado, muito ouvido”. Rosi Campos, por exemplo, já estrelava uma telenovela da Rede Globo em 1973. A atriz também ficou conhecida por interpretar Morgana no programa Castelo Rá-Tim-Bum, que estreou na televisão em 1994.

Ermírio pontuou que seu “jeito de trabalhar é muito colaborativo” e, portanto, todos foram contemplados na construção do filme. Cris Wersom levou “muito suporte para construir sua personagem”, enquanto Manuela Berlanga, na assistência de direção, levou a paixão por cinema de suspense para o longa-metragem. “Temos várias referências em comum”, contou o diretor sobre Berlanga.

A visão de mulheres sobre o filme foi muito importante para que Dora saísse do papel. Interpretada por Wersom, a personagem é retratada de uma maneira pouco convencional para os filmes de gênero: uma mulher psicopata. “Tive muito apoio da Manu e da Cris para desenhar melhor essa personagem depois que o Franz escreveu a história”, lembrou Ermírio. “Cris e eu acabamos reescrevendo muito do roteiro durante as filmagens. Ela entrou para mexer também em alguns discursos finais.”

Ana Kraut e Rodrigo Scarpelli também foram peças fundamentais para conferir profundidade à narrativa. Os dois deram vida a cenas de flashback sem diálogo algum, mas que representam como o passado reverbera sobre Dora. A intimidade entre o elenco e a direção permitiu que as filmagens fossem conduzidas da forma mais confortável possível e no limite do necessário: “A gente teria que achar essa medida, que seria algo muito mais indicado do que explícito”, refletiu Flávio.

Cris Wersom e Ana Kraut em ‘A Casa da Árvore’ (Foto: Divulgação)

O diretor fez questão de reafirmar: “Foi extremamente colaborativo”.

Exibição no Brasil

Após ser exibido em diversos festivais fora do país, A Casa da Árvore ganhou finalmente a oportunidade de ser exibido no Brasil, por meio do Cinefantasy

Deu muito orgulho. É uma honra poder fazer parte desse festival, dessa programação, conhecer outros cineastas… Acho que isso consolida também a nossa hipótese lá no começo de que, se a gente fizesse um filme de gênero, seria uma escolha acertada que seria uma aventura nova. É o meu primeiro filme de suspense. Nunca dirigi nada nesse lugar, então acho que traz uma certeza de que a gente fez escolhas certas, que o filme dialoga com o público dele, né? Ele entrou no festival que era para entrar. Foi uma das grandes vitórias e alegrias que a gente poderia ter no começo da carreira. Espero que tenhamos muitas outras alegrias ainda, mas essa realmente foi muito importante para mim e para toda a nossa equipe, que está muito motivada, super empolgada de ver o filme no MIS, ainda em uma sala tão especial e emblemática. – Flávio Ermírio

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