Na madrugada deste sábado (13), os participantes do BBB24 Rodriguinho, 45, Nizam, 32, e Vinicius Rodrigues, 29, decidiram fazer comentários sobre a aparência de Yasmin Brunet, 35.
Um falou que não gostava de loiras, enquanto outro afirma que ela não é loira de verdade. O outro diz que ela “já foi melhor, mas hoje está mais velha”, mesmo assim ressalta que ela tem um rosto bonito. Até que alguém diz que acha o corpo dela estranho e, pior fim, destacam que ela “largou mão”, comendo dois pacotes de biscoito com requeijão.
Yasmin, não é preciso detalhar muito aqui, é uma mulher linda, jovem e totalmente dentro dos famosos padrões: branca, alta, magra. Por isso, a princípio, esses comentários podem espantar: se falam isso de uma mulher assim, imagina o que falam de nós, mulheres “normais”.
Mas não importa o quanto uma mulher esteja dentro dos padrões, sempre haverá um homem falando mal, analisando, “não está tão boa como era”, “já foi melhor”, “precisa emagrecer”, “precisa engordar”, como se ela fosse uma mercadoria na prateleira de um supermercado, esperando que alguém a leve para casa.
Um detalhe que não pode ser deixado de lado nessa conversa entre o atual líder do BBB e seus colegas é que eles analisam a mulher por partes, como cortes de carne no açougue. Mas em vez de filé mignon, fraldinha, picanha, é o rosto, o corpo, o cabelo, o comportamento.
Isso, sem esquecer, claro, que Yasmin já foi alvo de Maycon, 35, e Lucas Luigi, 28, que comentaram sobre suas roupas e que tinham receio de ficarem perto da sister e não conseguirem controlar seus olhares.
Não preciso dizer o óbvio aqui, que esses são comentários machistas, misóginos e, no mínimo, flertam com a cultura do estupro.
Mas aprofundando um pouco o debate, bem pouquinho mesmo, o que se percebe é que homens —sim, homens, não tem nenhum menino ali, o mais jovem tem 28, então não venha com a história de que “estamos aprendendo”— se sentem à vontade para avaliar uma mulher “por pedaços”, isso tudo numa casa com dezenas de câmeras, com milhões de pessoas assistindo.
Como se a mulher tivesse que se vestir, se comportar —onde já se viu comer dois pacotes de biscoito!?— e até ter uma determinada aparência para agradar a esses homens. Afinal, na cabeça de homens assim, essa deve ser a única meta na vida de uma mulher. “Está com uma roupa curta assim pra quê? Para chamar a atenção!”, “Se sabe cozinhar, já pode casar”, são falas recorrentes.
Ainda bem que nós, mulheres de 20 ou 70 anos, estamos cada vez mais atentas a esse tipo de machismo, pois sabemos que o único objetivo é desdenhar das nossas aparências e das nossas atitudes para nos sentirmos inferiores e insuficientes.
Esse é um mecanismo muito comum de homens inseguros e, porque não, recalcados: falar mal e apontar defeitos até que o jogo vire e aquela mulher tão linda, tão segura, seja desumanizada, “sem valor”, e comece a questionar a si mesma sobre suas qualidades, a ponto de ficar com um homem assim, raso e frágil.
Em resumo, é o típico discurso do homem incapaz que precisa sentir que está no controle. Mesmo que nunca tenha estado.
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