Recentemente, acadêmicos da Pontifícia Universidade Católica do Peru esbarraram em um grande problema.
Durante estudos econômicos e sobre o uso do dinheiro pelo povo peruano ao longo dos séculos, eles se depararam com uma moeda que não deveria ter sido cunhada.
Estamos falando de um objeto que representava 10 centavos peruanos, que, naquele tempo, era conhecido por todos como ‘dinero‘.
Os estudiosos receberam alguns exemplares de comerciantes locais e, à primeira vista, os itens pareciam perfeitos, mas havia um pequeno problema que faria toda a diferença.
Todas as unidades possuíam a data de 1899, e nesse ano a Casa da Moeda do país não fabricou nenhuma peça com este valor.
Dessa forma, os achados foram enviados ao laboratório de química da instituição para uma análise mais detalhada de seus componentes, e os resultados foram esclarecedores.
Mistério da moeda foi solucionado?
Unidades falsas obtidas pelos pesquisadores – Imagem: Pontifícia Universidade Católica do Peru/Reprodução
Após elaborados testes, descobriu-se que os cientistas estavam diante de falsificações. Como foi dito antes, a olho nu, a moeda parecia verdadeira, pois tinha o mesmo tamanho, cor e demais características de um exemplar original.
Mas, quando os objetos foram expostos a uma sessão de raio-X e a algumas medições de luz, descobriu-se que eles eram compostos de cobre, zinco e níquel, que juntos formam uma liga denominada prata níquel. Resumindo, ela é parecida com a prata, mas não possui nada dela.
Segundo os especialistas, este tipo de metal é largamente utilizado para a confecção de talheres, mas não para cunhar moedas oficiais, uma vez que a Casa da Moeda do Peru só trabalha com prata pura.
Os resultados mais detalhados dos estudos foram publicados na revista Heritage Science, porém ainda ficaram pontas soltas na história. Por exemplo: ainda não se tem ideia de quem possa ter feito essas falsificações nem dos motivos para isso.
Os pesquisadores planejam buscar auxílio de um colecionador que possui um grande acervo com diversas moedas datadas a partir de 1830, a fim de ter acesso a outras unidades de dinheiros de 1899.
Seguidamente, também se planeja atuar junto com historiadores na resolução do caso. Logo, até o momento, a resposta mais aceitável para a existência das peças reside no momento econômico pelo qual o Peru passava naquele período específico.
O país acabava de ser derrotado na Guerra do Pacífico e precisava pagar uma grande quantidade de empréstimos internacionais contraídos para financiar o conflito.
Portanto, o governo estava mais preocupado em realizar a emissão de notas bancárias de papel.
Por fim, a teoria mais aceita é que algum golpista se apropriou da situação para confeccionar objetos de baixo valor, que circulavam mais facilmente entre pessoas pobres, principalmente em feiras livres.
Assim, ele teria lesado muitos incautos de forma mais facilitada.